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Corrupção

Governo Bolsonaro defendeu Pazuello e Wal do Açaí, mas não atuou por Milton em caso de pastores

Bolsonaro e o ex-ministro Milton Ribeiro, preso nesta quarta-feira

Apesar de o presidente da República ter dito que botava a “cara no fogo” pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, na prática o governo de Jair Bolsonaro não atuou na defesa do pastor no caso que levou à sua prisão.

Ribeiro foi preso nesta quarta-feira (22) pela Polícia Federal por suspeitas de envolvimento em corrupção e tráfico de influência durante sua gestão à frente do Ministério da Educação (MEC).

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O ex-ministro da Educação não recebeu o mesmo tratamento de outros ex-integrantes do primeiro escalão do governo, defendidos pela Advocacia-Geral da União (AGU) por atos cometidos na gestão.

Foi o que ocorreu, por exemplo, nas investigações do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre o caos na saúde pública de Manaus com a falta de oxigênio para pacientes infectados pela Covid-19.

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O distanciamento da AGU na defesa do pastor chamou a atenção de integrantes do governo ouvidos pela equipe da coluna. 

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No começo das investigações sobre o “gabinete paralelo” do MEC, o envolvimento da AGU foi discutido reservadamente por técnicos do governo, mas a ideia não foi levada adiante.

O órgão chegou a defender Milton Ribeiro em outra questão polêmica, quando o então ministro atribuiu, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, a homossexualidade de jovens a “famílias desajustadas”.

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O órgão também foi acionado para defender a ex-secretária Wal do Açaí numa ação em que ela é acusada de improbidade administrativa, ao lado do presidente da República.

Nesse segundo caso, o Ministério Público Federal considerou “ilegal” a atuação da AGU na defesa de Wal do Açaí e de Bolsonaro na apuração sobre a contratação da secretária fantasma no gabinete do então deputado federal.

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Em meio aos desdobramentos do caso de Milton Ribeiro, um interlocutor de Bolsonaro disse à coluna que o Planalto ainda avalia os estragos do escândalo à imagem do governo. O discurso anticorrupção é uma das principais bandeiras do chefe do Executivo contra o ex-presidente Lula.

“Ainda não tem nada provado e, se houve algo, Milton terá que arcar com as consequências. Mas tem que esperar para ver se procede”, disse.

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Em entrevista nesta quarta-feira, Bolsonaro já mudou o tom do discurso. “Se tem prisão, é Polícia Federal. É sinal de que a Polícia Federal está agindo. Que ele responda pelos atos dele”, disse à Rádio Itatiaia.

Antes, Bolsonaro tinha dito que estavam fazendo “covardia” com o ex-chefe do MEC.

A representação judicial de agentes públicos pela AGU em ações judiciais e inquéritos se dá somente mediante solicitação pessoal e intransferível da parte interessada, conforme as normas vigentes.

Em nota enviada à coluna, a AGU alegou que "não houve pedido de representação" por parte de Milton Ribeiro.
"A representação judicial de agentes públicos pela AGU em ações judiciais e inquéritos se dá somente mediante solicitação pessoal e intransferível da parte interessada, conforme as normas vigentes", informou o órgão.

 

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