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O melhor e o pior do cineasta Tim Burton, tema de exposição em São Paulo

O melhor e o pior do cineasta Tim Burton, tema de exposição em São Paulo

Relembre alguns dos muitos personagens mais inesquecíveis do cineasta. E também algum que podemos esquecer sem prejuízo

ARIANE FREITAS E RUAN DE SOUSA GABRIEL
04/02/2016 - 18h59 - Atualizado 04/02/2016 20h25
Jack Skellington, um dos personagens de animação mais fortes de Tim Burton. Ele mistura bem horror e humor, marca registrada do cineasta (Foto: Divulgação)

O cineasta americano Tim Burton tem estilo inconfundível -- ele conta histórias que costumam tratar de horror, morte, perda e melancolia, mas ao mesmo tempo repletas de humor e carinho. A fim de celebrar o gênio criativo de Burton, nesta quinta-feira, dia 4, foi inaugurada a tão esperada exposição O mundo de Tim Burton no Museu da Imagem e Som (MIS), em São Paulo. A mostra exibe 500 peças do acervo particular de um dos mais peculiares diretores de cinema da atualidade. Elas revelam muito de seu processo criativo e suas fontes de inspiração, além de revisitar seus filmes. Grande parte do charme da obra de Burton repousa nos personagens -- carismáticos e, ao mesmo tempo, estranhos, deslocados, feios ou repulsivos. O cineasta criou, ao longo de mais de 30 anos de carreira, tipos inesquecíveis. Como todo gênio, também errou um tanto. Confira:

Seis personagens de Tim Burton que entraram para a história do cinema...

Betelgeuse, de Os fantasmas se divertem (1985)

Betelgeuse é um fantasma prestador de serviços: costuma ser contratado por outros fantasmas para afugentar humanos que moram em “suas casas” (num momento do filme em que ele tem de passar o próprio nome por meio de mímica, recorre à aproximação sonora com "Beetlejuice", ou suco de besouro, em inglês -- que é o título original do filme. Daí o nome com que o personagem é mais lembrado). O fantasma não tem nada do figurino clássico nem do comportamento padrão das almas penadas -- trata-se de um fantasma libidinoso, malandro e com jeitão seboso, com cabelo bagunçado e terno listrado, interpretado de forma magistral por Michael Keaton. O personagem fez tanto sucesso que anos depois, foi transformado em desenho animado para a televisão. É um dos personagens clássicos de Tim Burton.

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Edward, de Edward mãos de tesoura (1990)

Edward é um símbolo dos personagens mais desajustados e esquisitos de Tim Burton e, provavelmente, o mais famoso (e ajudou a tornar Johnny Depp um astro especialista em encarnar personagens estranhos). A criatura foi fabricada com massa de biscoito por um inventor que morre antes de lhe dar mãos de verdade. Por isso, Edward tem lâminas no lugar de dedos. Após a morte de seu criador, Edward é adotado por uma família comum, mas nunca se encaixa completamente. É assustador, não sabe muito bem como interagir com pessoas e seus dedos oferecem perigo aos que estão ao redor. Ele vive num bairro onde tudo é igual e colorido -- a não ser por ele, coberto de metal e cores escuras.

Jack Skellington, de O estranho mundo de Jack (1993)

Apesar de não ter sido dirigido por Tim Burton, O estranho mundo de Jack é baseado em um poema escrito por ele em 1982. Burton também produziu o filme e foi um dos escritores da trama. O filme, uma animação em stop motion, conta a história do esqueleto Jack, um tipo de representação da festa de Halloween (como Papail Noel é para o o Natal). Na animação, Jack -- uma figura com pernas finas e longas, terninho risca de giz, gola de morcego, cabeça de abóbora, jeitão de aranha e voz do ator Chris Sarandon -- se cansa de comemorar apenas o Halloween e decide que deveria fazer parte de outros feriados. Jack é um poço de defeitos. Adorável.

Edward Bloom, de Peixe grande e suas histórias maravilhosas (2003)

Peixe grande foge bastante do usual estilo sombrio de Burton, mas não deixa de lado as figuras esquisitas que marcam o cinema do autor. O personagem Ed Bloom é um sonhador, do início ao fim da vida, e um talentoso contador de “histórias de pescador”, sempre exageradas e exuberantes, povoadas de personagens inacreditáveis. Albert Finney e Ewan McGregor o interpretam em fases diferentes da vida. Bloom adora contar histórias para o filho -- que, conforme cresce, fica aborrecido pelo que considera serem mentiras deslavadas e infantis do pai.

Noiva cadáver, de A noiva cadáver (2005)

Na animação, a atriz britânica Helena Bohnam Carter (casada com Burton entre 2001 e 2014) dá voz a uma noiva que volta do além para rever seu amado. A história tem um quê de filme de terror, mas trata com originalidade do carinho possível entre vivos e mortos. A noiva consegue ser sexy mesmo com ossos já à mostra. Inspirou maquiagens e roupinhas para o Carnaval.

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Sweeney Todd, de O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007)

No musical Sweeney Todd: o barbeiro demoníaco da rua fleet, Johnny Depp, ator-fetiche e grande parceiro de Burton, dá vida ao barbeiro que mata os clienetes e faz com eles deliciosas tortas para vender no bairro. Como a maioria dos filmes de Burton, Sweeney Todd sombrio e cômico ao mesmo tempo. No filme, Depp canta e se divide entre raiva, amor, angústia e sede de vingança -- um verdadeiro protagonista de ópera.

...e também três personagens para esquecer

Tim Burton ousa muito -- ainda bem. Mas quem ousa, erra. Confira alguns dos personagens menos felizes do cineasta

O Chapeleiro Maluco, no filme Alice no país das maravilhas, de Tim Burton. Johnny Depp é o ator-fetiche e parceiro de criação de Burton (Foto: Divulgação)

Leo Davidson, de Planeta dos macacos (2001)

O personagem de Mark Wahlberg, o astronauta Leo Davidson, encontra-se num mundo cientificamente intrigante e horrivelmente ameaçador. É ameaçado por um chimpanzé sanguinário e admirado por uma mulher exuberante. Apesar disso, suas reações variam entre o impassível e o aborrecido. O personagem ranzinza não tem o carisma do irascível George Taylor, interpretado por Charlton Heston no filme original, de 1968.

Willy Wonka, de A fantástica fábrica de chocolate (2005)

O empresário fabricante de chocolates Willy Wonka não é bom nem mau. Ele é uma mistura intensa de carência, loucura, humor, obsessão com chocolates e um passado conflituoso com o pai. No entando, o Willy Wonka da refilmagem de Tim Burton, interpretado por Johnny Depp, não atinge o nível de graça e simpatia do original, de 1971, interpretado por Gene Wilder.

Chapeleiro maluco, de Alice no país das maravilhas (2010)

A versão de Alice no país das maravilhas de Burton é bem diferente da história de Lewis Caroll. No filme,  Alice já não é mais aquela pequenina de sete anos e meio e sim, uma jovem de 19 anos -- uma interessante ousadia burtoniana. No entanto, o equívoco do filme é o Chapeleiro Maluco, transformado em guerreiro e protetor de Alice, sem deixar a maluquice de lado. O talentoso Johnny Depp não consegue tornar o Chapeleiro engraçado nem convincente.








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