![PROVOCADOR Benjamin Moser, numa foto de 2013. Para ele, a arquitetura modernista brasileira é quase uma agressão ao passado (Foto: Rob Huibers/Hollandse Hoogte) PROVOCADOR Benjamin Moser, numa foto de 2013. Para ele, a arquitetura modernista brasileira é quase uma agressão ao passado (Foto: Rob Huibers/Hollandse Hoogte)](http://s2.glbimg.com/LNIN99Qt0NpHxacuDlbywxE_WoA=/560x800/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2014/12/22/hh-14849107.jpg)
Benjamin Moser, o escritor americano que escreveu Clarice, biografia de Clarice Lispector, pretende construir no Recife um museu dedicado à escritora brasileira de origem judia e nascida na Ucrânia. Um dos convidados da 14ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), Moser terá nesta segunda-feira (4), um encontro com Marcelo Calero, ministro da Cultura do governo interino de Michel Temer, para discutir o projeto do museu. A inspiração do projeto é a Casa Fernando Pessoa, espaço criado em Lisboa para homenagear o principal poeta português.
A intenção de Moser é construir o museu na casa em que Clarice morou no Recife, no bairro da Boavista, no centro histórico da capital pernambucana. A casa está abandonada e se encontra em ruínas. Além de homenagear Clarice, o escritor americano diz que, com o museu, pretende mostrar que é possível ir além da mera crítica ao estado de degradação das cidades brasileiras. Durante a Flip, Moser está promovendo o lançamento do livro Autoimperialismo, uma coleção de ensaios com críticas à arquitetura moderna brasileira.
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Segundo Moser, a característica da arquitetura recente no Brasil é tentar apagar a história brasileira. Um dos ensaios do livro é Cemitério da esperança, lançado em formato de e-book em 2014 por Moser. Nele, o escritor faz uma crítica virulenta à ideologia que, segundo ele, norteou a construção de Brasília e a arquitetura feita por Oscar Niemeyer. A renda obtida com a venda do e-book foi destinada por Moser ao movimento Ocupe Estelita, ocupação de uma região histórica do Recife que surgiu em reação à construção de um megaempreendimento imobiliário.
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Embora o projeto do museu ainda esteja em seu início, Moser diz que está otimista em obter apoio financeiro para a restauração da casa em que viveu Clarice Lispector. Sua biografia sobre a escritora brasileira, publicada em 2009, teve grande repercussão internacional e iniciou um movimento de redescoberta da obra de Clarice, que ganhou recentemente várias novas traduções em países tão díspares como a Coreia do Sul e a Ucrânia, onde ela nasceu. Moser diz que, além da recém-conquistada notoriedade de Clarice, conta também com o tradicional "orgulho" do povo pernambucano para seguir adiante com o projeto do museu. Nascido no Texas, morador da Holanda, Moser, além da paixão por Clarice, tem outra ligação sentimental com o Recife: o primeiro marido de sua avó era pernambucano.
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