• Bruna Martins
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O mundo dos esportes também tem suas febres e vira e mexe vemos algum deles se tornar moda e ganhar novos adeptos em um curto espaço de tempo. Foi assim com o beach tennis: esporte que passou a bombar na pandemia e fez surgir quadras de areia espalhadas pelas cidades. E o mercado imobiliário, atento às tendências do setor de lazer, também passou a incorporar essas quadras aos lançamentos recentes.

A guy ready to receive ball in a beach tennis court. (Foto: Getty Images/iStockphoto)

Quadras de areia e mais: a aposta no lazer de luxo para empreendimentos do setor econômico (Foto: Getty Images)

E não pense que essa novidade chegou apenas para as os residenciais voltados às classes mais altas. Construtoras e incorporadoras voltadas às camadas mais populares, especialmente aquelas que utilizam o programa de financiamento habitacional Casa Verde e Amarela, do Governo Federal, também entraram na onda das quadras de areia.

É o caso da construtora Danpris, por exemplo. Com empreendimentos focados no público com renda de até R$ 6 mil mensais, a empresa passou a oferecer espaços voltados à prática dos esportes de areia em seus residenciais. Segundo Dante Seferian, CEO da empresa, estar antenado às novidades faz parte do compromisso de proporcionar qualidade de vida aos moradores.

“O primeiro limitador desse público é a capacidade de compra, então o apartamento em si costuma ser mais compacto. Isso faz com que tenhamos que proporcionar lazer e outras atividades nos espaços comuns, para que tudo isso funcione como um grande diferencial”, conta Dante.

Casa de 1400 m² com jardim, piscina e área social integrada (Foto: Fávaro Jr. )

Segundo pesquisa, apenas 3% dos moradores possuem piscina em casa - no entanto, 54% deles gostariam de tê-la em seu espaço de lazer. Na foto, projeto do arquiteto Márcio Melo (Foto: Fávaro Jr.)

Não à toa, as pessoas são atraídas por essas opções de lazer: trata-se de algo que poucos têm e que, realmente, sentem falta no dia a dia. Segundo o Censo de Moradia QuintoAndar, realizado recentemente em parceria com o DataFolha, apenas 47% dos entrevistados possuem área externa ou quintal em casa – e esse índice reduz para 41% entre os públicos de classes D e E. Pisicina também é objeto de desejo: está presente em apenas 3% das residências, mas 54% dos participantes dizem que gostariam de ter. 

Dedicação aos pets

Além das quadras de areia, minimercados e espaços pet são outras tendências recentes do mercado imobiliário. E, no caso dos bichinhos, a gama de serviços vem ficando cada vez mais ampla, segundo conta Renée Silveira, diretora de Incorporação da Plano&Plano.

Dicas para quem vai adotar um pet (Foto: Getty Images)

Espaços dedicados aos pets vêm se multiplicando nos empreendimentos, com cada vez mais disponibilidade de lazer e serviços para os bichinhos (Foto: Getty Images)

“Acompanhando a evolução do público e da necessidade dele ao longo dos anos, vamos fazendo ajustes nas características dos empreendimentos. Os espaços pets são o melhor exemplo dessas adaptações: foi algo que ocorreu nos últimos cinco anos e, hoje, além do pet place e do pet care para os cuidados dos bichinhos (como banho), alguns empreendimentos têm até espaço para o pet agility”, detalha a diretora.

Todas as idades

Piscina infantil com toboágua, playground, brinquedoteca, pista de skate e quadras poliesportivas também são diferenciais que chamam a atenção nos edifícios voltados ao público de baixa ou média renda.

“Os imóveis dessas faixas costumam atrair famílias que estão indo para a primeira moradia, que vão casar, recém-casados, com filhos pequenos ou pensando em ter filhos, então é preciso pensar em um lazer para todo mundo, tanto para os adultos quanto para os públicos infantil e juvenil”, destaca Dante, da Danpris.

Home office

O trabalho em casa também foi uma das tendências trazidas pelo período de isolamento social – e que não deve ir embora tão cedo, já que muitas empresas tornaram permanente o sistema de trabalho remoto. Como a grande parte dos apartamentos considerados populares possuem um ou, no máximo, dois dormitórios, e com metragem total em torno dos 50 m², montar um escritório em casa nem sempre é tarefa simples.

Quadras de areia e mais: a aposta no lazer de luxo para empreendimentos do setor econômico (Foto: Getty Images)

Espaços de coworking são tendência dos empreendimentos imobiliários, inclusive do setor econômico (Foto: Getty Images)

Pensando nisso, as construtoras também vêm adotando a inclusão dos espaços de coworking nos novos empreendimentos. Segundo Renée, da Plano&Plano, a estratégia do negócio é agradar aos dois tipos de público existentes.

“Sabemos que a pandemia tornou o home office parte da vida das pessoas, mas muitas ainda precisam se deslocar até o trabalho. Por isso, hoje, oferecemos estrutura de coworking dentro dos empreendimentos, mas sem deixar a mobilidade urbana de lado e estando sempre perto de estações de metrô e pontos de ônibus, por exemplo”, explica.

Economia

Para as famílias de menor poder aquisitivo, a existências das áreas de lazer e descanso dentro do próprio condomínio pode significar, também, uma importante economia no final do mês. É o que percebe Fernando Fuziy, CEO da incorporadora Corpal. Em seu primeiro condomínio fechado de casas incluso no segmento econômico, a empresa não deixa de apostar em diferenciais de alto padrão, como piscinas, praça e quadras esportivas (incluindo de beach tennis), espaços gourmets, praça da criança e academia completa.

Small gym without people (Foto: Getty Images/iStockphoto)

Academias completas também são diferenciais (Foto: Getty Images)

“Diferente do público alto padrão, o cliente do econômico não pretende construir grandes áreas de lazer em seu terreno. Com lotes menores (terrenos a partir de 200 m2) e vastas opções de lazer compartilhado, viver em um condomínio com clube ou até mesmo o conceito de resort, como são os nossos, passa a ser uma solução para fechar a conta de orçamentos mensais dos moradores”, ressalta o CEO.

E ele diz que a economia não se aplica somente ao momento da construção, mas o valor final também tende a ser mais interessante quando o assunto é taxa de condomínio. “Nos condomínios econômicos, costumamos projetar espaços que demandem manutenções
menos frequentes, trazendo menos impactos para a mensalidade condominial”, explica.

Em um mercado tão acirrado como é o setor imobiliário, não dá para ficar para trás. Apostar em áreas de lazer de luxo para os empreendimentos do segmento econômico é o que pode fazer um negócio sair na frente na disputa pelo seu público-alvo – que, é claro, também pretende alcançar qualidade de vida.