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Governo

Bolsonaro lança pacote de bondades para sepultar crise do 7 de setembro

O presidente Jair Bolsonaro com o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e os ministros João Roma e Anderson Torres ao fundo

Por Malu Gaspar e Mariana Carneiro

A linha de crédito habitacional para policiais lançada nesta segunda-feira pelo governo federal é a primeira de um pacote de bondades que começou com a previsão de R$ 5 bilhões de desembolso pela Caixa, mas que ainda terá outras medidas divulgadas nesta semana – e que não só podem ajudar o governo a sepultar a crise do 7 de Setembro, como fornecer uma plataforma eleitoral vistosa a Bolsonaro e seus ministros. 

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Só na cerimônia de lançamento do programa para policiais, por exemplo, falaram três ministros, todos potenciais candidatos em 2022: João Roma, da Cidadania, Anderson Torres, da Justiça, e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. Em seu discurso, Roma  aproveitou para bater nos adversários que enfrentará na disputa pelo governo da Bahia. “Lugares como a Bahia e o Ceará, governados pelo PT, não corresponderam com a gestão eficaz na área de segurança pública.”

Nesta segunda, Bolsonaro sancionou ainda projeto que inclui automaticamente famílias de baixa renda na tarifa social de energia elétrica. Até o fim desta semana, sexta-feira, o presidente ainda vai anunciar o aumento no valor máximo dos imóveis financiados pelo Casa Verde Amarela, um seguro para evitar que obras fiquem paradas e a redução nas taxas de juros do crédito habitacional com recursos do FGTS.  

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A grande âncora das medidas é a Caixa Econômica Federal, que vai coordenar a distribuição do crédito para os policiais, o Habite Seguro, vai reduzir os juros imobiliários e é a principal fonte de recursos do programa habitacional do governo, já que é a responsável pela gestão do FGTS. 

O banco, presidido por Pedro Guimarães, ainda vai lançar mais um programa para correntistas inscritos no Caixa Tem, o programa de microcrédito social, com um volume inicial de R$ 10 bilhões para empréstimos de pequeno valor, com baixas taxas de juros. A Caixa tem 100 milhões de pessoas inscritas no aplicativo que foi criado para distribuir o Auxílio Emergencial, mas que virou uma espécie de "banco dentro do banco" para clientes que giram até R$ 5.000 mensais. 

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Ao contrário do ministro da Economia, Paulo Guedes, que vem sendo cobrado há meses para encontrar uma fonte de recursos para o Bolsa Família, Guimarães tem sido celebrado internamente pelos ministros e por Bolsonaro. 

Além do discurso que fez na solenidade de lançamento do programa habitacional, no Palácio do Planalto, o presidente da Caixa também gravou um vídeo amplamente distribuído nos grupos bolsonaristas no WhatsApp e no Telegram com a provocação: “Dorme com uma notícia dessa… tem turma que fica maluca”.

 “Pessoal, acabamos de anunciar um lucro recorde para a Caixa. Mas por que esse lucro existe? Nós hoje não temos corrupção. Não existe aquilo que houve no passado, inclusive com pessoas sendo presas”, disse Guimarães.

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Assim como Roma, Torres e Marinho, Guimarães também deve ser candidato em 2022. No momento, o que mais se fala no entorno de Bolsonaro é que ele deve se candidatar ao Senado, por Brasília ou pelo Rio de Janeiro. Mas dentro da Caixa, o que se ouve é que ele alimenta a esperança de ser vice na chapa de Bolsonaro na tentativa de reeleição em 2022. 

Nos últimos meses, Guimarães tem percorrido o Brasil lançando programas e divulgando iniciativas da Caixa junto com Jair Bolsonaro. A última viagem com o presidente foi para Pernambuco, no início de setembro, onde ele inaugurou uma escola da Orquestra Criança Cidadã, que é patrocinada pela Caixa.

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Dias antes, o executivo acompanhou o presidente numa visita a Goiás, de onde ligou para os presidentes de bancos para ameaçar com a perda de negócios com o governo, caso assinassem o manifesto pró-democracia que estava sendo articulado pela Fiesp com o apoio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O manifesto acabou adiado, mas em princípio a Febraban não retirou seu apoio. Só depois do 7 de setembro e com o texto já desidratado a federação retirou sua assinatura. 

Depois disso veio a crise do 7 de setembro e Guimarães submergiu. Voltou agora, com seus bilhões. 

 

 

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