Marco da queda da ditadura do Estado Novo, o 25 de Abril ganhou um novo tom de liberdade este ano em Portugal.
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Feriado nacional, a data coincide com o início da primeira semana completa sem a exigência do uso da máscara em locais fechados.
As celebrações de hoje, que honram o 48º aniversário da Revolução dos Cravos, formam o primeiro grande evento público da nova retomada após o auge da crise de Covid-19.
O tradicional desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa, foi cancelado em 2020 e os portugueses foram às janelas comemorar, porque era o único escape possível.
Em 2021, o desfile aconteceu no contexto das medidas de contenção à pandemia. Sem restrições este ano, a comissão organizadora apelou à participação popular, mas com responsabilidade.
No Porto, o Desfile pela Liberdade será entre o Museu Militar e a Avenida dos Aliados, no centro da Invicta, onde haverá atividades culturais. Uma homenagem aos resistentes antifascitas acontecerá no antigo edifício da PIDE, a polícia repressora do regime.
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A obrigatoriedade do uso da máscara determinada pelo governo em 30 de abril de 2020 durou quase dois anos. Caiu na última sexta-feira, mas persiste nos transportes públicos e locais onde há pessoas vulneráveis, como hospitais e asilos.
No primeiro fim de semana sem a medida, pessoas tiraram a máscara nos restaurantes e pontos turísticos, lotados de turistas e portugueses.
Nas escolas também não há exigência, mas alunos mais receosos mantiveram as máscaras nos rostos no primeiro dia.
Na sexta-feira, o Parlamento teve a sua primeira sessão sem a obrigatoriedade da medida. A maior parte dos deputados já estava sem máscaras quando o presidente da Assembleia, Augusto Santos Silva, anunciou:
— Ninguém está obrigado a usar máscara e ninguém está impedido de usar máscara.
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Hoje, após sessão solene em homenagem ao 25 de Abril, o Parlamento será aberto ao público pela primeira vez sem restrição de lotação.
O mesmo acontecerá nas visitas à residência oficial do primeiro-ministro António Costa, no Palácio São Bento, onde haverá programação cultural.
Em julho de 2021, Costa chegou a falar em libertação total no fim daquele verão, o que não aconteceu.
Às 18h, a comissão organizadora do desfile pediu novamente aos meios de comunicação que transmitam a música "Grândola, Vila Morena" para os portugueses voltarem a cantar juntos, como no auge da pandemia. A canção foi uma das senhas para o início da revolução que encerrou 41 anos de ditadura.