• 22/04/2020
  • DANIELA HIRSCH
Atualizado em

As medidas de isolamento social no Brasil não seguiram a rigidez de outros países, mas milhões de pessoas respeitaram as orientações de ficar em casa e sair apenas para atividades essenciais, como a compra de alimentos e remédios. Enquanto debates diários são pontuados por questões de ordem sanitária e econômica, empresários e profissionais liberais ligados à arquitetura, decoração e design se desdobram para encontrar caminhos que mantenham seus negócios saudáveis ou, pelo menos, que reduzam os impactos negativos da quarentena.

“O contexto da pandemia acelerou tendências relacionadas ao morar. O confinamento despertou a urgência por ajustes rápidos na decoração da casa, com soluções de higiene, de organização e até para melhorar o humor”, afirma Luiza Loyola, pesquisadora de tendências da WGSN. A especialista comenta com o olhar voltado para o consumidor final. E é a necessidade dele que vai alimentar toda a cadeia produtiva do setor. Para convencer os clientes, as marcas estão ajustando praticamente toda semana suas estratégias, muitas delas definidas no fim do ano passado – e claro que nenhuma previa esta situação de proporções mundiais.

Confira a seguir os caminhos que têm dado retorno positivo às empresas e aos profissionais. Eles também fazem um exercício de futurologia e revelam como imaginam a nova vida depois do fim do isolamento. São olhares múltiplos que navegam do trabalho remoto e do consumo consciente às relações afetivas e entre marcas e clientes.

O lado otimista dos negócios (Foto:  Leca Novo)

“O contexto da pandemia acelerou tendências relacionadas ao morar. O confinamento despertou a urgência por ajustes rápidos na decoração da casa, com soluções de higiene, de organização e até para melhorar o humor.” Luiza Loyola, pesquisadora de tendências da WGSN (Foto: Leca Novo)

A casa no centro das atenções
Pode soar irônico, mas o lugar que se viu transformado da noite para o dia, com as recomendações de recolhimento social, foi a casa. No ritmo que as pessoas vinham dedicando ao trabalho e ao lazer, a residência tornou-se, aos poucos, um endereço de pouso. Às vezes os moradores realmente só prestavam atenção aos espaços pessoais em fins de semana – isso se não saíssem de sua cidade para descomprimir em um refúgio na serra ou próximo ao mar.

Falando em refúgio, esta é a aposta para a definição de casa no pós-pandemia. Ela retomará seu status de local de acolhimento, de segurança, de intimidade, de conforto. “Nesta crise, a valorização da casa estará muito em evidência. Voltará a ser o abrigo, o universo particular das pessoas. Só isso já sinaliza um potencial absurdo de trabalho para os profissionais, que podem contribuir muito nos processos de adaptação e transformação. O mercado de pequenas reformas e ajustes na decoração vai aquecer”, aposta o empresário Lauro Andrade, idealizador da DW! Design Weekend e sócio-diretor da High Design Home & Office. Segundo ele, os profissionais devem encontrar seu papel nesse ecossistema e em que nichos desejam atuar, para oferecer de maneira assertiva seus serviços.

Na onda de resgate da convivência residencial mais intensa, o Westwing, plataforma digital de e-commerce, aproveita para estreitar relação com seus clientes virtuais. “Já estávamos dentro da casa, com conteúdo e produtos. É momento de consolidar a expansão para além da decoração e do design. Se as pessoas estão em transformação nessa fase e suas casas também, nossos times internos precisam pensar diferente para oferecer novas formas de bem-estar, com ideias de conforto e de saúde”, comenta Indra Sentini, diretora de marketing orgânico do Westwing. Precisa de itens para um banho relaxante? Vai encontrar ali. Quer se exercitar na sala? Também há acessórios à venda. Para fidelizar o consumidor, recentemente a marca lançou o WestwingNow, site que disponibiliza produtos exclusivos por tempo indeterminado (as campanhas com empresas parceiras funcionam por períodos curtos) e com menor tempo de entrega.

