O filho 02 do presidente Jair Bolsonaro, Carlos, acompanhou toda a conversa do pai com o ex-presidente Michel Temer, na reunião que tiveram para fechar os detalhes da carta em que Bolsonaro recua das ameaças feitas ao Supremo durante os atos de 7 de setembro.
Esse foi um dos detalhes que Temer deixou escapar aos comensais reunidos ontem em sua homenagem na casa do empresário Naji Nahas, em São Paulo, sobre o episódio.
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Ao grupo, Temer repetiu a versão que ele já contou em entrevistas sobre o caso – a de que Bolsonaro o procurou na quarta (8) à noite pedindo que intermediasse um armistício com o Supremo, e que na quinta (9), depois de aprovado o texto da carta, o presidente mandou um avião da FAB buscá-lo para levar a Brasília.
Em privado, porém, Temer contou a um dos participantes encontro que o vereador Carlos Bolsonaro passou todo o tempo da reunião quieto em um canto da sala, observando tudo sem dizer palavra.
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Na hora em que o ex-presidente fez a ligação para que Bolsonaro e Alexandre de Moraes pudessem conversar, porém, até Carluxo saiu do gabinete para que o pai pudesse falar a sós com o ministro do STF. O diálogo durou 15 minutos.
A outro comensal, Temer contou ainda não foi muito fácil a conversa com Alexandre de Moraes para que ele aceitasse a negociação que resultou na carta-recuo de Bolsonaro. Isso porque, segundo Moraes teria dito ao ex-presidente, as provas já reunidas pelo Supremo no inquérito das fake news são "muito contundentes" e o Supremo teria que agir. Se ao final ele conseguiu que Moraes prometesse algum alívio aos Bolsonaro no inquérito, porém, Temer não falou.
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O que ele repetiu sim várias vezes durante o jantar foi que um impeachment não seria "bom para o país". "Eu sei o que é sofrer na presidência", disse Temer, durante o encontro em que só havia homens, muitos da comunidade árabe paulistana.
À mesa estavam o marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, o dono da rede Bandeirantes, Johnny Saad, o jornalista Roberto D'Ávila, o advogado José Rogério Cruz e Tucci (advogado e professor da USP) e o médico Raul Cutait, além do empresário Paulo Marinho (suplente de Flávio Bolsonaro, mas rompido com o bolsonarismo) e o imitador André Marinho.
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O vídeo que mostra Temer gargalhando com a imitação que Marinho faz de Jair Bolsonaro, dizendo que ia "roubar a perucas do Fux (Luiz Fux, presidente do Supremo)", viralizou nesta manhã.
Mas foram gravados outros, de outras imitações feitas por Marinho à mesa, que circularam entre os participantes do jantar. Abaixo, o vídeo em que Marinho imita Temer e Trump, e depois a imitação de Bolsonaro.