O conceito das roupas monocromáticas – uma tendência popular nos últimos anos – parece um pouco minimalista, mas o efeito global é enorme. Se fazer uma única roupa em uma cor só é uma jogada ousada, cobrir um município inteiro com um tom singular de marca registrada certamente traz um impacto em uma escala maior. Embora as cidades inteiramente monocromáticas pareçam ter saído de um livro de contos de fadas, esta prática existe há séculos. De fato, comunidades com a sua própria fachada colorida têm surgido em todo o mundo, do México ao Marrocos. A aparência de uma vila completamente monocromática proporciona uma experiência de perder o fôlego aos visitantes e moradores. No entanto, a aparência não é a única razão para equipar uma cidade inteira com um tom só. Desde uma cidade indiana rosa, que apostou no tom rosado para comemorar uma visita real a algumas ilhas coreanas que optaram por edifícios roxos para gerar interesse entre os turistas, continue lendo para ver por que essas hipnotizantes cidades monocromáticas apostam alto em apenas uma cor.
1. Andaluzia, Espanha
Espalhadas pelo sul da Espanha, na região de Andaluzia, encontram-se várias comunidades dominadas por edifícios pintados de branco. De acordo com o conselho oficial de turismo da Espanha, as Aldeias Brancas da Andaluzia podem ser encontradas nas províncias costeiras de Málaga e Cádiz. Entre as duas localizações, os visitantes podem fazer mais de 19 passagens ao longo da rota das vilas brancas. Existem várias teorias sobre o que inspirou originalmente as fachadas brancas unificadas: uma delas diz que a cor foi usada para defender os edifícios contra o sol mediterrâneo intenso, enquanto alguns dizem que o branqueamento combateu as bactérias durante os tempos de peste bubônica na Península Ibérica ao longo dos séculos XVI e XIX.
2. Izamal, México
Originalmente o lar da antiga civilização Maia na região mexicana de Yucatán, Izamal foi colonizada pelos espanhóis no século XVI. Como é o caso de várias cidades monocromáticas, a razão para o investimento da área num pigmento específico está em debate. Alguns dizem que Izamal foi pintado de amarelo ensolarado em homenagem a um compromisso agendado com o Papa João Paulo II em 1993, enquanto outros afirmam que a sua tonalidade amarela é muito anterior à visita papal.
3. El Aiún, Marrocos
Essa cidade no norte de Marrocos é famosa pelo seu azul vibrante e onipresente, que reveste tudo, desde as fachadas que cobrem as ruas até as escadas que serpenteiam pelas suas ruelas. Embora não haja um forte consenso sobre a razão exata, foram propostas várias explicações para o compromisso da comunidade com o azul: a cor repele os mosquitos; simboliza os céus e/ou o Mar Mediterrâneo; é uma cor valorizada na fé judaica e, quando muitos judeus procuraram refúgio na área durante o século XV, cobriram a cidade de azul. Seja qual for o motivo exato, estamos gratos pela escolha.
4. Jodhpur, Índia
El Aiún, está separada da cidade de Jodhpur, no norte da Índia, por milhares de quilômetros, mas as duas partilham um tom característico de edifícios azuis claros. A cor foi, em tempos, muito associada à casta brâmane, que é a mais elevada no sistema de castas indiano e, portanto, era um motivo de orgulho para identificar o brâmane que ali vivia. Também foi dito que a cor azul celeste foi escolhida para manter as casas frescas em meio ao clima desértico. Localizada na região do Rajastão, na Índia, Jodhpur fica a oito horas de carro da cidade monocromática rosa de Jaipur.
5. Ilhas Banwol e Bakji, Coreia do Su
Ao largo da costa ocidental da Coreia do Sul encontram-se as pequenas Ilhas de Banwol e Bakji, com uma população conjunta de aproximadamente 150 habitantes, num esforço para aumentar o turismo na área, o governo local elaborou uma estratégia para dar às ilhas algo que pudesse atrair os visitantes. Eles decidiram construir sua campanha em torno das campânulas roxas que crescem na zona, pintando várias estruturas, incluindo postes telefônicos, lojas e cerca de 400 telhados nas ilhas, na cor lilás. De acordo com o tema, as autoridades também plantaram milhares de outras plantas roxas, incluindo 30 mil ásteres da Nova Inglaterra e mais de 1858 metros quadrados de campos de lavanda. As duas ilhas estão ligadas por uma ponte – que é, naturalmente, roxa.
6. Collonges-la-Rouge, França
Quase todos os edifícios desta comuna medieval partilham a mesma tonalidade escarlate, graças ao arenito vermelho local com que foram construídos. Além da beleza da sua cor avermelhada, outros detalhes arquitetônicos de Collonges-la-Rouge (como suas muitas estruturas em torre e os charmosos caminhos de paralelepípedos) dão à cidade um charme distinto de conto de fadas. As suas raízes remontam ao século VIII, quando os monges da abadia de Charroux estabeleceram um priorado na área.
7. Jaipur, Índia
Antecipando a visita do Príncipe de Gales, em 1876 (que mais tarde tornaria-se o Rei Eduardo VII), o Rajá Sawai Ram Singh I decidiu revestir os edifícios de Jaipur de um rosa festivo. Mais de um século depois, a “Cidade Rosa” da Índia foi oficialmente registrada como Patrimônio Mundial pelo Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO em 2019. A joia da capital do Rajastão é o seu é o seu decadente Hawa Mahal em tons de salmão, que se traduz como “Palácio dos Ventos”, assim chamado devido ao seu sistema de ventilação eficiente. De acordo com o site do Hawa Mahal, a estrutura de arenito rosa e vermelho é o edifício mais alto do mundo sem fundação.
*Matéria originalmente publicada pela Architecturai Digest
Traduzida por Maria Mesquita