O lado otimista dos negócios (Foto:  Juan Guerra)

“Nesta crise, a valorização da casa estará muito em evidência. Só isso já sinaliza um potencial absurdo para os profissionais, que podem contribuir muito nos processos de adaptação e transformação. O mercado de pequenas reformas e ajustes na decoração vai aquecer.” Lauro Andrade, empresário idealizador da DW! Design Weekend e sócio-diretor da High Design Home & Office. (Foto: Juan Guerra)

O lado otimista dos negócios (Foto:  Divulgação)

Interface do recém-lançado site WestwingNow, que disponibiliza produtos exclusivos por tempo indeterminado (as campanhas com empresas parceiras funcionam por períodos curtos) e com menor tempo de entrega. (Foto: Divulgação)

Reações imediatas para clientes
A agilidade exigida por órgãos responsáveis, gestores públicos e a classe médica diante do combate ao novo coronavírus também pairava nas lideranças das companhias de decoração e design. O fechamento de lojas físicas demandou alternativas rápidas para que as receitas não despencassem de vez.

A Breton prorrogou o lançamento da nova coleção, que originalmente seria no fim de maio, mas manteve a data de abertura de mais duas franquias, em Manaus e Roraima, previstas para julho. “Nosso planejamento considerava a estreia do site Breton Casa, com venda de acessórios, no segundo semestre, mas aceleramos o movimento. Em 15 dias colocamos no ar”, afirma André Rivkind, CEO da marca.

No monitoramento online das últimas semanas, uma das categorias mais procuradas na Tok&Stok foi home office. Imediatamente esses produtos ganharam uma página especial em destaque, acompanhada por dicas de organização. Em paralelo, na primeira semana de abril começou a campanha “Sua casa, sua melhor companhia”, no Instagram da marca, com o arquiteto Maurício Arruda como anfitrião. “Mais do que nunca a casa se tornou um porto seguro. Nela havia espaços esquecidos ou que pedem ajustes para se tornarem mais funcionais”, diz Maurício Ferro, head de marketing e comunicação da Tok&Stok.

Outras empresas também estão com campanhas no ar que seguem a mesma linha. A Uniflex direcionou rapidamente 80% de seus recursos de marketing para o universo digital. Sua campanha #valorizesuacasa é mais um recurso que estreita a relação entre vendedor e consumidor final. A Artefacto manteve as promoções de janeiro e fevereiro como uma de suas estratégias emergenciais.

A Tapetah, com produção artesanal de tapetes e uma rede de 300 lojistas autorizados em todo o Brasil, fez a promoção “Viva seu lar”, com vendas de peças pronta entrega de showroom, com até 50% de desconto. “A gente se inspirou no pensamento do escritor inglês John Ruskin, que destacava no século 19 a casa como um local de paz, para se resguardar de situações de perigo e medo. E casa também é lugar de afeto. Tem tudo a ver com o momento atual, que certamente será um divisor de águas para todos os negócios”, afirma Jivago Bernardi, diretor de marketing da Tapetah.

Para inspirar seus clientes, o grupo Dell Anno JVCA contratou a empresa especializada em tours virtuais iTeleport e preparou uma visita à sua maior loja, no shopping Lar Center. Neste link você pode checar as novidades do showroom, com informações sobre acabamentos e demais descrições dos produtos. “Criamos esta ferramenta especialmente para o período em que a loja está fechada, mas o retorno foi tão bom que vamos usar este recurso mais vezes. Como a gravação aconteceu depois do início da pandemia, seguimos com rigor os protocolos de segurança a fim de preservar a saúde das pessoas envolvidas”, detalha João Victor Pereira, CEO do grupo Dell Anno JVCA.

O lado otimista dos negócios (Foto: Divulgação)

Site com venda de acessórios da Breton programado para o segundo semestre foi desenvolvido em 15 dias. Já está no ar e com divulgação em redes sociais. (Foto: Divulgação)

O lado otimista dos negócios (Foto: Divulgação)

“Mais do que nunca a casa se tornou um porto seguro. Nela havia espaços esquecidos ou que pedem ajustes para se tornarem mais funcionais.” Maurício Ferro, head de marketing e comunicação da Tok&Stok (Foto: Divulgação)

O lado otimista dos negócios (Foto:  Divulgação)

“A gente se inspirou no pensamento do escritor inglês John Ruskin, que destacava no século 19 a casa como um local de paz, para se resguardar de situações de perigo e medo. Tem tudo a ver com o momento atual, que certamente será um divisor de águas para os negócios.” Jivago Bernardi, diretor de marketing da Tapetah (Foto: Divulgação)

Reações imediatas nas fábricas
Os bastidores da indústria moveleira também foram afetados imediatamente. Quem pode fechou as portas. Os que mantiveram a produção, mesmo que em ritmo desacelerado, respeitaram todas as recomendações sanitárias e foram além. Ninguém cogita realizar demissões a curto prazo. “Nossa operação está ativa, mas metade dos funcionários estão em férias coletivas. Ajustamos horários em turnos menores e escalonados, assim não há aglomerações. Providenciamos luvas, máscaras e álcool gel para a equipe, além de medirmos a temperatura de todos na entrada e na saída da fábrica, em Cotia”, explica Graziella Castanheira, diretora de marketing da Uniflex. A companhia estendeu as precauções aos instaladores, que vestem roupas especiais, igualmente com luvas e máscaras e foram treinados para procedimentos de higienização ao entrar e sair dos ambientes, tanto corporativos quanto residenciais.

