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Livro 'sincero, franco e definitivo' de Emílio Odebrecht omite a corrupção de seu ex-império

Emílio Odebrecht

Com o propósito de "trazer a verdade" e dar "um testemunho sincero, franco e definitivo", Emílio Odebrecht escreveu um livro. Pretende publicá-lo ainda no período eleitoral. São quase 400 páginas em que não admite um caso sequer de corrupção cometido pela Odebrecht (fala em "erros", mas não os especifica: "Não os nego: existiram e foram vários").

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No máximo, em uma solitária frase, fala de corrupção da Petrobras, mas sem uma segunda sentença para detalhá-la: "Quando revelo que sob o prisma financeiro a operação foi um tormento para o Brasil não quero eximir envolvidos e nem afirmar que não houve corrupção na Petrobras".

Aproveita ainda para defender Lula, o líder das pesquisas e, quem sabe, futuro presidente, com quem conviveu "por mais de 30 anos" ("Ao longo destes anos todos, jamais pediu ou tratou comigo de qualquer assunto de interesse pessoal ou privado").

Mais da metade do livro, como seria esperado, é gasto para defender seu ex-império da devassa que sofreu na Lava-Jato. Emílio nega a validade das delações que escancaram o esquema aterrador de corrupção que vigia nas relações entre a empreiteira e o poder público: "Acreditem: todas as delações continham exageros ou vieses que não correspondiam aos fatos".

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Neste ponto, claro, só livra a cara de sua própria delação. Nesta, não mentiu ou exagerou, segundo ele: "Sim, eu colaborei com a Justiça, mas sem endossar ou assumir ilícitos inventados pelos procuradores. Isso não".

No livro não existe as palavras superfaturamento de obras ou propinas. Emílio não admite a existência do famoso "departamento de relações estruturadas". Reconhece tão somente o caixa 2 para políticos.

Mas especifica que contribuía apenas para aqueles candidatos com os quais tivesse "alguma identidade entre seu ideário e o nosso no que tange à construção de um país mais justo".

Neste tópico, certamente por falta de espaço, não cita os políticos que receberam da Odebrecht, como Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Sergio Cabral, entre dezenas de outros preocupados com a "construção de um país mais justo".

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