Malu Gaspar
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Por Johanns Eller


O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) faz mediação de conversa entre Bolsonaro e irmãos de Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu (PR) — Foto: Reprodução
O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) faz mediação de conversa entre Bolsonaro e irmãos de Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu (PR) — Foto: Reprodução

Foi um dos mais polêmicos seguidores do presidente da República, que já chegou a ser preso no inquérito dos atos antidemocráticos, que fez a ponte entre Jair Bolsonaro e parentes do tesoureiro do PT assassinado em Foz do Iguaçu (PR) por um bolsonarista.

O blogueiro Oswaldo Eustáquio, que também é do Paraná, é próximo dos irmãos de Marcelo Arruda, e fez chegar a Bolsonaro ainda na noite de segunda-feira de que os familiares do petista eram simpatizantes do presidente da República.

A informação foi confirmada à equipe do blog pelo deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que mediou a conversa entre o presidente e dois irmãos de Arruda.

O petista, que chegou a ser candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu, foi executado a tiros pelo agente penal Jorge Guaranho, apoiador de Bolsonaro, durante sua festa de aniversário de 50 anos.

Em entrevista por telefone, Otoni contou ter recebido a informação de Eustáquio, que vive no Paraná.

“Quando ele me avisou (que conhecia os irmãos), repassei ao Bolsonaro. O Eustáquio é conhecido deles, até por serem apoiadores (do governo). O presidente já queria se solidarizar com a família, mas não via até ali como fazê-lo por conta da polarização política. Quando se soube que era uma família mais 'plural', ele se sentiu mais acolhido a procurá-los”, afirmou Otoni de Paula, que é vice-líder do governo na Câmara.

Influente no meio bolsonarista, Oswaldo Eustáquio concorrerá a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Paraná. Hoje em liberdade, ele já foi preso em três ocasiões nos inquéritos que apuravam os atos antidemocráticos e as chamadas milícias digitais. Também chegou a pedir, sem sucesso, asilo político no México junto do caminhoneiro Zé Trovão, outro alvo do Supremo Tribunal Federal.

O blogueiro, no entanto, não participou da conversa entre Bolsonaro e familiares de Marcelo Arruda na última terça-feira.

Segundo Otoni de Paula, o próprio Bolsonaro pediu a ele que fosse a Foz do Iguaçu e fizesse uma chamada de vídeo com o presidente na presença dos irmãos da vítima.

Na ligação, Bolsonaro voltou a culpar a esquerda pela violência política no Brasil e chegou a sugerir que os parentes participassem de uma coletiva de imprensa em Brasília com sua presença para "mostrar o que aconteceu". O presidente declarou ainda que "nada justificava" o crime.

Segundo o deputado, Bolsonaro pediu que fosse ele e não um outro parlamentar a visitar a família Arruda porque, embora seja do Rio de Janeiro, Otoni é pastor evangélico e saberia lidar com a situação. O parlamentar é um dos mais inflamados defensores do presidente no Congresso e é visto por Bolsonaro como um cumpridor de missões.

Em abril, ao discursar na Câmara, ele sugeriu que militantes do PT fossem recebidos "a bala" após Lula defender, em um evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que apoiadores da legenda pressionassem parlamentares em suas residências. "No Rio de Janeiro a gente tem um método de tratar bandido. Lá é na bala. Se visitar minha casa vai ser na bala, está me ouvindo? Na bala, seus vagabundos", declarou.

Apesar de alguns receios a respeito de como a iniciativa da ligação seria recebida no núcleo político da campanha bolsonarista, a ligação de Bolsonaro para os familiares de Arruda está sendo avaliada como positiva do ponto de vista eleitoral.

"Ele reverteu a pauta da imprensa e mostrou que até na família do militante petista havia bolsonaristas. Ajuda a demonstrar que não há intolerância da parte do presidente", diz um aliado de Bolsonaro no Congresso.

A ação também foi vista como uma forma de encorpar o esforço das equipes de redes sociais do presidente, que vinham buscando uma forma de desassociar a sua imagem do crime praticado por Guaranho.

Teria ajudado, também, a dispersar a atenção sobre uma fala do próprio Bolsonaro horas antes, quando ele disse a apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada que Guaranho foi atacado por petistas quando estava no chão. Bolsonaro disse que se o assassino morresse em decorrência de um traumatismo craniano, "esses petistas vão responder por homicídio". O presidente deixou de mencionar que Guaranhos foi chutado depois de já ter dois tiros e matado Arruda.

Mas nem todos os familiares de Arruda ficaram satisfeitos com a abordagem. Em entrevista à colunista do GLOBO Bela Megale, a viúva de Arruda acusou o presidente de fazer uso político da situação.

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