A fábrica do grupo Unicasa, do qual a Dell Anno faz parte, no Rio Grande do Sul, está fechada. “Mas assim que permitirem, reabriremos, porém com metade dos funcionários num primeiro momento. Dessa forma retomaremos a produção, mas expondo um menor número de pessoas. O retorno de todos será gradual. Isso já é parte de uma mudança profunda nas relações trabalhistas. Imagino que a legislação brasileira, alterada recentemente, precisará rever pontos como escalas e trabalho remoto”, analisa Edson Busin, diretor de marketing e P&D do grupo.

A recuperação econômica sinalizada na virada do ano se refletiu em números superpositivos para a Artefacto. “Dezembro, janeiro e fevereiro de 2020 foram os três melhores meses de comercialização da nossa história. Contudo tenho que produzir e entregar essas vendas. É um cobertor curto... Um trabalho de reengenharia interna que devemos fazer imediatamente. É hora de rever tudo mesmo, o mundo está revendo. Estamos com um grupo de urgência já pensando em criar outros critérios de avaliação e possibilidades”, detalha Pedro Torres, gestor Brasil da Artefacto. Ele ainda ressalva que sua indústria é composta por mão de obra típica de liceu de ofícios – carpinteiros, marceneiros, tapeceiros, costureiros. A automatização não existe, há apenas ferramentas disponíveis para o trabalho manual. Portanto segue com sua operação suspensa [pelo menos até fim de abril, conforme entrevista concedida em meados do mês], o que afetará consequentemente os prazos de entrega.

Entre os pequenos empresários, a linha de produção também está comprometida. O designer Paulo Alves comanda um time de 20 pessoas em sua marcenaria. “Estão todos em casa, de férias. Realizo apenas reuniões virtuais com as pessoas da área administrativa e está funcionando muito bem. É momento de refletirmos a obsessão por produtividade. A crise veio para chacoalhar. Aposto em algo intermediário, sem o frenesi, a loucura de produção, compra e entrega em ritmo acelerado”, reflete.

O lado otimista dos negócios (Foto:  Zéto Telöken)

“O retorno de todos à fábrica e ao escritório será gradual. Isso já é parte de uma mudança profunda nas relações trabalhistas. Imagino que a legislação brasileira, alterada recentemente, precisará rever pontos como escalas e trabalho remoto.” Edson Busin, diretor de marketing e P&D do grupo Unicasa (Foto: Zéto Telöken)

O lado otimista dos negócios (Foto:  Manuel Sá)

“É momento de refletirmos a obsessão por produtividade. A crise veio para chacoalhar. Aposto em algo intermediário, sem o frenesi, a loucura de produção, compra e entrega em ritmo acelerado.” Paulo Alves, designer e empresário [à direta na foto, com camisa cinza] (Foto: Manuel Sá)

Ações solidárias 
Se a fase exige reflexão tanto ligada às relações pessoais como nas empresariais, alguns negócios encontraram maneiras solidárias de atuar, em movimentos nunca antes imaginados. O Westwing decidiu assumir a logística de entrega de fornecedores. “Estreamos agora o modelo ship from store (SFS). Pegamos os produtos nas lojas físicas e levamos até o cliente. Até então, o fornecedor mandava os produtos vendidos ao nosso centro de distribuição e fazíamos a entrega final, com frota própria (WestwingLog) e terceirizada. Estamos entendendo toda a complexidade desse novo jeito de funcionar, mas será melhor pois ajudamos as marcas com coração no formato físico e conseguimos oferecer mais diversidade ao nosso cliente”, diz Indra Sestini, diretora de marketing orgânico do Westwing.

