O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discutiram, nesta segunda-feira (8), caminhos para superar as incertezas na Petrobras. Com o presidente da companhia, Jean Paul Prates, em processo de fritura pública nos últimos dias, a ideia é diminuir a temperatura da crise e com isso, o atual presidente da petroleira poderá, inclusive, permanecer no cargo. Neste movimento de frear a fritura pública de Prates e evitar o nome de Aloizio Mercadante, atual presidente do BNDES, no comando da petroleira, uma ala do governo vazou a informação de que Lula ligou para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para dizer quais seriam as condições para Prates permanecer no cargo, segundo O Estado de São Paulo. Com isso, Prates deverá levar ao Conselho de Administração mais as pautas prioritárias do Planalto e menos as ações que têm agradado o mercado financeiro. Questionado sobre mudança do comando da companhia, Haddad argumentou "que isso não é da alçada dele" e garantiu que só discute os cenários econômicos com o presidente. Em reação ao questionamento sobre sua gestão, Prates fez uma série de cinco postagens no X nesta segunda-feira sobre ações e obras da Petrobras, incluindo módulos da plataforma P-78 no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. Para o especialista em energia, Adriano Pires, a questão da Petrobras tem menos relação com o presidente e mais com o modelo da empresa, que permite o que ele chama de interferência governamental: "Todos os governos olham para a Petrobras como se ela fosse uma empresa estatal e querem usar a petroleira para fazer política econômica, para ganhar a eleição. A Petrobras é uma empresa de capital misto, tem acionistas privados. E aí, você começa então a ter conflito, né? Porque o governo quer mandar e, às vezes, quer tomar decisões que não agradam os acionistas. Você tem um conflito que fica difícil de ser resolvido. Entra governo, sai governo, é a mesma coisa. Não é à toa, por exemplo, que a Petrobras é a petroleira que mais teve presidente do mundo", diz. Polêmica dos dividendos A crise na gestão da Petrobras escalou em meados de março, quando o governo pediu que seus representantes no Conselho de Administração votassem contra o pagamento de dividendos extraordinários no valor de R$ 43,9 bilhões. Prates se absteve, gerando mal-estar no Palácio do Planalto. Diante do desgaste, o governo vai votar a favor da distribuição dos dividendos na próxima assembleia-geral ordinária da Petrobras, prevista para o dia 25. Mais cedo, em evento do Jornal Valor Econômico, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que a distribuição dos dividendos da petroleira e de outras estatais é importante na busca pelo equilíbrio fiscal. No caso da Petrobras, o governo poderá lucrar até R$ 12 bilhões em receita extraordinária. Crise na Petrobras: Lula se reúne com Haddad para discutir situação da Petrobras Jean Paul Prates brinca com suposta demissão, mas aguarda Lula para definir futuro da Petrobras Rumores sobre troca de comando crescem, e Planalto discute se Prates fica no cargo Governo aguarda informações da Petrobras sobre distribuição dos dividendos, diz Haddad Míriam Leitão: Crise na Petrobras é desnecessária Mais recente Próxima Musk x Moraes: embate provoca reações no meio jurídico e político