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GETTR

Ministro do TSE determina desmonetização de canais bolsonaristas em rede social ligada a Trump

Jason Miller (à esq.) com o presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

Por Malu Gaspar e Johanns Eller

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luis Felipe Salomão atendeu na noite desta terça-feira (7) um pedido da Polícia Federal e determinou a suspensão dos repasses de recursos feitos pela rede social Gettr a blogueiros e influenciadores bolsonaristas investigados no inquérito das fake news, aberto pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes. 

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Salomão comanda no TSE uma outra apuração, sobre as acusações infundadas do presidente Jair Bolsonaro sobre fraudes eleitorais no Brasil, que atinge os mesmos personagens do inquérito das fake news. 

A Gettr é uma rede social semelhante ao Twitter criada por ex-assessores de Donald Trump para abrigar principalmente os influenciadores da direita. A plataforma foi desenvolvida depois da remoção dos perfis de Trump no Twitter, Facebook e Instagram. O ex-presidente dos Estados Unidos foi excluído dessas redes como punição por ter exortado seus seguidores a invadir o Capitólio na tarde em que seria feito o reconhecimento da vitória de Joe Biden sobre Trump nos votos dos delegados do Colégio Eleitoral americano. 

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Jason Miller, o CEO da Gettr, foi porta-voz do ex-presidente americano e um dos principais assessores de sua campanha fracassada à reeleição em 2020. Ele veio ao Brasil para participar da CPAC Brasil, conferência de conservadores organizada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Miller se encontrou com Eduardo e seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. Também se reuniu com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o ex-chanceler Ernesto Araújo e Filipe G. Martins, assessor de assuntos internacionais da Presidência. 

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Miller foi detido nesta terça-feira pela Polícia Federal junto de Gerald Brant, um empresário americano, filho de um brasileiro, de quem o presidente da República diz ser amigo e que já esteve cotado para assumir um cargo no Itamaraty. A PF cumpriu ordens para que os dois fossem ouvidos no inquérito das fake news, conduzido pela delegada Denisse Rios. Foi ela quem pediu ao TSE para estender à Gettr a ordem que ele já havia dado a outras redes sociais para suspender os repasses de recursos pelos conteúdos veiculados pelos blogueiros e sites.

A detenção de Miller e Brant, na manhã de terça, foi mencionada por Bolsonaro no discurso que o presidente fez na Avenida Paulista, como exemplo do que ele chama de ditadura do Judiciário.

Em seu despacho, Salomão considerou que os blogueiros já atingidos pela decisão anterior, de 16 de agosto, mantinham na Gettr praticamente o mesmo conteúdo que já havia sido desmonetizado nas outras plataformas, como Facebook, Instagram e YouTube.

Salomão não só determinou que eles deixem de receber recursos pela audiência de seus canais e perfis, como também ordenou que a Gettr encaminhe ao TSE todos os ganhos que eles já tiveram com a exibição de seus conteúdos na plataforma. 

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Foram atingidos pela decisão desta terça-feira os seguintes blogueiros e canais bolsonaristas: Adilson Dini, Alberto Junio da Silva, Barbara Zambaldi Destefani, Camila Abdo Amaral Calvo, Emerson Teixeira de Andrade, Fernando Lisboa da Conceição, Folha Política, Jornal da Cidade Online, Oswaldo Eustáquio, Roberto Boni, Allan Lopes dos Santos, Marcelo Frazão de Almeida e pelo movimento Nas Ruas. 

Miller foi notificado dessa ordem pessoalmente, durante o depoimento de três horas que deu antes de deixar o Brasil em seu jato particular rumo aos Estados Unidos, no final do dia. Ao longo do depoimento, ele respondeu a duas perguntas, depois pediu para ser assistido por um advogado. A partir daí, se manteve calado.   

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O americano também é próximo de Steve Bannon, que chefiou a campanha presidencial de Trump em 2016 e assessorou o então presidente na Casa Branca em um cargo de destaque inédito. Bannon está na mira da PF por conta de recentes ataques ao sistema eleitoral brasileiro, segundo reportou o jornal Estado de S. Paulo. Ele, que mantém relações com a família Bolsonaro, chegou a ser preso no ano passado acusado de desviar dinheiro de uma campanha para a construção de um muro entre o México e os EUA, promessa de campanha de Trump. 

Em recente entrevista ao podcast de Bannon, o War Room, Miller expressou entusiasmo com os atos previstos para o 7 de setembro e afirmou que o Brasil é o segundo país com mais usuários na Gettr, atrás apenas dos EUA. O empresário disse ainda que bolsonaristas tiveram sua liberdade de expressão tolhida pelas demais plataformas. 

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Nesta terça-feira, o CEO reproduziu imagens do ato bolsonarista contra o Supremo em Brasília publicadas por Filipe G. Martins no Twitter. Miller também anunciou que a página de registro da rede social - originalmente no tom vermelho, identidade da plataforma - recebeu as cores verde e amarela em homenagem ao 7 de setembro. No último domingo, o empresário já havia compartilhado um vídeo em português sobre a Gettr, "a nova rede social que luta contra as Big Tech (grandes empresas de mídia, como o Facebook)", usando a hashtag da CPAC Brasil. 

 


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