Ideias

Lisa Gabriele: "Algumas mulheres não sabem dizer o que querem"

Lisa Gabriele: "Algumas mulheres não sabem dizer o que querem"

A autora do romance erótico "S.E.G.R.E.D.O" diz que sua heroína frustrada pode ajudar as mulheres a melhorar sua vida sexual

MARCELA BUSCATO
02/07/2013 - 17h28 - Atualizado 02/07/2013 17h28
Lisa Gabriele (Foto: Divulgação)

A canadense Lisa Gabriele é a autora por trás do pseudônimo L.Marie Adeline, responsável pelo romance eróticoS.E.G.R.E.D.O (Globo Livros, R $29,90). O livro conta a história de Cassie Robichaud, a amargurada viúva de 35 anos que cede à proposta irresistível de uma sociedade secreta. A missão da entidade é satisfazer sexualmente mulheres reprimidas, como a própria Cassie. Traumatizada desde a morte do marido alcoólatra, ela está há cinco anos sem sexo quando escreve uma lista com nove fantasias sexuais a serem realizadas pela sociedade. Para cumprir cada uma delas, homens bonitos e interessantes vão ao encontro de Cassie. "Quis escrever um livro em que a mulher definisse o que ela acha excitante, em que não precisa se submeter às necessidades masculinas", diz Lisa. A história de Cassie deve ter mais dois volumes, nos quais os detalhes sobre a sociedade secreta S.E.G.R.E.D.O serão revelados - e muitas outras fantasias realizadas.

ÉPOCA – A competição no mercado de livros eróticos está acirrada, depois do sucesso da trilogia Cinquenta tons?
Lisa Gabriele –
 E.L. James revigorou um mercado há muito tempo dormente e eu, como autora, fiquei animada em explorá-lo. Não tinha ideia de que S.E.G.R.E.D.O faria tanto sucesso internacionalmente. O que eu quis foi escrever um livro em que a mulher definisse o que ela acha excitante, em que não precisa se submeter às necessidades masculinas. Apesar de eu entender totalmente o apelo de Cinquenta tons de cinza, eu quis oferecer um contraponto a noção de que a mulher tem de adaptar sua sexualidade às necessidades do homem. A mulher sabe o que ela quer e do que ela gosta. Algumas só não sabem como definir e articular isso. Espero que S.E.G.R.E.D.O as ajude a fazer isso.

ÉPOCA – A senhora quis atingir com sua história mulheres que não estão satisfeitas com sua vida sexual?
Gabriele – 
Suspeito que muitas mulheres se sintam assim, mas não tentei construir a personagem com características que achei que as leitoras se identificariam. Cassie veio para mim quase completamente formada. Como autor, você aprende a deixar a mágica acontecer: o personagem dirá quem é e o que fará. Cassie não é uma mulher sexualmente dinâmica. Ela gostaria de ser, de ter a confiança sexual que outras personagens do livro têm. Suas fantasias sexuais escalam em intensidade à medida que ela se torna mais confiante. Ela se arrisca mais.

ÉPOCA – Não tanto para se aventurar na fantasia da moda: o sadomasoquismo. Por quê?
Gabriele –
 Muitas narrativas já usaram esse tema e E.L. James, autora da trilogia Cinquenta tons, fez de uma maneira muito eficiente, na minha opinião. Não pensei em agradar um público específico, como mulheres que não gostaram de Cinquenta Tons ou que não se sentem atraídas pelo universo BDSM. Mas parece que é nesse nicho queS.E.G.R.E.D.O está fazendo sucesso. Essa é uma fantasia muito intensa, que eu gostaria de abordar nos próximos volumes. Quem sabe Cassie não se arrisque quando ficar mais experiente? Ou essa fantasia pode ser oferecida a outras mulheres sortudas que terão a ajuda do S.E.G.R.E.D.O?

ÉPOCA –  Há uma regra nos romances eróticos: os protagonistas precisam viver um caso de amor verdadeiro e viver felizes para sempre. Isso ainda não aconteceu com Cassie, mas parece que ela terá seu final feliz com seu chefe Will nos próximos volumes. Por que tem de haver um final feliz?
Gabriele –
 Nunca escrevi a história de Will e Cassie para que os leitores se sentissem recompensados emocionalmente. Na verdade, as fantasias organizadas pela sociedade secreta são muito mais seguras emocionalmente porque não envolvem intimidade de verdade. Cassie está começando a entender que estar fisicamente nua talvez seja mais fácil do que estar emocionalmente despida. Estou escrevendo o segundo livro e não posso dizer se Cassie e Will acabarão juntos no final. Nem se deveriam. Afinal, o que é um final feliz?