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Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

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Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

Por Gian Amato


Universidade de Coimbra — Foto: Pixabay/Divulgação
Universidade de Coimbra — Foto: Pixabay/Divulgação

O professor de Sociologia e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Pedro Góis, informou ao Portugal Giro que detectou um processo de elitização da comunidade brasileira no ensino superior de Portugal.

Os valores das mensalidades, câmbio desfavorável e a alta dos aluguéis seriam os motivos. Mesmo assim, o número de brasileiros matriculados aumenta a cada ano. Mas, segundo o professor, foram os alunos das classes sociais mais altas do Brasil que mantiveram condições de estudar em Portugal.

— De acordo com o que temos assistido, há mais procura. Mesmo com o câmbio desfavorável, a comunidade brasileira nunca parou de crescer. Mas admito que há uma elitização e os mais pobres não conseguem estudar em Portugal — disse Góis.

A solução, para Góis, seria aumentar o número de bolsas e programas de intercâmbio com origem no Brasil. O professor lembra que, mesmo que consigam bancar mensalidades reduzidas, pagar as contas básicas seria um obstáculo.

— Sem a existência de bolsas, continuará a haver elitização, como já acontece. E há o problema para obter fundos para pagar estadia ao longo da formação — explicou o professor.

Os brasileiros são a maioria dos estudantes estrangeiros em Portugal. Em algumas ocasiões, dominam os cursos.

— Em todas as universidades, às vezes são maioria em sala de aula, superando os portugueses — disse Góis.

Presidente da Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb), Fellipe Vaz defende o trabalho em conjunto dos governos brasileiro e português para democratizar o acesso às salas de aula do país europeu.

— Talvez, o melhor caminho seja trabalhar em conjunto e alcançar investimentos governamentais para conseguirmos democratizar o ensino superior português. Seja agindo de maneira direta nos custos dos estudantes brasileiros ou com a criação de projetos com oportunidades para quem não tem condições financeiras — declarou Vaz.

Ele revela que a Apeb sugeriu a criação da mensalidade setorizada, cobrada de acordo com o custo de cada curso.

— As universidades têm a liberdade de fixar o valor das mensalidades internacionais de acordo com o custo gerado pelo aluno. O que nos leva a valores muito elevados, como na Universidade de Coimbra, de € 7 mil (R$ 38 mil) anuais. Valor muito elevado se comparado ao da mensalidade nacional, de € 697 (R$ 3,8 mil) anuais — comparou Vaz.

Para Anabelly Pontes, fundadora do coletivo Estudantes Internacionais, o mercado brasileiro virou importante fonte de alunos para as universidades portuguesas.

— Alguns podem pagar as mensalidades impostas pelas universidades, que enxergaram no Brasil um mercado para sustentar o ensino superior de Portugal. Tem outro grupo de estudantes brasileiros que ganha a bolsa, que é somente o direito de pagar como estudante nacional. Chegam com dinheiro curto, apostando que conseguirão um trabalho. Outros, contam com apoio da família, que se aperta para realizar o sonho do filho estudar no exterior — contou Pontes.

Um atalho para pagar o mesmo valor dos portugueses é conseguir o Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres. Leia mais sobre o tema.

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