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Mão de obra

Hotéis querem empregar brasileiros e criticam burocracia para contratar em Portugal

Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, lotado de turistas

Em entrevista exclusiva ao Portugal Giro, a vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, criticou a lentidão na aplicação das políticas do governo português para atração de trabalhadores estrangeiros. Sem mão de obra às vésperas do verão da recuperação econômica, a executiva garantiu que todas as condições seriam favoráveis para os brasileiros. Com exceção da burocracia estatal.

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A duas semanas do início do verão, regiões de Portugal, como o Centro, já anunciam ocupação recorde de visitantes. No primeiro quadrimestre, cerca de 1,6 mil novas empresas de hospedagem e gastronomia foram criadas no país, segundo pesquisa da Informa D&B para o Dinheiro Vivo. Se por um lado os números mostram otimismo, por outro indicam preocupação.

— Faltam 15 mil pessoas só nos hotéis. O número sobe para 45 mil quando incluímos a gastronomia e demais atividades turísticas. Mas são dados de novembro e a necessidade acelerou. Neste momento, precisamos de mais pessoas, porque as que estão trabalhando estão sobrecarregadas — disse Vieira.

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Baixa natalidade, situação de quase pleno emprego em Portugal e carga horária pesada na hotelaria. São os fatores que ajudaram a formar o cenário de falta de mão de obra, segundo Vieira. É por tais motivos que o governo deveria facilitar a contratação de trabalhadores estrangeiros, sobretudo brasileiros, que se adaptam mais rápido. Mas acontece exatamente o contrário, disse ela.

— Após reuniões com a secretária de Estado do Turismo (Rita Marques), ficamos desapontados, porque aquilo que nos parecia ser a intenção da agilização da imigracão com componentes facilitadores, não saiu do papel — revelou Vieira.

A executiva se referiu a dois programas específicos abordados anteriormente aqui no Portugal Giro. O primeiro é a ratificação do acordo de mobilidade entre Brasil, Portugal e países africanos de língua portuguesa (CPLP). O segundo é o visto específico para a busca de trabalho.

— Não estamos tendo resposta do Estado e não entendo por quê (sobre o visto). Na CPLP, queremos um canal rápido de imigração, uma via sem burocracia, onde bastaria o cidadão estrangeiro ter ficha criminal limpa, promessa ou contrato de emprego e residência comprovada. Mesmo empresas com presença no Brasil têm dificuldade de trazer trabalhadores, o que é injusto para quem busca uma oportunidade — disse Vieira.

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Mesmo com os entraves neste momento, a vice-presidente afirma que o setor quer manter o fluxo de contratação de brasileiros, que dizem acumular mais de um trabalho na alta temporada no Algarve.

— O mercado brasileiro de turismo está crescendo. Então, seria importante para nós termos mais brasileiros trabalhando no setor. A língua, fácil adaptação e cultura criam condições favoráveis que só a burocracia impede. Espero que possa haver fluxo regular, estável e consistente de brasileiros. É uma comunidade integrada ao país e temos que aproveitar esta facilidade — declarou Vieira.

Por fim, Vieira reconheceu que, apesar dos aumentos, os salários seriam um problema, mas garantiu que a principal queixa dos trabalhadores tem sido a carga horária. E advertiu para o fato de Portugal correr o risco de perder talentos internacionais para a concorrência. 

 — França, Espanha, Itália e Reino Unido anunciaram que precisam de milhares de trabalhadores na hotelaria. Então, outros países poderão criar pacotes mais vantajosos para imigrantes — concluiu Vieira.

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