Apesar de toda a pressão que foi feita, inclusive com manifestações em Brasília, Rio, São Paulo e outras cidades, a bancada evangélica não abre mão de aprovar a norma que criminaliza as mulheres que fizerem aborto acima de 22 semanas, mesmo que o feto seja fruto de um estupro. O que os parlamentares avaliam é uma mudança nas penas. Pelo texto, a mulher que for estuprada e abortar pode ser condenada a 20 anos de prisão, enquanto o estuprador ficaria preso e metade desse tempo. O coordenador da Bancada Evangélica, deputado Eli Borges, diz que as punições podem ser revistas, mas ele defende a aprovação do texto. "Em relação ao Lira jogar mais para frente, eu acho que quando ele compreender que quanto mais rápido der uma resposta sobre esse tema, mais rápido evita mortes de inocentes. Eu acho que pode diminuir a pena da mãe e aumentar a pena do estuprador. Isso é plenamente correto. E inclusive estuprador ter castração química." A primeira dama, Janja Lula da Silva, se manifestou hoje em sua rede social e disse que a proposta ataca a dignidade das mulheres e meninas, garantida pela Constituição e que é um absurdo e retrocede direitos. Janja afirmou ainda que os propositores do PL parecem desconhecer as batalhas que mulheres, meninas e suas famílias enfrentam para exercer seu direito ao aborto legal e seguro no Brasil. A deputada Jandira Feghali, do PCdoB, avalia que apesar da pressão, não há motivos para que o texto seja pautado sem o debate necessário. "O presidente da Câmara, se tinha acordo com a bancada evangélica, já cumpriu, botou na urgência, mas não precisa avançar no mérito. Não há como a gente aceitar que isso avance no mérito, é não votar o projeto inteiro, porque ele é inteiramente inconstitucional e criminalizador das mulheres e dos profissionais de saúde também. Não é só a mulher que é criminalizada, o profissional de saúde igualmente. Não pode deixar pautar. Chega desse tipo de postura e de pautas explosivas, de costumes, isso não faz nenhum sentido no Brasil de hoje. Tem uma pressão dentro do parlamento e tem uma pressão nas ruas. E isso nós vamos manter e vamos continuar." A proposta vem gerando atrito também entre Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. O presidente do Senado disse que o texto jamais seria levado direto ao plenário. Sem fazer nenhum juízo de valor quanto a proposta, Pacheco disse ainda que a discussão de um tema sensível não poderia ter sido feita de forma apressada. Mais recente Próxima Janja diz que é 'preocupante' projeto que equipara aborto a homicídio