Economia
Por — Rio de Janeiro

Para o publicitário e fundador do portal 'Viaje na Viagem', Renato Freire, Veneza, na Itália, não é um lugar prático de se morar, sobretudo pela grande quantidade de turistas que a cidade conhecida pelas gôndolas atrai todos os anos. Em entrevista a Tatiana Vasconcellos e Fernando Andrade no Estúdio CBN desta sexta-feira (19), Freire falou sobre as taxas de turistas em cidades pelo mundo e como o turismo, de forma geral, afeta a rotina de moradores dessas regiões badaladas. Ouça a entrevista completa:

Ricardo Freire falou sobre a cobrança de taxas de visitação existentes em países como Itália e Bali para evitar a chegada em massa de turistas e hospedagens mais altas para visitantes, como acontece em Paris.

"As taxas de hospedagem são o dinheirinho para a prefeitura, então é um jeito de eles arrecadarem mais dinheiro. Em Amsterdã, agora, está 12%. É muito caro. Nos Estados Unidos, por exemplo, eles inventaram o Resort Tax. Você vai para Las Vegas ou Nova York , e ao reservar um hotel você descobre que tem que pagar 30 dólares a mais por dia para ter acesso ao telefone, ao frigobar. Essas taxas são para evitar esse turismo que as pessoas chamam de (vou falar aqui o termo pejorativo e preconceituoso) 'farofeiro'".

O publicitário também comentou o fato de que, algumas vezes, o turismo prejudica o dia a dia da população da cidade. No início deste ano, por exemplo, uma linha férrea que transportava turistas foi desativada em Barcelona, na Espanha, após reclamações de moradores, que se sentiam perturbados com o barulho dos trens -- era acima do permitido. Em sua fala, Freire também lembra o exemplo da cidade de Lisboa, que se transformou, sobretudo com o mercado imobiliário, após uma grande reforma.

"Não é só o turismo. Lisboa, por exemplo, foi gentrificada justamente porque entrou muito dinheiro da comunidade europeia e eles abriram para investimentos também. E boa parte do centro histórico estava detonado. A reforma dos prédios trouxe um outro público, daí vieram os estrangeiros, muita gente de fora, o que acaba disputando o mercado imobiliário, e a gentrificação acaba expulsando as pessoas que moravam antes no lugar. No primeiro guia que eu publiquei de Lisboa no meu site, o Viaje na Viagem, em 2010, a introdução era quase dizendo para as pessoas irem para Lisboa. Ninguém dava bola para Lisboa. Era um lugar secundário."

Para o fundador do portal Viaje na Viagem, Veneza não é um lugar prático de se morar, e Amsterdã não quer ir pelo mesmo caminho.

"Amsterdã não quer virar Veneza, e com razão. Amsterdã é uma cidade de verdade. Veneza não é muito de verdade. Quando a gente pensa em Veneza, o turismo é só mais um dos problemas de você morar lá, um dos inconvenientes, porque não é um lugar prático para você morar. Não tem um supermercado grande, por exemplo", diz.

*Estagiária sob supervisão de Amanda Mazzei

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