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ʽCordão sanitárioʼ

Em Portugal, Parlamento bloqueia extrema direita e cala discurso xenófobo

Augusto Santos Silva e António Costa na posse do governo de Portugal: barreira à extrema direita

Enquanto a ultraconservadora Marine Le Pen cresceu na reta final e conseguiu ir ao segundo turno das eleições presidenciais na França, a extrema direita tem feito figuração no Parlamento de Portugal.

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Um “cordão sanitário” foi criado pelos demais partidos neste início de legislatura e funcionou ao bloquear os objetivos dos deputados do Chega, sigla aliada de Le Pen. 

O partido de direita radical, defensor de propostas xenófobas, apresentou dois candidatos na eleição dos vice-presidentes do Parlamento. Ambos foram reprovados pela maioria dos deputados.

Cada um precisava de 116 dos 230 votos. Um recebeu 35 e o outro ficou com 37. O candidato da Iniciativa Liberal (liberalismo clássico) também foi reprovado.

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Para o cientista político português António Costa Pinto, esta será a estratégia diante das propostas da extrema direita, que passou de um para 12 deputados e é a terceira força do Parlamento. 

— O bloqueio simbólico aos nomes do Chega foi confirmado e o “cordão sanitário” será a marca do Parlamento. A capacidade de decisão da extrema direita é zero e o seu papel será de protesto — disse Pinto.

O cientista político reiterou que o tamanho das derrotas do Chega vai depender sempre dos demais partidos à direita. Principalmente do Partido Socialista Democrático (centro-direita), a segunda bancada, atrás do Partido Socialista (centro-esquerda).

Ao apresentar uma moção contra o programa do governo, que foi reprovada na última sexta-feira, o Chega já pode ter encontrado a sua dimensão no hemiciclo. Apenas os seus 12 deputados votaram a favor.

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Ex-ministro dos Negócios Estrangeiros no último governo do Partido Socialista, Augusto Santos Silva é agora o presidente do Parlamento e mandou recados à extrema direita logo em seu discurso de posse. 

— O discurso sem lugar aqui será o discurso de ódio, que insulta o outro que é diferente e que discrimina, seja qual for o motivo da discriminação — disse Silva.

Na última semana, Silva foi mais direto ao repreender o líder do Chega, André Ventura, que contou com Le Pen em sua campanha em Portugal. O deputado radical criticava de maneira genérica os ciganos justamente no Dia Internacional das Comunidades Ciganas.

— O que nós não compreendemos é que a comunidade cigana esteja sempre tão pronta para ser aplaudida por este Parlamento — criticou Ventura.

E foi logo interrompido por Augusto Santos Silva, aplaudido pelos demais deputados.

— Permita-me que o interrompa para lhe dizer que não há atribuições coletivas de culpa em Portugal e, portanto, solicito-lhe que continue livremente a sua intervenção, como tem direito, mas respeitando este princípio — rebateu Silva, que cumpria o regimento da casa contra discursos ofensivos.

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Quando o Partido Socialista foi eleito em janeiro com maioria absoluta, o primeiro-ministro António Costa começou a formar a barreira. Recebeu todos os partidos, menos os aliados de Le Pen em Portugal.

 

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