![Clientes em mesas externas de bares no Porto](https://s2.glbimg.com/8tdUtxQHICt4YS-ABoeCNGm1scI=/i.glbimg.com/og/ig/infoglobo1/f/original/2021/07/26/violeta_santos_moura_3.jpg)
A acolhedora Amarante precisa tanto de gente para trabalhar quanto de turistas neste início de retomada econômica. O problema é que há mais visitantes que funcionários para atendê-los em alguns lugares.
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No recanto do norte banhado pelo Rio Tâmega, onde o Mimo, festival brasileiro de música internacional, deixa saudade, um empregado de um restaurante ou caféa pode ser escalado para servir o “pequeno almoço” de manhã e esticar o turno horas a fio, possivelmente até o jantar.
Comerciante de uma das casas mais tradicionais, que tem afixada na vitrine uma placa de “Contrata-se”, disse ao Portugal Giro que as pessoas querem ganhar dinheiro, mas não aparecem para trabalhar.
Cidade de Portugal tem milhares de vagas e poucos aparecem para trabalhar
A cidade é apenas um exemplo do fenômeno enfrentado por Portugal nos primeiros passos da retomada: há vagas - qualificadas ou não - e falta mão de obra em quase todas as regiões do país, com mais ênfase no interior. Uma drama que se repete pela Europa.
É até possível medir em números a escassez, falta de interesse ou algum impedimento devido à doença: dados recentes divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) revelaram que 12.147 ofertas de emprego em junho ficaram sem resposta, um aumento de 14,6% em relação a maio e mais de 100% se comparado a junho de 2020.
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São empregos em restaurantes, hotéis, pousadas e hospedagens em geral. Mas também no comércio, imobiliárias, serviços, construção civil, tecnologia, comércio e etc.
Para o economista e professor da Universidade do Minho, João Carlos Cerejeira, o corte no fluxo migratório causado pela pandemia de Covid-19 é uma das explicações.
- A pandemia limitou a imigração. É a primeira razão. Estes empregos estavam sendo ocupados por cidadãos estrangeiros e a mobilidade entre países praticamente parou - disse Cerejeira.
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Outro motivo apontado pelo professor diz respeito às medidas de apoio às empresas pelo governo de Portugal para evitar demissões. A ajuda econômica foi condicionada à manutenção de postos em certos casos.
- Isso travou a mobilidade de mão de obra entre empresas - lembrou Cerejeira.
O curioso é que existem 377,8 mil pessoas inscritas nos centros de empregos nacionais. Fato no qual se baseiam as frases como a da comerciante em busca de mão de obra em Amarante.
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Em junho, a taxa de desemprego divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) foi de 6,9%, menos 0,1 ponto que em maio. Naquele mês, o número de desempregados era de 356 mil.
A um mês das vindimas, época das colheitas nas quintas da Região Demarcada do Douro, entre setembro e outubro, os produtores de vinho voltam a lidar com a falta de mão de obra, problema que se arrasta há anos devido ao pouco interesse dos mais jovens e o envelhecimento da população especializada.
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