Aos 17 anos, ganhei o livro Cuba y Cuba do magistral fotógrafo suíço René Burri. Desde então, as imagens da ilha habitam minha memória e meu inconsciente. Agora, os olhos de todo o mundo – e os meus também – se voltam de novo para Cuba. A ilha passa por uma transformação – resultado da aproximação diplomática com os Estados Unidos e do relaxamento de 54 anos de embargo econômico. Mesmo ainda sob a tutela de um governo ditatorial, o povo cubano se sente mais livre. A começar pelo direito de ir e vir. Os cubanos agora podem viajar para onde quiserem sem o temido e quase sempre negado “permiso de salida”.
A liberação da internet foi um grande marco dessa nova era. A abertura de pontos públicos de Wi-Fi está ajudando a conectar Cuba ao mundo. Pela primeira vez depois de muitos anos, muitas famílias em que alguns membros fugiram da ilha passaram a se falar e, principalmente, a se ver (pela tela de computadores ou de celulares). O Mickey Mouse de pelúcia, vendido nas ruas de Havana Vieja, o centro histórico da capital cubana, é outro pequeno sinal dos novos tempos.
>> Escravidão pra inglês ver
A mudança aparece também no comportamento dos cubanos. Homens e mulheres também se sentem mais livres para amar quem quiserem. Uma notória perseguição aos homossexuais está dando lugar a um convívio mais tolerante. É possível ver casais de namorados do mesmo sexo andando de mãos dadas tranquilamente pelas ruas de Havana. O que se fala é que é uma questão de tempo para o casamento gay ser legalizado, como legal é a praia gay Mi Cayito, perto de Havana.
>> A Doutrina Obama vai mudar Cuba?
Os amores mais livres ajudam a aumentar a ambiência de festa na sempre ensolarada ilha, com seus 1.000 tons do mar caribenho. A festa agora é de música e futebol. O futebol está praticamente ultrapassando o beisebol como o esporte mais popular do país. Entre os jovens, isso já é um fato. Joga-se futebol nas escolas, nas ruas, em campinhos improvisados, em todo lugar. Sejam meninos ou meninas.