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Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

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Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

Por Gian Amato


Bombeiro combate incêndio em Casais do Vento, Portugal — Foto: Patrícia de Melo Moreira/AFP/10-7-2022
Bombeiro combate incêndio em Casais do Vento, Portugal — Foto: Patrícia de Melo Moreira/AFP/10-7-2022

Portugal começou a semana em alerta contra a onda de incêndios florestais que se alastrou por todo território no fim de semana. Foi declarado estado de contingência até sexta-feira e o pico está previsto para acontecer amanhã.

As temperaturas ultrapassaram os 40º em algumas cidades. O calor e a seca, que já castiga o país há semanas, ampliaram os incêndios. Muitos deles se aproximaram das residências, mas não há notícia de mortes.

Especialistas apontam que o risco de incêndio desta temporada é o mais alto dos últimos 42 anos. E preveem máximas de temperatura entre 39º e 45º esta semana. Não chove há cerca de um mês em algumas regiões.

Há mais de 80 cidades sob risco máximo nas regiões de Bragança, Vila Real, Braga, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Portalegre, Beja e Faro. Mas o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou todos os distritos de Portugal em perigo muito elevado de incêndio rural.

Apenas na manhã desta segunda-feira, antes das 8h da manhã, cerca de 35 incêndios eram combatidos por mais de 1,5 mil bombeiros, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Ao fim de domingo, eram 57 incêndios.

A situação obrigou Portugal a acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Dois aviões espanhóis atuam no combate em território português, ativados pela comissão europeia. Grande parte da Espanha também enfrenta incêndios rurais e está sob alerta vermelho.

A declaração de contingência e permite a adoção de medidas preventivas para a manutenção da segurança da população, residências e empresas em áreas de risco. Passa a ser proibido o acesso às áreas florestais. Queimadas e a utilização de máquinas também estão vetadas.

A medida também permite a contratação extraordinária para o combate aos incêndios e a mobilização para o regime de prontidão das equipes de emergência médica, saúde pública e apoio social.

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa cancelou visita oficial a Nova York e ressaltou que o país dispõe de meios limitados para o combate. O chefe de estado também fez apelo à população para que evite criar circunstâncias que causem incêndios.

— Temos, sobretudo nos próximos dias, um pico. Isto é uma situação muito mais grave do que a que corresponde à situação, já complicada, no período de verão — disse o presidente.

O primeiro-ministro António Costa também cancelou compromissos internacionais. O premier tinha na agenda uma visita oficial a Moçambique.

“Face às previsões meteorológicas que indicam um agravamento muito sério do risco de incêndio rural nos próximos dias, especialmente entre domingo e quarta-feira, o primeiro-ministro cancelou a visita oficial a Moçambique, prevista para os próximos dias 11 e 12 de Julho, de modo a estar permanentemente disponível no país”, informou um comunicado.

O cenário persiste em Portugal há pelo menos cinco anos, quando aconteceu a tragédia de Pedrógão Grande, em 2017. Naquele ano, 66 pessoas morreram. Apesar de o governo ter tomado algumas medidas, a associação de vítimas disse ao "Diário de Notícias" que o território continua abandonado.

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