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Senado

Nova meta do governo é encerrar a CPI da Covid sem prorrogação

Requerimento apresentado por Randolfe Rodrigues (à esq.), vice-presidente da CPI, para convocar o presidente Jair Bolsonaro irritou o presidente da comissão, Omar Aziz (centro)

Por Malu Gaspar e Mariana Carneiro

Os representantes do governo na CPI da Covid querem aproveitar o racha no bloco que reúne senadores de oposição e independentes para formar maioria contra a prorrogação dos trabalhos da comissão, que pelo prazo regulamentar deve terminar em 31 de julho.

A prorrogação do prazo de CPIs é comum, especialmente em apurações mais complexas. Mas os governistas da comissão apostam na estratégia de tentar convencer pelo menos parte dos senadores do bloco anti-Bolsonaro que também não é interessante para eles esticar demais os trabalhos.  Por esse discurso, seria um “perde-perde”, uma vez que vários deles são ligados a governadores e prefeitos que estão entre os convocados. 

Os governistas não acreditam na possibilidade de um pedido de impeachment, mas se preocupam com o desgaste político provocado pelos depoimentos que vêm expondo a forma como Jair Bolsonaro e seus auxiliares agiram no enfrentamento da pandemia de Covid-19. 

Até a última quarta-feira, a tropa de choque governista acumulava derrotas. Isso mudou durante a votação dos requerimentos para a convocação de governadores e prefeitos para depor. Ali, tornaram-se explícitas as diferenças dentro do chamado G7, que reúne os sete senadores independentes e de oposição.

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O principal ponto de divergência foi o critério de chamar gestores de cidades com mais de 200 mil habitantes. Parte do grupo viu na iniciativa uma tentativa de embaralhar as investigações e dispersar esforços, já que seriam dezenas de governadores e prefeitos a serem ouvidos. Renan Calheiros (MDB-AL), Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) estavam entre eles. Na tarde de quarta, Randolfe chegou até a apresentar um pedido para que o próprio Jair Bolsonaro fosse convocado. 

"Acabamos também de protocolar o Requerimento 695, convocando a prestar depoimento nesta Comissão da República o Senhor Presidente da República Jair Messias Bolsonaro. Os critérios, vedações são os mesmos que encaixam relação aos governadores. Então, eu quero pedir a Vossa Excelência (Omar Aziz) a inclusão deste requerimento com os demais que vão ser apreciados", anunciou Randolfe durante a sessão da CPI. "Vale para um, não vale para o outro, Senhor Marcos Rogério?"

Mas esse comportamento revoltou o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). Em público, Aziz cobrou o cumprimento de acordos feitos pelo grupo nos bastidores e que, segundo ele, estavam sendo ignorados na frente das câmeras e da opinião pública. 

A partir daí, começou uma guerra de nervos no interior da CPI. Não só Aziz, mas também os representantes do governo, passaram a acusar os oposicionistas de tentar evitar os depoimentos de governadores e prefeitos de proteger aliados como o governador da Bahia, Rui Costa (PT), ou o ex-prefeito de Macapá Clecio Luís.

Ao final da sessão, acordou-se que os prefeitos não seriam convocados nesse primeiro momento. Esperam que os próprios governadores consigam evitar seus depoimentos recorrendo ao Supremo Tribunal Federal (STF), como já cogitam fazer.

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