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invasão russa

Se você acha que sabe tudo sobre a guerra da Ucrânia, veja este filme

Menino de 12 anos na praça de guerra de "Winter on Fire", documentário da Netflix que retrata a revolução ucraniana

Um efeito colateral um tanto patético dessa guerra foi fazer surgir uma quantidade surpreendente de especialistas em Ucrânia e Rússia. 

De uma hora para outra, um monte de gente se julgou apta a dar palpites sobre os motivos da invasão conduzida por Vladimir Putin e sobre quem está com a razão nesse conflito.

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As redes sociais foram inundadas de perorações sobre como Putin é "complexo", num subterfúgio para relativizar a violência do ataque.

Houve quem defendesse o fim da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), como se a inexistência da aliança fosse garantia de que não haveria, hoje, tanques e bombas explodindo em Kiev. 

Não faltou quem botasse a culpa no povo ucraniano, que elegeu um comediante de direita  –– Volodymyr Zelensky ––  para presidir o país. 

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Todos esses, assim como os que apenas reconhecem a sua ignorância e gostariam de ter mais explicações para o que está ocorrendo, teriam muito a ganhar assistindo o documentário "Winter on Fire - Ukraine's Fight for Freedom" (em português "Inverno em Chamas – a luta da Ucrânia pela liberdade"), que concorreu ao Oscar em 2016 e está disponível no Netflix. 

O filme conta a história da revolução popular que depôs o presidente Viktor Yanukovych, aliado de Putin, que se elegeu com a promessa de incluir a Ucrânia na União Européia e roeu a corda na última hora. 

O documentário traz imagens preciosas do que se passou dentro da mobilização e dos conflitos que duraram 92 dias e custaram mais de 200 vidas (e de saída, deixa claro que Putin nunca engoliu a independência da Ucrânia, conquistada no início dos anos 90).

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Mas a razão pela qual ele é imperdível é o fato de dar voz e rosto ao povo ucraniano. Na praça da Independência, onde começou o movimento, meninos e meninas de menos de 20 anos,  idosos, médicos, empresários, celebridades, soldados e sacerdotes, todos se uniram em torno de uma ideia de nação. 

Ao longo de pouco mais de uma hora e meia, acompanhamos a saga de uma gente aguerrida e corajosa que foi às ruas de forma pacífica, mas reagiu à repressão policial com mais mobilização, mais união e mais fé no próprio valor e no próprio país. 

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Mesmo sabendo que poderiam morrer, foram desarmados enfrentar uma força policial truculenta. Ao invés de se intimidar pelo frio tenebroso do inverno europeu, montaram barricadas de neve e de gelo para se defender. 

Os que sobreviveram foram capazes de distinguir, na pretensa solidariedade dos políticos, os conchavos que se faziam nos bastidores –– e não aceitaram nada menos do que a saída de  Yanukovych do poder. 

Sem condições de governar, o presidente fugiu para a Rússia, que considerou sua queda um golpe de estado. 

Depois da revolução, os ucranianos elegeram um novo presidente. 

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No mês seguinte, forças separatistas desencadearam uma batalha e anexaram à Rússia a região da Crimeia. 

Ainda assim, até outro dia os ucranianos pensavam que seu sacrifício havia pelo menos lhes garantido autonomia e liberdade. 

Hoje, eles estão se escondendo em bunkers, fabricando armas caseiras para resistir à invasão russa ou tentando desesparadamente atravessar as fronteiras para fugir do conflito. 

É nessas pessoas que deveria estar pensando quem tenta encaixar a análise política do conflito em suas próprias convicções ideológicas. 

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