Com um radar atento às experiências promovidas pela Artefacto, Pedro Torres relembra o quanto já foi questionado sobre manter ou não as festas de lançamento de suas mostras de decoração. Esse seria o melhor momento para rever os gastos, mas o executivo confessa: “Numa rápida conta, a organização de uma festa de abertura para quatro mil convidados dá emprego e serviço para quase o mesmo número de pessoas. Geramos trabalho indireto que vai alimentar quase quatro mil famílias! Isso porque precisamos de fornecedores em muitas frentes, de estruturas de cobertura a bufê, passando pelos prestadores de serviço dos próprios profissionais participantes da mostra. Temos que continuar com esse propósito de criar oportunidades para gerar empregos e aquecer nosso mercado”.

Além dos exemplos acima em que o negócio como um todo se beneficia, há casos em que a ação é pontual e desenvolvida apenas para o período de combate à pandemia. Num tom solidário, a Breton demonstra seu apoio com o empréstimo de mobiliários a serem alocados nas áreas de descompressão para profissionais da saúde, nos hospitais de campanha construídos dentro do estádio do Pacaembu e no centro de exposições Anhembi, ambos na capital paulista. As peças cedidas são indicadas para áreas externas, portanto facilmente higienizadas com água e sabão.

O lado otimista dos negócios (Foto:  Cleiby Trevisan)

“Estreamos agora o modelo ship from store (SFS). Será melhor pois ajudamos as marcas com coração no formato físico e conseguimos oferecer mais diversidade ao nosso cliente online.” Indra Sestini, diretora de marketing orgânico do Westwing (Foto: Cleiby Trevisan)

O lado otimista dos negócios (Foto:  Divulgação)

“Numa rápida conta, a organização de uma festa de abertura de mostra para quatro mil convidados dá emprego e serviço para quase o mesmo número de pessoas. Geramos trabalho indireto que vai alimentar quase quatro mil famílias! Temos que continuar com esse propósito de criar oportunidades para gerar empregos e aquecer nosso mercado.” Pedro Torres, gestor Brasil da Artefacto (Foto: Divulgação)

Consequências do trabalho remoto no setor 
Longe do sistema fabril, arquitetos, decoradores, designers e consultores de venda experimentam ou melhoram a maneira de trabalhar remotamente. O home office não é algo que entrou na vida apenas desses profissionais, mas provou a muitos, nas últimas semanas, que é viável prestar serviços à distância, com qualidade e eficiência.

Nas lojas da Uniflex, houve uma constatação curiosa: os vendedores já trabalhavam num esquema com plantões estabelecidos semanalmente, com dia para visitas às obras, vendas na loja e home office. “Muitos dos nossos funcionários davam preferência por fazer o home office na loja, numa sala reservada, com espaço para isso. Agora que somos obrigados a ficar em casa, as adaptações e barreiras foram superadas. Incluímos ainda um número de WhatsApp em todos os endereços de lojas no site para agilizar o contato”, explica Graziella Castanheira, diretora de marketing da marca. Ela ainda prevê que essa forma de trabalhar seguirá após a superação da pandemia, o que levará a uma reorganização espacial nos pontos comerciais. “Atualmente orçamos a partir de fotos e vídeos feitos por futuros clientes, em suas casas, já que uma visita do medidor não é viável. Será que não podemos continuar assim depois? As rotinas vão mudar e o mergulho nas ferramentas digitais tem que ser acelerado.”

Para Pedro Torres, da Artefacto, a relação entre especificadores, vendedores e clientes finais já mudou também. “Cerca de 90% de nossas vendas acontecem diretamente com os profissionais que, em seus projetos, definem móveis nossos. Eles nos procuravam para atendê-los. Neste momento, invertemos este canal. A comunicação tem partido da gente; nos colocamos à disposição para sugerir e fechar negócio. Os próximos meses serão complexos, mas transformadores. Arrisco dizer que estratégias que pensaríamos a longuíssimo prazo para o mercado de decoração, num horizonte de cinco, seis, dez anos, teremos que tentar viabilizar para o ano que vem, com base no novo cenário pós-covid”, prevê em tom otimista.

O lado otimista dos negócios (Foto:  Lara Morselli)

“Atualmente orçamos a partir de fotos e vídeos feitos por futuros clientes, em suas casas, já que uma visita do medidor não é viável. Será que não podemos continuar assim depois? As rotinas vão mudar e o mergulho nas ferramentas digitais tem que ser acelerado.” Graziella Castanheira, diretora de marketing da Uniflex (Foto: Iara Morselli)

Consumo com menos impulso e mais consciência 

Com tantas mudanças, impossível não questionar o jeito de consumir. Todos os entrevistados foram unânimes: o momento é muito apropriado para avaliarmos o que realmente importa ser comprado. Eu realmente preciso disto? E preciso agora? Ponderações desse tipo serão mais frequentes, de acordo com as análises desses empresários e especialistas.

