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Sylvia Day: "O herói tem de ser bom de cama"

Sylvia Day: "O herói tem de ser bom de cama"

Sylvia Day, autora do best-seller erótico do momento, diz que compará-la a E.L. James, de "Cinquenta tons", é injusto. Ela é muito melhor

MARCELA BUSCATO
02/07/2013 - 17h29 - Atualizado 02/07/2013 17h29
Sylvia Day (Foto: David LaPorte)

A escritora americana Sylvia Day já estava no ramo dos romances eróticos muito antes de a britânica Erika Leonard James revigorar o gênero com sua trilogia Cinquenta tons de cinza, lançada em 2011. Mas a história de amor picante entre uma heroína espontânea e o milionário atormentado por uma passado de violência também influenciou Sylvia. Na trilogia Crossfire, a autora conta a história de uma jovem vítima de violência sexual que se apaixona pelo milionário Gideon Cross (e vice-versa). O romance inclui todos os elementos para conquistar leitoras românticas: luxo, cenas tórridas e um amor épico. "Para mim, apaixonar-se pelo herói depende de ele ser bom de cama", diz Sylvia. O terceiro livro da série,Para sempre sua (Paralela, R$ 29,90), acaba de ser lançado no Brasil, e já figura entre os mais vendidos.

ÉPOCA – É preciso entender muito sobre sexo, na prática, para escrever um romance erótico?
Sylvia Day –
 Você não pode ser virgem e escrever ficção erótica bem. Você precisa ter experimentado o barato de um orgasmo proporcionado por alguém e toda a tensão até que ele aconteça. Você precisa estar intimamente familiarizado com desejo, amor, brigas para fazer justiça a essas emoções com as palavras. Emoção é algo central para escrever ficção erótica de qualidade. Mas há algumas coisas que você pode escrever se fizer uma boa pesquisa. Afinal, escritores de thrillers não precisam matar alguém de verdade para escrever sobre isso e nem os autores de ficção científica precisam viajar para o futuro ou para o espaço.

ÉPOCA – Os romances eróticos parecem reafirmar antigos papéis de gênero, com homens dominadores e mulheres submissas. Não é uma mensagem prejudicial?
Day –
 Recebo mensagens incontáveis de leitoras dizendo que a vida sexual melhorou depois de ler meus romances. As mulheres são criaturas sexuais também. Sexo é saudável e necessário para o corpo e para a mente. Para as mulheres, a excitação começa na mente. Requer ambiguidade, sedução. Precisamos entrar no clima, um processo que leva tempo - algo que todos nós estamos lutando para ter mais. A ficção erótica pode funcionar como uma preliminar para a mulher, colocando-a no clima. Isso é uma coisa boa. A ficção erótica também permite às mulheres discutir seus desejos, tentar coisas novas, procurar intimidade. É algo bom.

ÉPOCA – A linguagem usada por seus personagens é explícita. Ela não ofende as leitoras?
Day –
 Não posso me importar com a sensibilidade das pessoas. É inapropriado impor nossa moral e nossos valores aos personagens. Somos apenas observadores de suas jornadas e devemos apreciá-las com isso em mente. Os personagens são indivíduos como vida própria, diferentes da gente. Qual seria a graça de ler histórias de pessoas exatamente como nós?

ÉPOCA – Por que a crítica costuma dizer que seus livros são melhores do que de E.L. James?
Day –
 Sou uma escritora profissional de ficção erótica que tem publicado obras premiadas há uma década. E.L. James escreveu uma fan fiction da saga Crepúsculo por diversão. São processos muito diferentes escrever profissionalmente para o grande público e escrever para os fãs da Bella e do Edward. Não é uma comparação justa. Os livros de Erika são duas histórias separadas, com personagens e narrativas muito diferentes. Os leitores podem gostar dos dois, mas não devem comparar. O mundo seria um lugar muito triste se só pudéssemos amar uma única história.