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Invasão russa

Rabino detido e iate vigiado: a marcação sobre Abramovich em Portugal, que investiga cidadania do oligarca

Em foto de arquivo, o russo Abramovich durante um jogo do Chelsea em 2015

 Um dos responsáveis por certificar a cidadania portuguesa atribuída ao oligarca russo Roman Abramovich, o rabino Daniel Litvak foi detido quando tentava deixar o país com destino final em Israel.

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A prisão aconteceu na última quinta-feira no aeroporto do Porto e foi revelada pelo diário Público. Após ser liberado, Litvak teve que entregar seus dois passaportes.

Abramovich obteve cidadania portuguesa em seis meses, em um rápido processo de concessão que causou estranheza, segundo o advogado Gabriel Ezra disse ao Portugal Giro.

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O magnata teria provado a sua descendência de judeus sefarditas através de uma certificação realizada pela Comunidade Israelita do Porto, da qual Litvak é rabino. 

A Lei da Nacionalidade concede cidadania portuguesa aos descendentes de judeus sefarditas, perseguidos e expulsos da Península Ibérica na Inquisição. 

Há centenas de brasileiros na fila para obter a cidadania por esta via, mas os processos de estrangeiros pendentes seriam milhares e se arrastam por anos, garantem os especialistas.

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A prisão de Litvak acontece no momento em que estão em curso duas investigações sobre a concessão de cidadania a Abramovich: uma do Ministério Público e outra do Instituto dos Registos e Notariado. Foi alegado perigo de fuga e o rabino tem que se apresentar à polícia regularmente.

A detenção visa manter no país os suspeitos e provas sobre possíveis irregularidades nas concessões de cidadania a judeus sefarditas. Litvak foi indiciado por associação criminosa, corrupção ativa, fraude fiscal, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Documentos foram apreendidos.

Na última semana, o Reino Unido bloqueou os bens do russo, congelou a venda do Chelsea e retirou do bilionário russo o cargo de dirigente do clube londrino.

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Quase ao mesmo tempo, o Parlamento Europeu aprovou em Estrasburgo relatório que recomenda à Comissão Europeia o fim dos vistos gold e mais: sugere que “oligarcas russos com ligações a Putin não devem beneficiar de regimes de cidadania ou de residência”.

Em Portugal, o Ministério da Justiça informou à agência Reuters que a cidadania de Abramovich está mantida. As sanções europeias e do Reino Unido não se aplicariam ao russo em Portugal.

Nas redes, o acompanhamento dos iates do magnata é em tempo real. Segundo a gestora internacional de superiates, Patrícia Davet, um deles, o Eclipse, saiu do caribe e navegou pela costa africana e ao sul da Ilha da Madeira, mas evitou ancorar em uma das ilhas do arquipélago português.

— É difícil afirmar a razão pela qual a Ilha da Madeira não foi considerada como “bunkering stop” no plano de navegação — disse Davet.

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Fundadora de uma empresa em Luxemburgo voltada para o mercado de superiates brasileiros, a gestora disse acreditar que o Eclipse siga a rota do Solaris, outro superiate do russo.

— O Solaris encontra-se na Turquia e penso que seja o mesmo destino do Eclipse. Acredito que seguirão a mesma rota do Titan, o superiate de Alexander Abramov, que chegou nas Ilhas Maldivas na semana passada depois de partir de Fethiye, na Turquia — explicou Davet.

Portugal, até o momento, não apreendeu bens de oligarcas russos, como mansões ou iates.

 

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