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COMBUSTÍVEIS

Mesmo após renúncia de presidente, indicado pelo governo ainda não pode assumir Petrobras

José Mauro Coelho e Arthur Lira

O conselho de administração da Petrobras fará hoje uma reunião extraordinária para escolher o novo presidente da companhia após o pedido de demissão de José Mauro Coelho. Mas ainda não poderá colocar no lugar o executivo Caio Paes de Andrade, indicado pelo Palácio do Planalto. 

Pelas regras da empresa, o ex-secretário de Paulo Guedes só pode assumir uma vaga no conselho quando o parecer do comitê interno sobre o currículo dele estiver pronto. 

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Esse comitê verifica se ele preenche todas as condições para ocupar o cargo. Conforme antecipamos na coluna, Paes de Andrade não preenche os critérios estabelecidos pela Lei das Estatais para ocupar a presidência da empresa. 

O principal problema está no artigo 17 da lei, implementada por Michel Temer em 2016. O dispositivo prevê três critérios nos quais o indicado tem que se encaixar, e ele precisa preencher pelo menos um.

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São eles: dez anos de experiência em empresas públicas ou de economia mista na área de atuação da Petrobras; quatro anos como diretor da companhia que irá comandar, em cargos comissionados de hierarquia alta no Executivo federal ou em cargos de docência ou pesquisa em setores correlatos à estatal (no caso, a Petrobras); ou então quatro anos de experiência como profissional liberal em áreas direta ou indiretamente ligadas à petroleira. 

A experiência profissional de Caio Paes de Andrade, porém, não se encaixa em nenhum desses casos, na avaliação de conselheiros ouvidos pela equipe da coluna sob reserva

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Isso não impede o governo de forçar a sua nomeação, o que tem provocado tensão entre diretores e funcionários. 

O escolhido hoje para substituir José Mauro Coelho interinamente deve ser um dos diretores da empresa.

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Eles estiveram reunidos com o demissionário José Mauro Coelho nesta manhã. Os diretores não vão renunciar a seus cargos. 

Segundo Coelho confidenciou a alguns, ele já vinha pensando em renunciar desde a quinta-feira, quando a pressão do Planalto e do Congresso se intensificou, com o presidente da Câmara, Arthur Lira, ameaçando criar uma CPI para investigar a diretoria da Petrobras. Na sexta-feira, as ações da Petrobras se desvalorizaram 10% na B3.

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"A resistência dele começou a ficar mais cara para a companhia do que a sua saída", explicou um amigo de Coelho. 


 

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