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Inovação

Investidores têm milhões em fundos para levar start-ups brasileiras a Portugal. Saiba quem são

Integrantes de start-ups no estande da Apex na Web Summit 2021, em Lisboa

 

A Web Summit 2021 terminou, mas agora começa a viagem das start-ups brasileiras rumo a Portugal. Quase uma centena de empreendedores do Brasil participaram do evento com a missão organizada por investidores, consultores, câmaras de comércio portuguesas e empresários que podem ajudar na internacionalização para Europa.

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O consultor e engenheiro para o mercado financeiro Eduardo Migliorelli fundou a Atlantic Hub em Lisboa em 2016. Percebeu a necessidade de mercado quando a comunidade brasileira no país voltava a crescer. Desde então, formou uma rede de contatos e reuniu um grupo de 25 investidores chamado Core Angels. Migliorelli diz que o fundo tem € 1 milhão (R$ 6,4 milhões) para investir nas melhores ideias vindas do Brasil.

— Eu recebo um brasileiro por semana na Atlantic Hub com o objetivo de investir. É aquele empresário recém-chegado, família feliz e tudo certo, mas que queria investir e não sabia onde pôr o dinheiro. Reunimos 25 destes investidores anjos e investimos em start-ups brasileiras, como a Sizebay, de comércio digital para medição de tamanho de roupas, que já expandiu para França e Alemanha — garantiu Migliorelli.

Em uma das edições anteriores da Web Summit, a Sizebay foi selecionada para o StartOut Brasil,  uma parceria entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Ministério das Relações Exteriores (MRE) e MEcon, Sebrae e Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).

Este ano, a Apex e o MRE montaram em conjunto estande na edição da retomada presencial do maior evento tecnológico da Europa e levou outras 15 empresas do Brasil para mostrar trabalho e convencer os investidores. São nestes momentos que a Atlantic Hub, em parceria com a Apex e No Gap (falaremos dela mais abaixo) podem conectar pontos.

—  O StartOut da Apex, junto com Sebrae, funciona porque faz um filtro para a gente saber o que é bom e ir lá e investir. A gente pega na mão e fala: olha, esta é a empresa tal… —  disse Migliorelli.

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A Atlantic Hub faz a ponte, mas Migliorelli diz cobrar € 1,5 mil (R$ 9,7 mil) pela consultoria e análise de mercado. É a primeira etapa do processo para tirar a empresa do Brasil.

— Este primeiro passo é só para saber se o negócio faz sentido. Antes de a empresa vir, entendemos o mercado. Depois, scale-up, extração, relocation para a empresa, entrada no país, marketing, pitch, apresento para investidores, traciona, expande e unicórnio — contou o consultor.

Antes com escritório no Chiado, a Atlantic Hub agora faz parte do conglomerado do Grupo Martinhal junto ao Parque das Nações. O Atlantic Station é um espaço físico  de negócios que pode ser utilizado pelos empreendedores, além de servir de base para eventos, como as palestras produzidas pela missão em paralelo à Web Summit, mas que trouxeram alguns dos participantes, como Artur Pereira, gerente nacional da cúpula de tecnologia.

Diretor da No Gap Ventures, Filipe Rosa morou 12 anos no Brasil antes de voltar à terra natal. Trabalhou em uma grande empresa de telefonia, mas também fundou seis empresas. Ao se reinventar, o português passou a investir em agricultura e start-ups do Brasil. E, às vezes, faz os dois ao mesmo tempo, como com a Vera Cruz, empresa com viés de “agrotec” que investiu € 50 milhões na plantação de mais de três milhões de amendoeiras em dois mil hectares de terrenos no Fundão e no município vizinho de Idanha-A-Nova.

— Junto com o (sócio) David Carvalho, em três anos a aceleração foi incrível. Meu papel foi ajudar na intermediação com Fundão e Idanha. Temos uma via rápida para reduzir a burocracia que é garantida pelo governo português. É um projeto gigante de interesse nacional com o conceito de smart farming. Depois de investir 50%, pegamos empréstimo, depois, subsídios e apoio, que hoje temos bastante para escalar dos dois mil hectares para 6 mil. Este é o conceito de start-up, escalar sempre — disse ele.

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Rosa é investidor de um fundo com mais de € 60 milhões (R$ 389 milhões), um dos maiores de capital privado em Portugal. 

— Pego alguns projetos específicos para fazer matchmaking com o ecossistema português e, às vezes, aporto com dinheiro. Tem muita start-up que quer vir para cá, usar Portugal como teste para adequar o produto e expandir para o resto da Europa. Mas as empresa portuguesas não querem investir nas brasileiras se não tiver quem acompanhe. Então, fui atrás de fundos. A missão é uma vitrine. Quem quiser participar, fala comigo. Eu faço a seleção, às vezes, este projeto ou aquele, eu quero, senão, vou pegar no cara e fazer acontecer — contou Rosa.

Atualmente, ele diz que leva a Portugal a escola bilíngue Maple Bear e a Quiron, de prevenção de incêndios em florestas.

— Em 2017, a área que ardeu em Portugal foi imensa. A Quiron antevê, com 90% de precisão, possíveis focos de incêndio através de inteligência artificial. É um dever cívico. Já aceleramos e eles chegaram a € 100 mil (R$ 649 mil) de faturamento.

O pacote técnico da missão custou € 2 mil (R$ 12 mil), com desconto de até 25% se fosse comprado antecipadamente. Deu direito, além das palestras, às visitas técnicas, happy hours, eventos de encontro para networking e logística, mas não incluiu ingresso para a Web Summit, hospedagem, passagem aérea e alimentação.

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Além da Atlantic Hub e da No Gap, a organização conta com a Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, que envolve diversas câmaras do país, entre elas a de São Paulo, da qual Nuno Rebelo de Sousa é presidente. Uma das visitas incluídas no pacote da missão é ciceroneada pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pai de Nuno.

 

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