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GOVERNO

Depois de desistir de Petrobras, presidente do Flamengo foi para a Espanha com Carlos Suarez

Bolsonaro e Rodolfo Landim

Ao desistir da indicação para comandar o conselho de administração da Petrobras por Jair Bolsonaro, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, disse que precisava dedicar mais tempo e atenção ao time.

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"Os últimos acontecimentos me demonstraram a necessidade de termos todos nós o compromisso de um grau ainda maior de dedicação e foco ao Clube", ele justificou em uma nota oficial, referindo-se à perda do título de campeão carioca para o Fluminense, no último sábado. 

Na madrugada de segunda (4), porém, a equipe do Flamengo viajou para Lima para se concentrar para o jogo da Libertadores contra o Sporting Cristal, previsto para esta noite. Mas o presidente do clube não foi junto. 

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Segundo apurei, Landim foi para a Espanha com o empresário e  amigo Carlos Suarez, justamente foco dos conflitos de interesse que causaram constrangimento no Ministério das Minas e Energia e na própria Petrobras. 

Nos últimos dias, ele disse a diretores do Flamengo que tinha um compromisso particular inadiável e que por isso precisava viajar. Ainda assim, não tirou férias. Ontem, participou remotamente da reunião de diretoria do clube. 

Landim e Suarez foram procurados, mas não responderam às mensagens a respeito da viagem. 

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A informação que obtive com um funcionário de Suarez na Espanha são de que o empresário e Rodolfo Landim chegaram à vila e já partiram em um passeio pelos arredores até a próxima quinta-feira. Os dois são apreciadores de vinhos, e a região é pródiga em vinícolas.

Suarez é sócio de oito distribuidoras de gás no Brasil e, nessa condição, é cliente da Petrobras.

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Entre os interesses que ele tem na empresa está uma negociação confidencial entre a Cigás, do Amazonas,e  a Petrobras. Os jurídicos das duas companhias trabalham em um acordo para o encerramento de todas as brigas judiciais em curso entre elas.  

Não há estimativa formal dos valores envolvidos, mas fontes familiarizadas com as questões em discussão estimam que não serão menores do que R$ 1 bilhão e podem chegar a até R$ 8 bilhões. 

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Depois de Landim, o indicado de Bolsonaro para a presidência da empresa, Adriano Pires, também desistiu de aceitar o convite de Bolsonaro para presidir a Petrobras. 

Pires, que é economista e consultor, presta serviços a várias empresas do setor, incluindo as de Suarez,  do empresário Rubens Ometto, e também para a associação das distribuidoras do Brasil.

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Já o presidente do Flamengo é amigo de décadas de Suarez, que tem uma propriedade na província de Pontevedra, na região Galícia, local de origem de seus pais.  

Procurado, o diretor de comunicação do clube, Bernardo Monteiro, disse que  não sabia onde Landim estava e informou que a viagem do presidente do clube é de caráter particular.

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As indicações de Landim e Pires já eram alvo de questionamentos dos minoritários da Petrobras e do Tribunal de Contas da União. Mas a situação se tornou ainda mais delicada depois que os relatórios preparados pela diretoria de conformidade sobre o histórico dos dois foi apresentado ao ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Os documentos indicaram que eles teriam dificuldades em passar pelos  critérios de integridade exigidos pelo comitê interno que avalia se eles tinham ou não condições de ocupar os cargos. 

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Segundo relatos de pessoas que acompanharam o episódio, o ministro ficou assustado com as informações apresentadas e com o flagrante conflito de interesses. 

Depois das duas renúncias, o governo procura novos candidatos às vagas de presidente do conselho de administração e da própria companhia. Mas o tempo é curto. 

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A assembléia de acionistas que irá eleger o novo conselho está marcada para a quarta-feira, e até agora o presidente Jair Bolsonaro não encaminhou à companhia os nomes que irão substituí-los.   

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