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O único escritor de Paraty

por Miguel Conde

André Laurentino foi o primeiro escritor a chegar a Paraty. Está aqui desde segunda-feira com a mulher. Esta é sua terceira Flip. Da primeira vez que veio, em 2004, participou da oficina literária com Milton Hatoum e fechou negócio para publicar seu primeiro romance,"A paixão de Amâncio Amaro" (Agir). Na segunda, em 2005, o livro estava no prelo e foi discutido por Raimundo Carrero na reedição da oficina. Agora, Laurentino volta como autor convidado. Vai falar na primeira mesa da Flip, na manhã de quinta-feira. Até lá, gasta o tempo passeando pela cidade e, principalmente, lendo. - Ontem sentei num restaurante e fiquei lendo"Filme", da Lillian Ross. Isso aqui são minhas férias de sonho. Uma dimensão paralela onde todo mundo fala de literatura - diz. Por enquanto, Laurentino é o único escritor aqui. Uma repórter acaba de chegar à sala de imprensa pedindo um autor qualquer para entrevistar. Laurentino para ela. Na quarta chegam quase todos os convidados. Muitos vão ficar na mesma pousada de Laurentino, na Praça da Matriz, a poucos metros das tendas onde serão feitos os debates. Entre os hóspedes, estarão Tariq Ali e Christopher Hitchens, dois autores que escrevem muito sobre política, com posições antagônicas sobre quase todos assuntos (Ali, por exemplo, foi contra a Guerra do Iraque, apoiada por Hitchens). Os dois já se encontratam em diversas mesas-redondas e, dizem, andam meio cansados um do outro. A propósito: Lillian Ross, autora do livro mencionado por Laurentino, é uma das mais importantes jornalistas americanas. Escreve há anos a coluna"The talk of the town", na revista"New Yorker". Ela participa de um debate sobre jornalismo literário na sexta-feira, com Philip Gourevitch, editor da"Paris Review". "Filme" é uma grande reportagem sobre as filmagens de"A glória de um covarde" (The red badge of courage), adaptação de John Huston do livro de Stephen Crane. Lillian Ross utilizou no texto, jornalístico, técnicas da narrativa ficcional. Mesma idéia utilizada por John Hershey em"Hiroshima" (1946) e por Truman Capote em"A sangue frio" (1966).

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