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Cuba, a transformação

Cuba, a transformação

A aproximação diplomática com os Estados Unidos começa a mudar a vida na ilha. Os cubanos estão vivendo novos tempos na economia, no comportamento e até no esporte

ANA CAROLINA FERNANDES (FOTOS E TEXTO)
12/02/2016 - 08h00 - Atualizado 12/02/2016 08h00
Meninos jogam futebol em Baracoa no extremo leste da Ilha.O futebol cada vez mais se torna  um esporte  popular em Cuba ,rivalizando com o beisebol (Foto: Ana Carolina Fernades)

Aos 17 anos, ganhei o livro Cuba y Cuba do magistral fotógrafo suíço René Burri. Desde então, as imagens da ilha habitam minha memória e meu inconsciente. Agora, os olhos de todo o mundo – e os meus também – se voltam de novo para Cuba. A ilha passa por uma transformação – resultado da aproximação diplomática com os Estados Unidos e do relaxamento de 54 anos de embargo econômico. Mesmo ainda sob a tutela de um governo ditatorial, o povo cubano se sente mais livre. A começar pelo direito de ir e vir. Os cubanos agora podem viajar para onde quiserem sem o temido e quase sempre negado  “permiso de salida”.

A liberação da internet foi um grande marco dessa nova era. A abertura de pontos públicos de Wi-Fi está ajudando a conectar Cuba ao mundo. Pela primeira vez depois de muitos anos,  muitas famílias em que alguns membros fugiram da ilha passaram a se falar e, principalmente, a se ver (pela tela de computadores ou de celulares).  O Mickey Mouse de pelúcia, vendido nas ruas de Havana Vieja, o centro histórico da capital cubana, é outro pequeno sinal dos novos tempos.

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A mudança aparece também no comportamento dos cubanos. Homens e mulheres também se sentem mais livres para  amar quem quiserem. Uma notória perseguição aos homossexuais está dando lugar a um convívio mais tolerante. É possível ver casais de namorados do mesmo sexo andando de mãos dadas tranquilamente pelas ruas de Havana. O que se fala é que é uma questão de tempo para o casamento gay ser legalizado, como legal é a praia gay Mi Cayito, perto de Havana.

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Os amores mais livres ajudam a aumentar a ambiência de festa na sempre ensolarada ilha, com seus 1.000 tons do mar caribenho.  A festa agora é de música e futebol. O futebol está praticamente ultrapassando o beisebol como o esporte mais popular do país. Entre os jovens, isso já é um fato. Joga-se futebol nas escolas, nas ruas, em campinhos improvisados, em todo lugar. Sejam meninos ou meninas.
 

Uma mulher vende Mickeys e Minnies de pelúcia junto com guloseimas  locais em Havana Vieja (Foto: Ana Carolina Fernades)
O lema Bad Girl ( garota má,na tradução do inglês) estampa a bolsa da estudante (Foto: Ana Carolina Fernades)
Mi Cayito,praia na costa  leste de Havana,onde a comunidade LGBT se encontra (Foto: Ana Carolina Fernades)
Um ponto público de Wi-Fi no bairro popular  de Vedado,em Havana (Foto: Ana Carolina Fernades)
Piscina do Hotel Nacional.Antes da revolução,Frank Sinatra e Nat King Cole se apresentaram no hotel,ícone do glamour da velha Havana.Fidel Castro fechou oa hotel que só er usado para convidados,especialmente russos.foi reaberto a turistas em geral (Foto: Ana Carolina Fernades)
O cine Yara.Trata se de um dos mais famosos exemplares da arquitetura modernista de Havana,uma cidade apaixonada por filmes (Foto: Ana Carolina Fernades)







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