![Confira as iniciativas das marcas de moda para impulsionar jovens artistas e o artesanato. Na imagem, a obra "I only know what I have seen", de Andrés Anza — Foto: Divulgação/Loewe](https://s2-casavogue.glbimg.com/SNjUDbyvWvf730DVM88CN_CK8G8=/0x0:2835x1597/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2024/9/S/UBEw9qSHeG1Meb8yu7Ng/loeweeee.jpg)
As primeiras roupas usadas pela civilização foram costuradas com agulhas de marfim de mamute e presas de leão-marinho. As peles, por sua vez, foram trabalhadas manualmente para tornarem-se maleáveis e adaptáveis ao corpo humano. As anotações de James Laver, autor de A roupa e a moda (1989), reafirmam a inegável conexão entre a moda e o artesanato, um fundamento nos ateliês do Triângulo de Ouro da moda em Paris - e cada vez mais também fora deles.
As criações de Jonathan Anderson explificam essa expansão. À frente da direção criativa da Loewe há mais de uma década, o inglês promove um encontro entre o artesanal, o tradicional e o moderno. Uma receita de êxito. E para encontrar inspiração para o primeiro desses pilares, o Loewe Craft Prize fez-se fundamental.
Instituído em 2016 por Anderson, o prêmio faz parte de uma iniciativa da Loewe Foundation com a finalidade de celebrar e dar visibilidade ao artesanato moderno. Nesses oito anos, foram reconhecidos criativos que fizeram contribuições importantes para o desenvolvimento da arte, abrangendo a cerâmica, joalheria, têxteis, marcenaria, vidro, metalurgia, móveis, artesanato em papel e laca.
![O artista mexicano Andrés Anza, o grande vencedor do Loewe Craft Prize 2024 — Foto: Divulgação](https://s2-casavogue.glbimg.com/nAfG3fPqT59r1LQe158tdTU2uNI=/0x0:560x700/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2024/D/M/DA0PZGTbymxr0SOaWejg/loewe-2024-craft-prize-artist-portraits-andres-anza-rgb-croppep-550x700.jpg)
Na mais recente edição, realizada em 2024, o grande vencedor do prêmio foi Andrés Anza. O mexicano recebeu a honra em uma seleção de trabalhos que apresentavam formas orgânicas e biomórficas. Destacou-se então a obra I only know what I have seen (“Só sei o que vi”, em português): uma estrutura de cerâmica que explora a “dualidade entre o mundo natural e as realidades que criamos dentro de nossas mentes” – por meio de um processo executado com argila refratária.
“Esta peça é um bom resumo do meu trabalho como artista. Por meio desta linguagem, procuro explorar algo que não é conhecido pelo homem, mas ao mesmo tempo nos parece familiar e até curioso”, conta Andrés em entrevista para a Casa Vogue.
![A obra "I only know what I have seen", de Andrés Anza — Foto: Divulgação](https://s2-casavogue.glbimg.com/AwPq1HlgzoUDDJaHUmzqh2rJY2g=/0x0:2835x3543/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2024/h/A/B1IplaTOaLTOFl98SYsA/loewe-2024-craft-prize-artworks-andres-anza-1-rgb-cropped-4x5.jpg)
O artista iniciou sua jornada com cerâmica há cerca de dez anos, quando estudava artes e trabalhava como assistente para o tio, o escultor cerâmico Maurício Cortes. “Lá conheci essa linda prática, tive contato pela primeira vez com esse nobre material e também descobri diversas técnicas que pratico até hoje”, relembra.
Anza pontua ainda, como um conselho, a importância de o artista se fundir ao processo da obra de arte. “É preciso aproveitar a repetição, a experimentação e a inovação. É isso que fará com que você e sua peça sejam um só”.
![Detalhes da obra "I only know what I have seen", de Andrés Anza — Foto: Divulgação](https://s2-casavogue.glbimg.com/dQBsNtMU3ZoFp3Ex0PJtTLzBXKM=/0x0:2835x3543/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2024/B/n/SuLwGmROemfU9Qc6uoEg/loewe-2024-craft-prize-artworks-andres-anza-2-rgb-cropped-4x5.jpg)
Além da Loewe, a Chanel é outra grife que tem impulsionado novos talentos. Em sua segunda edição, a marca francesa anunciou os dez vencedores da Chanel Next Prize no começo deste ano. O prêmio é concedido a artistas contemporâneos que estão redefinindo sua área de atuação. Cada um deles recebe 100 mil euros em financiamento artístico.
Em 2024, um dos nomes destacados pela maison foi o do brasileiro Dalton Paula. Nascido em Brasília, o artista e educador cria retratos íntimos de figuras esquecidas do Brasil usando pintura e fotografia. Sua prática concentra-se em pessoas que nunca foram reconhecidas na história brasileira, além de explorar as representações dos corpos negros brasileiros da diáspora africana, desde o período colonial até os dias modernos – centrando-se ainda em terreiros e a história dos quilombos.
![O artista e educador Dalton Paula — Foto: Divulgação](https://s2-casavogue.glbimg.com/dXwolMp70Cha4zO9ydZxIh1LQbA=/0x0:1971x2628/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2024/e/B/avbtWFT9C1dUGARYZJsQ/chanel-paula-dalton-hd.jpg)
Em 2021, Dalton fundou o Sertão Negro em Goiânia, um centro cultural que oferece programa de residência anual. No espaço, visitado pela Casa Vogue em 2022, o artista afirma que “a ideia é se deslocar do mundo lá fora, para conversar sobre nós, divertir, confraternizar, estar junto. Um lugar onde as pessoas possam se sentir bem, confortáveis”.
![Panorama do ateliê-escola – entre as janelas, encontra-se a vasta biblioteca em processo de catalogação, com títulos que vão do pensamento e da música negra à botânica — Foto: Gui Gomes](https://s2-casavogue.glbimg.com/Lh_PJWge6SPkXT_Afa4Hfa00yNk=/0x0:886x1329/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2024/4/X/xbgcOIQjOtnyBy5fHSGw/dalton-paula-abre-casa-atelie-sertao-negro-12.jpg)
Pensando também na formação de novos artistas, a Bottega Veneta lançou, em 2023, a Accademia Labor et Ingenium, uma nova escola para promover a próxima geração de talentos artesanais. O local serve como uma oficina permanente e sedia um programa de formação anual para 50 alunos, que garante emprego na grife após a conclusão dos estudos – ministrados por cinco mestres artesãos.
![Trabalho artesanal feito na Accademia Labor et Ingenium, oficina da Bottega Veneta para impulsionar novos artistas — Foto: Divulgação/Bottega Veneta](https://s2-casavogue.glbimg.com/TOkD-Ciz88Yr4qiuJvcCHF63qlA=/0x0:2086x1270/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2024/l/J/BquiBrT0O2HB7YGAa5gg/still-full-size-2.jpg)
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“A Accademia Labor et Ingenium é um pilar estratégico fundamental para preservar o savoir-faire único da Bottega Veneta”, diz o CEO da Bottega Veneta, Leo Rongone. “O artesanato e a criatividade excepcionais são essenciais para a nossa marca e para a herança da nossa região natal, o Veneto. Com a Accademia, elevamos o espírito coletivo no coração da Bottega Veneta a um novo nível, com base na nossa rica história de partilha de competências e inovação para nutrir os artesãos do futuro.”