Porto Alegre tem mais de 45 mil desempregados após as chuvas

Entidades empresariais temem que uma eventual má gestão da crise provocada pelas enchentes dificulte a recuperação econômica do Rio Grande do Sul.

Por — Rio de Janeiro


CBN Especial: SOS Rio Grande do Sul CBN
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Em Porto Alegre, mais de 45 mil pessoas ficaram desempregadas após as fortes chuvas que atingiram o estado. Antes da crise, a taxa de desemprego no Rio Grande do Sul era de 5,2% no 4º trimestre de 2023, o que corresponde a sexta menor do país, de acordo com o IBGE.

Entidades empresariais temem que uma eventual má gestão da crise provocada pelas enchentes dificulte a recuperação econômica do Rio Grande do Sul. Os principais pedidos ao governo federal têm como objetivo a manutenção de empregos e mais recursos financeiros.

A loja de calçados onde a Jéssica Martins trabalha, em Canoas, precisou dispensar funcionários, por causa da dificuldade em manter todo o quadro após as enchentes no Rio Grande do Sul. Uma unidade inaugurada em março, com reforma concluída recentemente, nem deve reabrir.

A Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul encaminhou, em junho, um ofício ao governo federal elencando uma série de medidas emergenciais, como suspensão temporária dos contratos de trabalho, pagamento de auxílio por três meses para manutenção do emprego e renda, linha de crédito especial e renda mínima para as categorias mais prejudicadas.

Um painel da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Porto Alegre confirma: já houve 45 mil demissões na cidade.

Silvana Dilly, superintendente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos, a Assintecal, prevê um cenário difícil para empresas locais:

“O pequeno e médio comércio atingido, como em Canoas e Porto Alegre, não irá conseguir voltar. Eles não irão conseguir ficar de pé nem mesmo com injeção de dinheiro da indústria parceira”.

Em maio, a Assintecal lançou o "Movimento Próximos Passos", com o objetivo de arrecadar 20 milhões de reais para reconstruir casas de funcionários.

Até o momento, não houve demissões entre as filiadas da entidade. Grandes fábricas tradicionais no estado tentam segurar as pontas, sem planos para demissões.

Um dos grandes ícones gaúchos, os salgadinhos Pastelina tiveram a fábrica completamente destruída em Porto Alegre. O CEO da empresa, Marcelo Gonçalves, contabiliza os prejuízos:

"Fomos 100% atingidos pela fúria das águas. Sobrou as paredes, o telhado e nada mais. Perdemos máquina, estoque, matéria prima e equipamentos. Só não perdemos a garra e a vontade de lutar e retornar o mais breve possível. Só de vendas nesse um mês parado, fechamos no dia dois de maio, ultrapassa 1 milhão e meio de prejuízos de venda. Sem falar no restante que é estimado de máquinas e equipamentos de estoque, ultrapassa os três milhões e meio".

O governo federal lançou o apoio financeiro de mil quatrocentos e doze reais nos meses de julho e agosto a 434 mil trabalhadores de empresas nos municípios em situação de calamidade, mas analistas dizem não ser suficiente para a reestruturação.

“A Rádio CBN, a Editora Globo, o Jornal O Globo e o Valor Econômico uniram-se para colocar seu bem mais precioso, o jornalismo de qualidade, a serviço dos gaúchos, da reconstrução do Estado e da organização de debates sobre ações preventivas para evitar que episódios como esse se repitam. Toda a receita publicitária obtida para produção desta série será destinada a organizações envolvidas no socorro às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.”

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