Portugal Giro
PUBLICIDADE
Portugal Giro

Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

Informações da coluna

Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

Por Gian Amato


Paciência e persistência. A combinação é recomendada aos brasileiros que desembarcam em Portugal neste início da alta temporada. Com a chegada de uma onda de calor e a volta do turismo de massa, os aeroportos lotam, voos são cancelados, malas se perdem e as filas na imigração deixam qualquer visitante de cabeça quente.

No último domingo, o tempo de espera no desembarque do aeroporto de Lisboa ultrapassou as três horas. Passageiros sem passaporte da União Europeia foram os mais afetados devido à falta de mão de obra e recursos no controle da imigração.

Famílias, estudantes, residentes e turistas sofreram ao longo de todo o último fim de semana, que foi de feriado prolongado em Portugal. As filas são a parte visível de um caos maior e mais antigo. E que muitas vezes começa ainda no Brasil. O Portugal Giro recebeu relatos de voos cancelados mais de uma vez, por diversas companhias, e de malas extraviadas.

Por exemplo: uma família com cinco pessoas, que embarcava de São Paulo, chegou a Portugal desfalcada. Devido ao overbooking, o pai só conseguiu voo três dias depois.

Já a carioca Jane Pereira da Silva, de 71 anos, perdeu o voo na última quarta-feira devido ao overbooking e precisou dormir em São Paulo. Ela e uma amiga chegaram ao Porto na última quinta-feira após uma conexão em Madri, mas as malas só desembarcaram no sábado e no domingo. Uma delas com as rodas quebradas.

— É um absurdo me tratarem com tanto desrespeito nesta idade. Pedem para chegar com tanta antecedência já sabendo que o voo está lotado e não tem lugar para todos. Não aprenderam a ter empatia nem com a pandemia? O pior do surto pode ter passado, mas a aviação continua com os mesmos problemas de sempre — disse Silva.

Autoridade responsável pelo setor, a ANA Aeroportos denunciou o caos em comunicado oficial. Devido ao longo tempo de espera e ao calor, garantiu que procurou amenizar o sofrimento distribuindo água.

“Hoje (domingo) voltamos, infelizmente, a assistir a tempos de espera elevados que ultrapassaram as três horas na área das chegadas do aeroporto de Lisboa devido à insuficiência de recursos e de postos de controle de fronteira dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) em funcionamento”, revelou a ANA.

O governo começou a pôr em prática um plano de reforço de efetivo. Mas, segundo a ANA, ainda não teria sido suficiente. Apenas na manhã de domingo, mais de 60 voos chegaram a Lisboa. Responsável pelo SEF, o Ministério da Administração Interna já admitiu ser impossível acabar com as filas devido ao fluxo de passageiros.

“A ANA já alertou as entidades competentes, nomeadamente o SEF, e aguarda que se assegure um reforço contínuo com a maior brevidade”, concluiu a ANA.

Em nota, o SEF informou que houve uma chegada de cerca de três mil passageiros em Lisboa ao final da manhã de domingo, o que teria provocado as longas filas no controle da imigração.

"Não foi possível preencher, temporariamente, as posições adequadas ao elevado fluxo de passageiros, tendo sido necessário reforçar com inspetores face ao muito elevado número de passageiros que aguardavam entrevista para relatórios de ocorrência e decisão sobre a entrada ou a recusa", justificou o SEF.

O orgão de imigração informou, ainda, que apenas em julho o plano de reforço funcionará totalmente. E que entraram mais de 100 mil pessoas no fim de semana em Portugal.

Mais recente Próxima

Inscreva-se na Newsletter: Portugal Giro