Tempo

Marcha histórica contra o terror reúne mais de um milhão em Paris

Marcha histórica contra o terror reúne mais de um milhão em Paris

Presidente francês, François Hollande,e líderes mundiais participam da caminhada

REDAÇÃO ÉPOCA
11/01/2015 - 16h53 - Atualizado 11/01/2015 20h05
 Da esquerda para a direita: Benjamin Netanyahu (primeiro-ministro de Israel); Nicolas Sarkozy (na segunda fila, ex-presidente francês); Ibrahim Boubacar Keita (presidente de Mali); François Hollande (presidente francês); Angela Merkel (chanceler alemã) (Foto: AP Photo/Philippe Wojazer, Pool)

François Hollande, presidente da França, caminha pelo bulevar Voltaire, em Paris. À sua esquerada, braços dados com ele, está Angela Merkel, chanceler alemã. À direita, Ibrahim Boubacar Keita, presidente do Mali. De braço dado com o malinês, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. Atrás, Nicolas Sarkozy e Carla Bruni, o ex-presidente francês, inimigo político de Hollande, e sua mulher. Nessa fila de autoridades, estão ainda o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy; o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas; e os primeiros-ministros britânico, David Cameron, e italiano, Matteo Renzi, entre outros. Cerca de 50 líderes mundiais, num cortejo definido como histórico pelos veículos de imprensa mundo afora. Os políticos se juntaram ao milhão de pessoas que percorreram os três quilômetros da Praça da República à Praça das Nações em Paris para demonstrar que o país está unido contra o terrorismo e pela liberdade de imprensa.

>> Fotos: Franceses e líderes mundiais marcham em Paris contra terrorismo

A aglomeração era tão grande que o percurso das autoridades acabou tendo de se iniciar fora da Praça da República, já na Voltaire. Elas não acompanharam a manifestação até a Praça da República, mas os poucos metros de participação representaram um momento histórico de união entre Estados contra o terror e pela liberdade. Em encontro com seus ministros, antes da caminhada, Hollande resumiu o dia histórico: "Paris é hoje a capital do mundo". Ele afirmou que a França se levantará com o que há de melhor na nação.

>> Ruth de Aquino: Um domingo de trégua e celebração da vida em Paris

A "marcha republicana" começou às 15 horas em Paris (meio-dia em Brasília). Para possibilitar a locomoção dos cidadãos, o transporte público estava com catracas liberadas neste domingo. E a rede ficou abarrotada de gente, saturada em toda a capital, segundo descreveu o jornal francês Le Monde.

O lema Je suis Charlie ("Eu sou Charlie") se espalhou por cartazes, camisetas e nos gritos. Um forte esquema de segurança foi montado para garantir a participação dos líderes mundiais e a reunião da multidão. A todo instante, espontaneamente, surgiam coros entoando A Marselhesa, o simbólico hino francês. A manifestação foi liderada por familiares das vítimas dos atentados terroristas da semana passada, que começaram com a invasão do jornal Charlie Hebdo, ação na qual morreram 12 pessoas, e terminaram com o sequestro em um supermercado kosher na periferia de Paris. Ao todo, 17 pessoas foram assassinadas pelos terroristas, que acabaram mortos pela polícia na sexta-feira (9).

O presidente da França, François Hollande, cumprimentou os chefes de Estado e de governo presentes, dirigindo-se em sequência para a parte da frente da marcha, onde conversou com os familiares das vítimas dos atentados. Especialmente emotivo foi o abraço do líder francês - aplaudido por todo o percurso - com o médico e colaborador do Charlie Hebdo Patrick Pelloux, que atendeu alguns de seus companheiros e amigos após o massacre na redação do veículo.

A multidão caminhou até o anoitecer em Paris (Foto: AP Photo/Laurent Cipriani)

Pouco depois de 16h na hora local (13h no horário de Brasília), Hollande retornou ao Palácio do Eliseu, sua residência oficial. Além dos líderes internacionais e de mais de um milhão de anônimos, participaram da manifestação os principais líderes das comunidades muçulmana e judia na França, que foram recebidos pelo presidente do país antes do ato.

As autoridades encerraram suas participações, mas a marcha seguiu além do anoitecer (com o inverno, o pôr-do-sol ocorre pouco depois das 17h). E não foi apenas em Paris que os franceses tomaram as ruas para dizer que não se intimidaram com as ameaças terroristas. De acordo com o site do jornal Le Figaro, entre 150 mil e 200 mil pessoas se reuniram em Lyon, 115 mil em Rennes, ao menos 100 mil em Bordeaux, 60 mil em Marseille... Estima-se que em todo o país cerca de 3 milhões de pessoas tenham participado dos atos. Foram as maiores manifestações populares na França, desde as comemorações pela libertação de Paris dos nazistas, em 1944.

Uma multidão se encontra na Praça da República, em Paris, antes da manifestação para lembrar as 17 vítimas dos ataques que chocaram a França e o mundo na semana passada (Foto: AP Photo/Laurent Cipriani)







especiais