Enquanto espera que Alckmin decida se aceita ser candidato a vice em sua chapa e a qual partido vai se filiar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai criando espaço para uma aliança com o PSD.
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Na sexta-feira, Lula se reuniu em São Paulo com Adalclever Lopes, ex-deputado estadual mineiro que vai coordenar a campanha do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), para o governo de Minas Gerais – segundo maior colégio eleitoral do país, atrás somente de São Paulo.
Kalil deve oferecer palanque ao petista em 2022, o que, nos cálculos de Lula, poderia ajudá-lo a atrair o partido de Gilberto Kassab e Rodrigo Pacheco para uma aliança com o PT já no primeiro turno.
Parte do PSD defende a antecipação do apoio a Lula, caso o nome de Pacheco, que é o pré-candidato do partido, não decole nas pesquisas até março.
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Por ora, o acerto já feito entre Lula e Kassab é que o PSD deverá apoiar o petista no segundo turno. Mas essa ala do partido, que inclui mineiros ligados a Kalil, torce para que Lula acabe não fechando com Alckmin e opte por convidar Pacheco para a vice.
Nas conversas com petistas, eles têm usado dois argumentos para defender a aliança já no primeiro turno.
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Para o PSD, o movimento valeria a pena porque Pacheco disputa a mesma fatia de eleitorado que outros candidatos que hoje têm mais tração nas pesquisas, especialmente Sérgio Moro, o que diminui suas chances.
Já para Lula, Pacheco como vice teria o mesmo efeito de Alckmin, produzir uma imagem de moderação e atrair o eleitorado de centro e centro-direita. Traria, ainda, a vantagem de representar uma chapa geograficamente mais diversa, uma vez que Lula e Alckmin são “pão com pão” (por envolver apenas políticos de São Paulo).
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Para Gilberto Kassab, que sonha em ter Geraldo Alckmin como candidato ao governo de São Paulo pelo PSD, seria o desenho ideal.
Por ora, porém, as conversas ainda estão em estágio inicial. O próprio Alckmin tem cogitado a possibilidade de ir para o PSD, uma vez que seus antigos aliados em São Paulo não aceitam a chapa com Lula.
Todos esses cenários foram conjecturados na conversa do ex-presidente com o emissário de Kalil e, depois, num papo de meia hora entre o prefeito de BH e o ex-presidente, pelo telefone. Além de discutirem política, falaram também da vitória do Atlético Mineiro, que já foi comandado pelo hoje prefeito de BH.
Caso seja concretizada, a aliança vai produzir mais um híbrido com apelido estranho, o Lulil, em contraposição ao Bolsozema - união do atual governador, Romeu Zema (Novo) com Jair Bolsonaro. Zema ainda não decidiu, porém, se vai se aliar a Moro ou ao presidente.