O mercado do vinho enfrenta uma "seca" de garrafas, rolhas, caixas e até de rótulos em Portugal. O alerta foi dado pelos representantes do setor e já atinge os empresários brasileiros no país, que revelaram ao Portugal Giro que o problema irá atrasar a produção.
Negócios: Saiba como empresários brasileiros conquistaram o paraíso do vinho em Portugal
Inflação e falta de matéria-prima são os principais entraves e produtores dizem que a escassez é nacional.
Fábricas que retomam com força total as atividades após o pico da pandemia de Covid-19 ainda não conseguem atender a todos os pedidos.
Além do atraso para pôr o produto no mercado nacional, a escassez criou um gargalo na exportação, já prejudicada pela falta de contentores.
Das raízes em Portugal ao voo direto: Como Porto e norte querem atrair 270 mil brasileiros
Sócio da Menin Douro States e administrador de três quintas na região do Douro, norte de Portugal, o empresário brasileiro Cristiano Gomes revelou à coluna o tamanho do problema, que "retarda" o impulso nas vendas, segundo ele.
— Afeta muito. As garrafas têm demorado 90 dias e temos problemas de qualidade. Cortiças (para rolhas) e cápsulas com nossas especificações também. Rótulos e embalagens, nem tanto — disse Gomes.
No caso da empresa administrada por Gomes, o problema também atinge o maquinário.
— Uma empilhadeira elétrica tem prazo de seis meses de entrega. E a máquina de rotulagem demora de 12 a 18 meses — contou Gomes.
Em Portugal: Turismo do Algarve precisa de três mil trabalhadores e faz apelo aos brasileiros
No início do mês, a empresa apresentou oficialmente os novos vinhos da Horta Osório Wines, tradicional produtora do Douro e incorporada em abril de 2021. O grupo investiu €30 milhões na região vinícola demarcada mais antiga do mundo.
Na Quinta Maria Izabel, também no Douro e de propriedade do brasileiro João Carlos Paes Mendonça, o diretor Tiago Dias Silva informou que precisou reajustar os preços do vinho devido à subida do valor ou escassez de serviços e matérias-primas, como garrafas.
— Tem afetado no tempo de pôr os vinhos no mercado. Alguns vinhos (subiram) na ordem dos 20%, não refletindo o aumento dos produtos utilizados, que aumentaram mais. Subiram imenso todos os produtos que fazem parte do vinho — explicou Silva.
Além do aumento de preço, o diretor contou que há atraso na entrega dos vinhos ao mercado doméstico e, em menor escala, nas exportações:
— (Exportações) Ligeiramente, em alguns casos (atrasa) um mês.
Leia mais: Brasileiro importa e bebe mais vinho de Portugal na quarentena