Cultura
Por — Rio de Janeiro

Durante o ano de 1984, tudo mudou na vida do diretor americano John Landis. O cineasta vinha de sucessos como 'Irmãos Cara-de-Pau' (1980) e 'Um Lobisomem Americano em Londres' (1981), clássicos do cinema dos Estados Unidos naquela década. Por isso, foi convidado para dois projetos: dirigir o videoclipe de 'Thriller', de Michael Jackson; e fazer parte do filme antológico de 'No Limite da Realidade', comandado por Steven Spielberg que traria de volta a série de ficção-científica 'Além da Imaginação', dos anos 1960.

No entanto, alguns meses antes, em dezembro de 1983, vida de Landis acabaria de um jeito diferente. Enquanto lançava um dos clipes de maior sucesso da história da música, era o primeiro diretor a ser processado por conta do set de filmagens, em que foi acusado da morte de três pessoas, entre elas duas crianças, em uma cena. No ano seguinte, foi laureado e festejado pela parceria com o rei do Pop, ao mesmo tempo que era julgado.

A história começou um pouco antes, em 1982. O cineasta havia acabado de ser convidado para fazer um dos segmentos do longa, que ainda teve direção do próprio Spielberg, Joe Dante (que faria 'Gremlins' poucos anos depois) e George Miller (diretor dos cinco filmes de 'Mad Max').

A trama era de um homem preconceituoso - interpretado pelo ator Vic Morrow, que ficou famoso nos anos 1960 e 1970 por séries, mas estava em baixa -, que voltava no tempo e era perseguido por nazistas na Alemanha nos anos 1940 e por guerrilheiros vietnamitas na Guerra do Vietnã. O objetivo era que ele, a partir dessa experiência, se tornasse um homem melhor.

Vic Morrow durante cena de 'No Limite da Realidade'. — Foto: Reprodução

Cena que mudou tudo

A sequência final do Vietnã veio na cabeça do diretor, considerado autoritário nos sets, de acordo com reportagens da época. O protagonista levaria duas crianças vietnamitas prisioneiras fugindo de um helicóptero tacando bombas. John Landis quis que Vic participasse da sequência, descrita diversas vezes para o cineasta por pessoas da equipe da produção como 'perigosa'. Mas ele resolveu arriscar.

Na época, crianças não podiam também gravar qualquer cena no período noturno. Mas Landis fez um acordo com os pais dos dois atores, que receberiam um dinheiro a mais por isso.

Além disso, o helicóptero não era artificial, mas real, comandado por um antigo piloto da Força Aérea dos Estados Unidos, que achava muito difícil a gravação da cena - ele teria que ficar próximo do fogo e voar sempre baixo. No entanto, ele aceitou pois acreditava que poderia ajudar na carreira em Hollywood.

Se tudo já parecia que daria algum problema, deu. A sequência foi feita algumas vezes, aparentemente sem grandes problemas. No entanto, em uma delas, o piloto da aeronave perdeu a direção e caiu em cima de Vic Morrow e de Renee Chen (de 6 anos) e My-ca Dinh Le (de 7), matando os três na hora. Vic e Renee foram decapitados e a menina foi esmagada pelo helicóptero.

Helicóptero destruído após acidente no set de 'No Limite da Realidade'. — Foto: Reprodução

As gravações pararam na hora e demoraram algum tempo para voltar. A cena foi descartada, mas o filme saiu com todo o segmento normal de Landis.

Atenção, imagens fortes:

Acusação e pedido de prisão

'No Limite da Realidade' saiu em 1983, mas, apesar de não ter feito muito dinheiro na bilheteria como esperado (cerca de US$ 29 milhões em arrecadação), ao menos se pagou. No entanto, o longa ficaria marcado pela tragédia.

Em dezembro daquele ano, a família das duas crianças processou John Landis e mais algumas pessoas da produção por conta das mortes, dizendo que eles seriam culpados. Ele foi o primeiro diretor americano a ir a tribunal por conta de um caso em um set de filmagens.

O caso, inclusive, mudou algumas condutas dentro das gravações, visando mais segurança dos atores - entre elas estão autorizações para gravações consideradas perigosas. Além disso, Steven Spielberg cortou a amizade que tinha com Landis, dizendo que 'nenhum filme deveria valer mais que a vida humana'. Miller se afastou completamente do projeto - ele já tinha gravado a sua parte.

Naquele mesmo 1983, o cineasta lançava o clássico videoclipe de 'Thriller', de Michael Jackson, que ganharia no ano seguinte no MTV Video Music Award os prêmios de Melhor Performance em Vídeo, Melhor Coreografia e Escolha do Público.

John Landis e Michael Jackson nos bastidores do clipe de 'Thriller'. — Foto: Reprodução

Em outubro, John Landis parou no banco dos tribunais de Los Angeles, em que foi considerado não culpado pelo júri, assim como as outras pessoas da produção. O caso parou na Suprema Corte, que seguiu com o mesmo julgamento de não culpado, em 1987.

John Landis e outras pessoas da produção durante julgamento. — Foto: Reprodução

Sequência da carreira

No ano seguinte da decisão, John Landis dirigiu 'Um Príncipe em Nova York', seu último filme de grande sucesso - que ficou marcado também por bastidores conturbados entre o diretor e o protagonista Eddie Murphy.

Nos cinemas, sua carreira ficou marcada por poucas produções e nenhuma de grande bilheteria ou impacto. Apesar disso, seguiu com alguns trabalhos com Michael Jackson, entre eles do videoclipe de 'Black or White', mas sem conseguir nada de impacto depois disso.

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