Sonar - A Escuta das Redes
PUBLICIDADE
Sonar - A Escuta das Redes

Um mergulho nas redes sociais para jogar luz sobre a política na internet.

Informações da coluna


Página da Funag que foi tirada do ar — Foto: Reprodução
Página da Funag que foi tirada do ar — Foto: Reprodução

Jan Niklas

O YouTube tirou do ar o canal oficial da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), órgão de pesquisa e divulgação do Ministério das Relações Exteriores. A página da entidade já havia sido alvo de remoção de conteúdo por propagar desinformação sobre a pandemia da Covid-19, segundo identificou levantamento da consultoria de análise de dados Novelo Data.

Em nota, a Funag informa que o canal foi invadido por hackers e acabou removido da plataforma após a publicação de "conteúdo indevidamente veiculado sob o perfil falso Microstrategy". A Fundação já solicitou ao Youtube a recuperação do canal, e ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, o aumento na segurança da informação.

Procurado pelo GLOBO, o YouTube não deu detalhes sobre o motivo do bloqueio e afirmou que o “caso está sob análise”.

Em 2020, um vídeo publicado no canal do órgão que falava sobre a "nocividade do uso de máscaras" foi apagado. Sem apresentar evidências científicas, a produção dizia que o uso de máscaras faz mal à saúde de pessoas saudáveis. Também chegou a ser removido do perfil da Funag um vídeo de 2021 em que o comentarista Alexandre Garcia falava sobre “tratamento precoce para o coronavírus”.

Mesmo após a remoção, uma série de outros vídeos de palestras sobre a Covid-19, que lançavam dúvidas sem comprovação científica sobre a importância do isolamento social, do uso de máscaras e da vacinação para o combate à pandemia, seguia no ar no canal.

A Funag é uma fundação voltada para a difusão de temas da agenda da política externa brasileira. Após a passagem do ex-ministro Ernesto Araújo pelo Itamaraty, o órgão se tornou uma espécie de think tank bolsonarista e passou a divulgar autores e obras alinhados com a corrente conhecida como “antiglobalista”.

Durante sua gestão, Araujo nomeou o diplomata Roberto Goidanich para presidir a Fundação. Sob sua direção, a Funag passou a privilegiar a promoção de pensadores alinhados ao ideólogo Olavo de Carvalho.

No YouTube, a entidade vinha publicando as palestras e seminários que organizava. O canal reunia mais de 1.400 vídeos, segundo levantamento da Novelo Data. Grande parte é de temas ligados ao estudo das Relações Internacionais, com discursos de embaixadores e diplomatas.

Porém, também trazia dezenas de vídeos com palestras de figuras de proa do bolsonarismo, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além de influenciadores como Bernardo Küster, Flavio Gordon e Leandro Ruschel. Entre os temas dessas palestras há titulos como "CPI do Foro de São Paulo", "A questão do aborto", "A vitimização da esquerda", "A ONU e o comunismo", entre outros.

Em 2020, conforme revelou O GLOBO, o órgão tentou usar sistemas de comunicação internos do governo federal para divulgar a milhões de servidores públicos seminários realizados por blogueiros bolsonaristas investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Após Araújo deixar o Itamaraty, Goidanich também foi exonerado da presidência do instituto, em julho de 2021. Em seu lugar assumiu a ex-cônsul-geral do Brasil em Los Angeles, nos Estados Unidos, Márcia Loureiro.

Mais recente Próxima

Inscreva-se na Newsletter: Sonar