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Mudança

Bolsonaro tenta se livrar do ônus da alta do diesel demitindo Bento

Gabriel de Paiva

A queda do ministro Bento Albuquerque é mais um truque do presidente Bolsonaro para tentar se livrar da impopularidade da inflação e do aumento dos combustíveis. Essa elevação do diesel, de 8,8%, bateu muito mal entre caminhoneiros. Ele, em live, pediu para que não houvesse aumento.

Mas evidentemente ninguém aumenta combustível sem avisá-lo. Ele sabe, finge surpresa, corta uma cabeça e depois passa para os seus seguidores que a Petrobras é que é culpada.

Das três quedas por causa do aumento de combustíveis - dois presidentes da Petrobras e um ministro - dois são oficiais generais. Um era o general, o Silva e Luna, e outro almirante. A ideia de que os militares seriam os melhores gestores, o próprio Bolsonaro derruba.

O economista Adolfo Sachsida é muito ligado ao ministro Paulo Guedes que o levou para o governo. Sempre foi discreto, mas dificilmente irá para o Ministério para segurar preço de combustível. Ele não acredita em controle de preços. Mas ao mesmo tempo é muito disciplinado e seguidor das orientações do governo, está com Bolsonaro antes mesmo da posse e comandou parte da política da transição. O economista pode tentar implantar algum mecanismo para atenuar os preços, através de um fundo, mas sabe dos limites fiscais. E não existe milagre. Tudo isso indica que é mais um jogo de cena do presidente olhando o palanque eleitoral.

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Bento Albuquerque que foi um leal seguidor das ordens de Bolsonaro, e tinha uma política de comunicação agressiva com os críticos é a mais nova vítima da campanha eleitoral. Os caminhoneiros foram parte da base eleitoral do presidente em 2018, mas que andam muito irritados com a promessa não cumprida e têm feito ameças de greve nos moldes da que o presidente Temer. 

É importante salientar que nada muda na política da Petrobras. O valor vai cair dependendo do preço do barril de petróleo no mercado internacional, que tem oscilado muito. E também se o dólar parar de subir. O problema é que o presidente Bolsonaro cria instabilidade política, o que eleva a moeda norte-americana. 

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