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No trabalho

Em Portugal, brasileiro diz ter sido estrangulado e ameaçado com marreta por dono de fábrica, que nega

Designer paulista Giancarlo Dariva diz que foi estrangulado em seu local de trabalho

O designer paulista Giancarlo Dariva diz que foi estrangulado em seu local de trabalho. Ele contou ao Portugal Giro que o autor teria sido o dono da fábrica onde atua como operador de produção. De acordo com o seu relato, o proprietário ainda teria perseguido o funcionário com uma marreta. Dariva prestou queixa à polícia, que encaminhou o brasileiro para exame médico. O empresário nega.

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Segundo Dariva, o episódio aconteceu na tarde da última sexta-feira, dia 13 de maio, em Nelas, região de Viseu. Ele trabalha na fábrica de sacolas desde 26 de abril deste ano. A máquina que operava apresentou um defeito e parou por duas horas. Quando voltou a funcionar, o dono da empresa, de acordo com Dariva, estava exaltado.

— Disse que não era para eu falar e nem olhar para ele enquanto estivesse nervoso.  Quando disse novamente “está bem”, teve um surto, pulou por cima da bancada e colocou suas duas mãos em torno do meu pescoço, me estrangulando — contou Dariva.

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Ao menos dois funcionários, incluindo a mulher de Dariva, Tatiane da Silva Pereira, teriam ido ao socorro do brasileiro. 

 — Completamente fora de si, começou a gritar que iria me matar, pegou um machado (marreta) e passou a me perseguir. Isso ocorreu na frente de todos os funcionários. Consegui sair da fábrica e outro funcionário tirou o machado das mãos dele, evitando uma tragédia. Minha esposa recolheu nossas mochilas e partimos para prestar queixa e tentar a autuação em flagrante — revelou Dariva, que diz ter achado que era um machado num primeiro momento, até ser corrigido por um colega de trabalho.

Tatiane Pereira, que afirma estar em fase de experiência na empresa, diz que se arriscou para o marido conseguir fugir.

— Eu me coloquei na frente dele para dar chance do meu marido sair, correndo o risco de também ser atingida. Até que o outro funcionário conseguiu tomar o machado das mãos dele — disse Pereira à coluna.

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Designer paulista Giancarlo Dariva diz que foi estrangulado em seu local de trabalho

Procurado por telefone, o proprietário, Carlos Albano, negou. Seu advogado, Filipe Santos Marques, concedeu entrevista à coluna, refutou a agressão e deu a versão oficial do empresário. Segundo o advogado, Albano se defendeu.

— Houve uma discussão entre os dois. Mas, ao contrário do que tem sido dito, quem começou as agressões foi a parte contrária. Primeiro, com uma cabeçada. Depois, com o arremesso de um balde cheio de cola. Meu cliente se limitou a retribuir as agressões  — disse Marques, negando o estrangulamento e a perseguição com a marreta:

— Nem há marretas lá. E tudo foi uma questão de segundos. Isso não seria viável — completou.

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O Portugal Giro localizou outros dois funcionários da empresa, que pediram  anonimato porque temem perder o emprego. Mas confirmaram o relato de Dariva. Um deles disse que o proprietário empunhava uma marreta e afirmou que testemunhará a favor de Dariva, caso seja necessário.

— Teve estrangulamento, sim. Só não foi machado, como o Gian disse, foi marreta. (...) Eu vi ele segurar o pescoço do Gian e empurrá-lo contra a parede. Depois, pegou uma marreta que usamos nas máquinas e perseguiu o Gian. A mulher dele se meteu na frente. Acho que ele teve um surto. A empresa tem coisas boas também, mas nada justifica essa agressão — disse um dos funcionários, indicando que cinco brasileiros trabalhariam no local.

— No momento, não consegui ver o que era e tive que sair correndo. Tampouco a Tatiane. No relato à polícia, dissemos machado, mas depois fui corrigido por um companheiro de trabalho — completou Dariva.

O advogado também rechaçou a versão das testemunhas.

— Nós temos testemunhas, que serão ouvidas no tribunal. A indicação que eu tenho é que este funcionário em causa, que tem contribuído para estas difusões erradas da realidade, não viu tudo — rebateu Marques.

Polícia encaminhou o brasileiro para exame médico

 Dariva tem cidadania portuguesa e chegou ao país há menos de três meses. Pereira tem direito ao documento de residência por ser mulher de cidadão europeu. Ele lamentou a falta de agilidade no dia em que prestou queixa à polícia e afirmou que pretende denunciar o caso à Autoridade para as Condições do Trabalho e à Segurança Social.

— Mesmo diante dos hematomas e do episódio ocorrido há poucos minutos, não foi enviada viatura policial e permanecemos no posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) cerca de três horas para formalizar a denúncia, encaminhada ao Ministério Público para abertura de processo criminal/cível — contou Dariva.

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* Atualizada para correção da grafia do nome Filipe. 

 

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