Caetano Veloso emergiu da quarentena forçada pela pandemia com uma turnê pela europa, um disco todo de músicas inéditas e o lançamento de uma canção de forte conteúdo político, “Anjos Tronchos”. O sucesso foi imediato. O clipe já tem mais de 1,5 milhão de reproduções no YouTube. Na música, que ele mesmo define como um desabafo, Caetano fala do desconforto com o mundo dominado por “líderes palhaços” que emergiu da nova lógica dos algoritmos e da tecnologia.
Neste episódio de A Malu Ta ON, Caetano rememora as reflexões que o levaram a escrever a música, e admite que ela faz um alerta sombrio sobre as tensões que hoje ameaçam a democracia.
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Para ele, as manifestações bolsonaristas do feriado da independência representaram a “celebração do ressentimento” da direita, em relação a um progressismo que sempre teve mais prestígio nos meios intelectuais. "A gente vive sob a ameaça daquelas coisas, porque o recuo (que veio depois com a carta de Bolsonaro) é estratégico, para poder permanecer."
Mas Caetano não se dá por vencido, e oferece uma perspectiva diferente da média. “Os conservadores eram chamados de maioria silenciosa. Terem que deixar de ser silenciosos significa muito. Significa que tudo está mudando, vai mudar. A capacidade real de conservação deles como grupo está ameaçada. Eles já precisam não ser mais silenciosos. Isso é uma demonstração de fraqueza inelutável”.
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Na conversa com Malu Gaspar, Caetano também fala sobre ataques que sofre do bolsonarismo, os dilemas da indústria musical em tempos de streaming e como passou a lidar com críticas ao longo da carreira.
Sempre conduzido pela jornalista Malu Gaspar, o A Malu Tá ON traz entrevistas sinceras e diretas com gente que está fazendo a história acontecer. O programa está disponível toda sexta-feira, a partir das 12h, na página de Podcast do Jornal O Globo, no Spotify, no Apple Podcasts, na Amazon Music, no Google Podcasts, no Deezer ou em qualquer outro agregador.