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Efeito da pandemia

Redução de 1,5% do PIB é apenas o começo da queda livre

A queda de 1,5% no PIB do primeiro trimestre é a prévia do que vai acontecer este ano. O dado veio como esperavam os especialistas. O recuo leva a economia ao mesmo patamar do segundo trimestre de 2012, porque o Brasil não havia se recuperado ainda da recessão 2015-2016 quando foi atingido pelo meteoro do coronavírus. Infelizmente, a pior queda ainda está por vir.

Apenas parte desse trimestre que caiu 1,5% foi atingido pela crise. O epicentro é o momento que estamos vivendo agora, de abril, maio e junho. Estamos agora em queda livre. As projeções de especialistas são todas nesse sentido. No PIB deste segundo trimestre, haverá uma queda livre que os analistas estão prevendo com números de dois dígitos, 11%, 12%, 14% e até 15%. Nunca se viu uma coisa assim como a que estamos vivendo. De julho a setembro, deve haver uma recuperação em relação ao segundo, mas não o suficiente. A mediana das expectativas para o ano aponta para uma queda de 6% no PIB. Será a pior recessão da série estatística, que vem desde 1901.

A única boa notícia do primeiro trimestre veio da agropecuária, que subiu 0,6% na comparação com o fim de 2019. A safra da soja mostrou sua força. Em relação ao mesmo período do ano passado, a agropecuária teve alta de 1,9%. O setor vai crescer em 2020, um desempenho positivo isolado na economia. Mas o impacto direto no PIB é pequeno.

A maior participação no PIB é do setor de serviços, que concentra mais de 60% da oferta. No trimestre, a queda foi de 1,6% e a previsão é que cairá muito mais daqui para frente, derrubada pelo consumo das famílias que encolheu 2% no primeiro trimestre.

Não é o isolamento que provocou a crise econômica, mas sim o vírus. O que atinge a economia é o mesmo problema que tem matado tantas pessoas. O distanciamento social é um remédio que nos permitirá, no futuro, voltar a produzir com plena capacidade para recuperar esse terreno perdido. Mas hoje esse debate deve ser esquentado pelo número positivo da Suécia. Cresceu um tiquinho, 0,1%. Mas é o país que fez isolamento bem flexível. Só que morrrem quatro vezes mais suecos do que dinamarqueses de coronavírus. E mesmo esse isolamento mais solto não impedirá a recessão sueca do ano, confirmam os analistas do governo.

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