“A relação de afetividade entre pessoas estará mais forte e mais autêntica. Naturalmente aprenderemos que o consumo por impulso não sacia nossa busca por bem-estar. Podemos nos alimentar com essas novas redes de conectividade”, diz Edson Busin, do grupo Unicasa.

O designer Paulo Alves vai além e reflete ainda sobre as consequências ambientais do consumo desenfreado e sem propósito. “Não somos uma ilha, nossas ações causam reações no planeta e em outras pessoas. O volume de lixo que geramos e a falta de cuidado com o outro são retratados nesse comportamento nocivo que devemos abandonar.”

Esse olhar comum considera também a busca por informações relevantes a respeito do item a ser consumido. A designer Inês Schertel defende há tempos o exercício de criações genuínas. “Temos que consumir com sabedoria e simplicidade, pensando sobre como a peça foi produzida, com que matérias-primas, em que condições de trabalho, quanto se poluiu com transporte desse produto até chegar à nossa casa... Dá para sermos criativos, verdadeiros e sustentáveis em todo o processo que o design envolve.” Inês vive no interior do Rio Grande do Sul, em uma fazenda, junto às ovelhas que lhe fornecem a lã para seu trabalho artesanal. Intitulado por ela mesma de slow design, sua produção consciente transmite o conforto e o afeto que as pessoas têm buscado dentro de casa.

Essa fase de recolhimento não vai tirar a força dos encontros físicos, das escolhas e conversas profissionais e íntimas ao vivo, mas fato é que eles terão que se mostrar mais atraentes e únicos. A pessoa que entrar em uma loja, num evento ou numa reunião com um arquiteto deverá sair dali melhor do que entrou, satisfeito com a experiência vivenciada.

O lado otimista dos negócios (Foto:  Ari Fidelis)

“Temos que consumir com sabedoria e simplicidade, pensando sobre como a peça foi produzida, com que matérias-primas, em que condições de trabalho, quanto se poluiu com transporte desse produto até chegar à nossa casa... Dá para sermos criativos, verdadeiros e sustentáveis em todo o processo que o design envolve.” Inês Schertel, designer (Foto: Ari Fidelis)

Reorganização de players

Numa mobilização inédita, os responsáveis pelos principais eventos de arquitetura, decoração e design têm se reunido com frequência a fim de estabelecer um novo calendário ainda para 2020, evitando conflitos de agenda. Casa Cor, DW! Design Weekend e Casa Vogue Experience são alguns deles. “Este fórum quer construir uma solução de complementariedade. Não podemos ser mais um problema para o setor. Se definimos juntos o calendário para o segundo semestre, nossos eventos podem ser uma preciosa ferramenta de recuperação econômica ainda neste ano”, avalia Lauro Andrade, idealizador da DW! Design Weekend e sócio-diretor da High Design Home & Office.

Ainda sob o guarda-chuva dos encontros inéditos, o Grupo JVCA, à frente das lojas Dell Anno nos shoppings D&D e Lar Center, ambas na capital paulista, entende que lojistas e gestores dos shoppings precisarão sentar para novos acordos. Não é interessante a ninguém lojas fechadas na retomada, tampouco corredores vazios. “Acreditamos muito em acordo entre as partes. O alto custo de ocupação nesses endereços pode levar ao fechamento definitivo de lojas. É preciso reavaliar qual a capacidade que o mercado tem para pagar hoje o valor do metro quadrado. Claro que há custos que devem ser mantidos, mas o objetivo é que todos – gestores e lojistas – retomem os negócios de maneira saudável, financeiramente falando”, diz João Victor Pereira, CEO do grupo Dell Anno JVCA.

O lado otimista dos negócios (Foto:  Iara Morselli)

“Acreditamos muito em acordo entre as partes. O alto custo de ocupação em shoppings pode levar ao fechamento definitivo de lojas. É preciso reavaliar qual a capacidade que o mercado tem para pagar hoje o valor do metro quadrado. O objetivo é que todos – gestores e lojistas – retomem os negócios de maneira saudável, financeiramente falando.” João Victor Pereira, CEO do grupo Dell Anno (Foto: Iara Morselli)

*As entrevistas com os executivos e profissionais citados na reportagem aconteceram na semana do dia 6 de abril. 

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