Um veículo transportando fontes radioativas, pertencente a uma empresa de equipamentos médicos, foi roubado na cidade de São Paulo na madrugada do dia 30 de junho. O material radioativo furtado junto com o carro se enquadra na categoria 4, representando risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente, mas a manipulação inadequada e de forma constante ainda pode vir a causar danos à saúde, e portanto as autoridades alertam para que a população siga os procedimentos corretos caso encontre a carga (saiba abaixo). A Polícia Civil informou que o veículo, roubado na Rua Félix Bernardelli, no bairro Jardim Bandeirantes, zona leste de São Paulo, pertence a uma empresa de equipamentos médicos. A carga de materiais radioativos foram coletados no Rio de Janeiro e seria entregue no Paraná e em Santa Catarina. Uma das cinco embalagens de carga radioativa foi recuperada em São Paulo. O caso recente não é o primeiro de material radioativo perdido. Em 1987, o manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado, no local onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, gerou um acidente que envolveu direta e indiretamente mais de mil pessoas, gerando mortes e problemas de saúde como deformações dos membros. O que foi o caso Césio-137 de Goiânia? 2 de 7 Caso Césio-137 — Foto: Acervo do Governo de Goiás Caso Césio-137 — Foto: Acervo do Governo de Goiás Amplamente noticiado pela imprensa, o caso também foi retratado em filmes e documentários, como o "Césio 137 - O Pesadelo de Goiânia" (1990). Em 1987, a tragédia aconteceu por conta de um material abandonado, um aparelho de radioterapia descartado de maneira inadequada, que foi encontrado pela população e se espalhou, causando mortes e muitos problemas graves de saúde. No dia 13 de setembro de 1987, dois catadores de recicláveis retiraram e desmontaram parte do aparelho de uma clínica abandonada -- ele foi recolhido por conter chumbo, que carrega um valor financeiro. O objeto foi vendido a um ferro-velho, onde mais pessoas terminaram de desmontá-lo. Ele continha um material azul considerado bonito por quem o encontrava, que era, na verdade, o Césio-137, radioativo. E assim os fragmentos foram distribuídos a a parentes e amigos, que por sua vez os levaram para suas casas, que não conheciam os perigos do material. O resultado foi uma contaminação que gerou a tragédia na cidade. O que é um material radioativo e por que o contato com a radioatividade é perigosa para os seres vivos? 3 de 7 Caso Césio-137: população teve problemas de saúde e deformações no corpo. — Foto: Acervo do Governo de Goiás Caso Césio-137: população teve problemas de saúde e deformações no corpo. — Foto: Acervo do Governo de Goiás Para entender o que é a radiação e seus perigos, é preciso relembrar conteúdos de Física e Química, mas ela nada mais é do que a emissão de energia por átomos (que são partículas que compõem todos os elementos existentes no mundo). Os elementos radioativos são aqueles que possuem átomos capazes de emitir radiação, como o polônio, urânio, césio, criptônio, actínio, plutônio, carbono-14, estrôncio, rádio, iodo, ástato e radônio. O problema é que essa energia emitida, quando entra em contato com as células de seres vivos, causa grandes danos, por alterar suas estruturas e até o DNA. Quanto maior o tempo de exposição à radioatividade, mais danos são causados, levando até à morte. Um dos efeitos conhecidos é o desenvolvimento do câncer. No caso dos acidentados em Goiânia, além das quatro mortes, muitas pessoas sofreram amputações, falência de medula óssea e lesões cutâneas por conta da radiação. A radioatividade tem muitos usos benéficos para a humanidade, como obter energia elétrica ou na área da saúde para radioterapia ou exames. Mas, além de usos destrutivos, como nas bombas nucleares utilizadas em guerras, ela também pode se tornar um perigo invisível caso seja acidentalmente liberada no ambiente. Por isso, é preciso manter a distância de objetos que tenham o símbolo que indica a presença de radioatividade e nunca encostar neles: 4 de 7 Símbolo que representa a presença de radioatividade em um material. — Foto: Reprodução Símbolo que representa a presença de radioatividade em um material. — Foto: Reprodução O que fazer caso encontrar a carga radioativa roubada em São Paulo? A Comissão Nacional de Energia Nuclear, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, afirmou que a manipulação inadequada do material pode causar danos à saúde e alertou a população para, caso encontre o material radioativo, mantenha distância segura e ligue para a Polícia Militar de São Paulo. São disponibilizados os telefones (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763 para entrar em contato. Confira as fotos abaixo para identificar os objetos: 5 de 7 Material radioativo roubado em São Paulo — Foto: Divulgação/CNEN Material radioativo roubado em São Paulo — Foto: Divulgação/CNEN 6 de 7 Material radioativo roubado em São Paulo — Foto: Divulgação/CNEN Material radioativo roubado em São Paulo — Foto: Divulgação/CNEN 7 de 7 Material radioativo roubado em São Paulo — Foto: Divulgação/CNEN Material radioativo roubado em São Paulo — Foto: Divulgação/CNEN Mais recente Próxima Carga radioativa roubada tem risco baixo para população, diz Comissão Nacional de Energia Nuclear