Sonar - A Escuta das Redes
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Sonar - A Escuta das Redes

Um mergulho nas redes sociais para jogar luz sobre a política na internet.

Informações da coluna

Por Daniel Gullino e Melissa Duarte


Vídeo postado por Bolsonaro no Kwai — Foto: Reprodução
Vídeo postado por Bolsonaro no Kwai — Foto: Reprodução

Na manhã de quinta-feira passada, horas após a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro publicou um vídeo curto em sua conta no Kwai, com um trecho de uma entrevista em que dizia não ter responsabilidade no caso. O mesmo vídeo, com cortes entre as falas e trilha sonora ao fundo, foi publicado também no TikTok — mas não nas outras redes sociais de Bolsonaro, em que ele só publicou a entrevista completa, com mais de 1h.

O episódio mostra como Bolsonaro tem se adaptado às duas redes, que fazem sucesso entre os jovens devido justamente aos seus vídeos curtos. O Kwai, especificamente, é um território ainda pouco explorado pelos pré-candidatos a presidente. Até o momento, apenas Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT) e André Janones (Avante) têm perfis na rede — com larga vantagem para Bolsonaro em número de usuários: o presidente tem quase 500 milseguidores, contra 172 mil de Ciro e 40 mil de Janones.

O Kwai informa que teve 45,4 milhões de usuários ativos na média mensal de 2021, utilizando dados da ComScore. De acordo com a rede, a maioria desses usuários está nas regiões Norte e Nordeste, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem força eleitoral. Entretanto, até o momento, Bolsonaro não desenvolveu uma estratégia específica na rede para alcançar a região: os vídeos publicados lá são os mesmos que ele utiliza no TikTok. As publicações seguem um padrão: quase sempre são vídeos curtos, com edição rápida, geralmente de trechos de discursos e entrevistas seus, e sempre com uma trilha sonora ao fundo.

Por vezes, Bolsonaro aposta em vídeos bem-humorados, como um em que posa para uma foto ao som de uma música do cantor americano Marvin Gaye ou uma interação com um cachorro que segura uma bola de futebol com a boca.

Apesar do tom mais leve, também há espaço para ataques a Lula, seu principal adversário na eleição. Bolsonaro destacou, por exemplo, declarações de Lula sobre os sequestradores do empresário Abilio Diniz e sobre jovens que roubam celulares.

Perfil de Bolsonaro na rede social Kwai — Foto: Reprodução
Perfil de Bolsonaro na rede social Kwai — Foto: Reprodução

Além de largar na frente no Kwai, Bolsonaro também é líder no TikTok, onde conta com 1,8 milhão de seguidores. Lula só estreou na rede na semana passada, e por enquanto tem 97 mil seguidores.

Todas as redes sociais do presidente estão sob a responsabilidade do vereador Carlos Bolsonaro (Republicano-RJ), sem influência da equipe que coordena a pré-campanha à reeleição.

Como a maioria das principais redes sociais, tanto o Kwai quanto o TikTok fecharam um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para combater desinformação em suas plataformas. Essa parceira inclui a criação de páginas exclusivas para a divulgação de informações sobre o processo eleitoral e o treinamento para equipes do TSE.

Para Wladimir Gramacho, professor de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública (CPS/UnB), o Kwai tem potencial para ser mais explorado pelos candidatos, mas a tendência é que eles não conseguiam fugir da bolha, incluindo eventual propagação de desinformação.

— Essa desinformação circula, basicamente, dentro das bolhas. Então, tem um grande potencial de mobilização de uma base eleitoral, como a do Bolsonaro, mas terá menor capacidade de influenciar não-simpatizantes, de converter votos — avalia. — Esses espaços, essas bolhas têm grande papel de mobilização pensando no candidato. Pensando no processo eleitoral, tende a potencializar a polarização

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