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Eleições 2022

Bolsonaro não quer briga com artistas

A cantora Anitta e o cantor Zé Neto, dupla sertaneja de Cristiano

Se depender da estratégia jurídica desenhada pela equipe de campanha de Jair Bolsonaro, o presidente da República vai evitar se envolver diretamente em polêmicas com artistas – como, por exemplo, a guerra política entre a cantora Anitta e os sertanejos Zé Neto e Gustavo Lima, cujos shows seriam pagos com recursos públicos destinados a outros fins. 

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Bolsonaro decidiu que, mesmo que processe Lula e o PT por propaganda eleitoral antecipada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não incluirá os artistas que eventualmente declararem apoio ao petista.

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A estratégia foi colocada em prática já na semana passada, quando o PL – partido do presidente – entrou com as primeiras ações contra Lula no TSE por propaganda eleitoral antecipada.

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Um dos casos mira o evento promovido por centrais sindicais no Dia do Trabalhador, quando a cantora Daniela Mercury usou o palco do evento, em São Paulo, para fazer campanha para Lula.

Na ocasião, Daniela disse que aquela era a primeira vez na vida que fazia campanha política “a favor de quem eu acredito”, em referência a Lula. A cantora também segurou uma bandeira vermelha com o rosto do petista.

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“Quem não votar pra Lula vai estar votando contra os trabalhadores, contra os artistas, contra o país, contra a Amazônia", disse Daniela na ocasião. 

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Na ação, o PL pediu que o partido fosse condenado, e que os vídeos do evento fossem retirados do ar -- mas não processou a cantora.

A decisão foi tomada depois que a cúpula da campanha bolsonarista concluiu que a ação movida contra o festival Lollapalooza por conta da manifestação política da cantora Pabllo Vittar a favor de Lula foi um "tiro no pé. Na ocasião, o ministro do TSE Raul Araújo decidiu proibir manifestações políticas de cantores no evento. 

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A censura surpreendeu integrantes do TSE, que ameaçaram nos bastidores derrubar a liminar do colega. Sob forte bombardeio da opinião pública, Araújo revogou a própria decisão – e o caso acabou arquivado.

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A novela Lollapalooza também serviu para aprofundar o desgaste do atual ocupante do Palácio do Planalto perante o público jovem – na faixa de 16 a 24 anos, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro é de 58% a 21%, segundo a última pesquisa Datafolha.

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Interlocutores de Bolsonaro ouvidos reservadamente pela coluna avaliam que Bolsonaro não quer passar a imagem de “censor da classe artística”. 

Isso porque ele mesmo tenta se colocar no debate público como um incansável defensor da liberdade de expressão – no caso, de fake news, discursos golpistas, ataques infundados às urnas eletrônicas, ameaças contra a democracia e por aí vai.

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Além disso, se o presidente da República lançar uma nova cruzada contra artistas que declararem apoio a Lula, também pode dar munição para que o PT dê o troco para contestar o apoio de sertanejos à reeleição do mandatário.

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A lista de artistas — brasileiros e estrangeiros — que incomoda o atual ocupante do Palácio do Planalto é extensa. 

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Em 2018, a campanha de Bolsonaro acionou o TSE contra a turnê do cantor Roger Waters, do Pink Floyd, que aderiu à campanha do “Ele não”— o músico projetou a icônica mensagem contra o então candidato do PSL durante apresentação em São Paulo. 

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Na época, a defesa de Bolsonaro alegou que Roger Waters colocou em prática “ostensiva e poderosa propaganda eleitoral negativa” em sua turnê pelo país. O argumento não convenceu os ministros do TSE, que arquivaram a ação por unanimidade. 


 

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