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Republicanos propõem suspender teto da dívida e afastam risco de calote dos EUA

Senadores democratas se mostram dispostos a aceitar uma prorrogação de dois meses para elevar o limite e cumprir as obrigações financeiras do Governo

María Antonia Sánchez-Vallejo
Mitch McConnell economía en Estados Unidos
O líder da minoria republicana do Senado, Mitch McConnell, nesta quarta-feira no Capitólio.J. Scott Applewhite (AP)

O thriller do teto de endividamento, que colocou os EUA à beira da primeira suspensão de pagamentos da sua história, pode ficar momentaneamente adiado depois da oferta do líder republicano no Senado, Mitch McConnell, de suspender o limite durante dois meses, até 18 de dezembro, evitando assim uma crise financeira sem precedentes. Os senadores democratas mostraram sua disposição em aceitar a oferta republicana, que demonstra duas coisas: que a solução oferecida é só um emplastro e que a oposição já dita a agenda legislativa e inclusive a do Executivo de Joe Biden, com os olhares definitivamente voltados para as eleições legislativas de 2022.

A encarniçada negociação sobre o teto da dívida coincidiu também com a dos dois planos de infraestrutura que constituem a espinha dorsal da agenda doméstica de Biden, e que não só enfrentam a resistência da oposição republicana como também de parte dos democratas. Todas as iniciativas avançam, portanto, aos trancos e barrancos, de maneira que a suspensão provisória do teto da dívida representaria, mais que um remendo, um alívio momentâneo para a Administração.

Até agora, os democratas tentavam suspender o teto de endividamento até dezembro de 2022, com o objetivo de evitar o debate em meio à campanha para as eleições legislativas do ano que vem, que renovam toda a Câmara e parte do Senado. A proposta foi aprovada na semana passada pelos deputados, mas ainda dependia da votação no Senado. McConnell, como líder dos republicanos no Senado, já tinha anunciado sua recusa a qualquer medida de longo prazo. No Senado, para aprovar qualquer lei, são necessários 60 votos do total de 100; atualmente, democratas e republicanos empatam em 50 assentos.

Nesta quarta-feira, antes de o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, anunciar que aceitaria a proposta republicana, a senadora Tammy Baldwin afirmou à CNN que aprovar um aumento do teto que seja suficientemente alto para cobrir as obrigações financeiras do país até dezembro equivaleria a “uma vitória temporária” de seu partido, mas “com muito trabalho pendente pela frente”.

Estes primeiros meses de mandato não poderiam ser mais complicados para Biden. Ao fiasco do Afeganistão e à enésima crise de imigração na fronteira, entre outros sobressaltos, acrescenta-se um Congresso em pé de guerra, onde cada projeto de lei é defendido ou atacado, conforme o caso, com unhas e dentes. Em relação ao teto de endividamento, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, vem advertindo que a falta de acordo levaria o país a “uma crise recessiva” sem comparação. O próprio Biden se viu obrigado a entrar na arena e nesta quarta se aliou em uma frente comum aos dirigentes das principais empresas do país, incluindo vários grandes bancos, numa tentativa quase desesperada de pressionar os republicanos a suspender, mesmo que provisoriamente, o limite de endividamento.

“Nossos amigos republicanos devem deixar de jogar roleta-russa com a economia norte-americana”, declarou o presidente durante uma reunião telemática com os altos executivos. Yellen reiterou que a partir de 18 de outubro os cofres públicos “ficarão quase sem liquidez e ela se esgotará rapidamente”, o que situaria o país à beira de uma “crise financeira” como a de 2011, durante o mandato de Barack Obama. Na época, o banco Standard & Poor’s rebaixou a nota de solvência do país, que no entanto acabou conseguindo evitar um default.

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