Vida

A turma que sonha e faz

A turma que sonha e faz

ÉPOCA faz 18 anos. Fomos conferir o que o futuro nos reserva, no que depender dos brasileiros que nasceram e cresceram com a revista

MARCOS CORONATO E JOÃO GABRIEL DE LIMA
03/06/2016 - 20h10 - Atualizado 25/08/2016 18h47
Revista ÉPOCA - capa da edição 938 - A turma que sonha e faz (Foto: Julia Rodrigues/ÉPOCA)

>> Parte da edição especial de ÉPOCA desta semana

Ideias novas são bem-vindas em qualquer país. No Brasil de hoje, elas são especialmente urgentes – e necessárias. Vive-se uma carência de inspiração em vários setores, e essa carência é mais notória na área da política, em que a renovação tem sido mais lenta que a desejada. A boa notícia que ÉPOCA publica em sua edição de aniversário é que existem, no país, jovens com potencial para inspirar, transformar e liderar em diversas áreas. Com boas ideias para a saúde, a educação, o trabalho, a cultura – e alguns deles com disposição até para entrar na política, área que, devido a tantos escândalos de corrupção, tem sido evitada pelos nossos melhores cérebros. A geração mais jovem tem gente brilhante e espaço para agir.

>> Geração sem filtro: por que os jovens brasileiros têm muito mais poder que seus pais

Poucas palavras sofrem tanto abuso como “geração”. Geração X, Geração Y, Geração Z, Geração do Milênio são meros rótulos que ajudam palestrantes, consultores e departamentos comerciais a vender. É impossível definir um padrão de comportamento comum a milhões de pessoas simplesmente porque elas compartilham, em suas carteiras de identidade, datas de nascimento próximas. Quando se reduzem o número de pessoas a observar e a pretensão da análise, fica mais fácil. Quando se fala em Geração Perdida, por exemplo, fala-­se num grupo de escritores americanos que viveram em Paris e em outras partes da Europa nos loucos anos 1920. Nem todos os que viveram naquela era vanguardista e vibrante tiveram tanta aventura e liberdade como Hemingway, Fitzgerld e Gertrude Stein, claro. Mas pode-se dizer que o grupo conhecido como Geração Perdida representava o espírito de seu tempo.

Sempre houve gente brilhante. Mas o jovem hoje tem os meios para agir (Foto: Julia Rodrigues/ÉPOCA)

O mesmo ocorre com o grupo de brasileiros com menos de 30 anos reunido, nesta semana, em ÉPOCA. Eles não representam a realidade da maioria dos jovens do país. São jovens, no entanto, que se destacam em vários tipos de atividades e, por isso, representam o espírito de nosso tempo. São idealistas, sonhadores – o que é bom, mas não uma novidade. Gerações anteriores também se apresentaram como idealistas e sonhadoras. A diferença é que essa geração não se limita a sonhar. Ela transforma as causas que abraça em projetos. Em objetivos de vida. Em profissões. Ou, numa frase, transforma os próprios sonhos – as causas – em realidade.

Os pais e avós desses jovens que também foram insatisfeitos na juventude contestavam algo que, antigamente, chamavam de “sistema”. A contestação podia vir de várias formas – poesia marginal, guitarras punk, cinema alternativo, vestimenta e maquiagem diferente do padrão. Eram os meios ao alcance de quem não tinha poder político nem econômico. O jovem atual que tem visão crítica do mundo consegue ir além. Quem nasceu nos anos 1990, como ÉPOCA, ou depois disso, cresceu plugado a algo que, ausente nas gerações de seus pais ou avós, traz ajuda inestimável na hora de transformar sonhos em realidade: a tecnologia digital. Quem se conectou muito jovem à rede cresceu testando iniciativas, ideias e opiniões, sem limitações geográficas.

Tecnologia, tolerância e a cultura da mão na massa abrem o caminho (Foto: Julia Rodrigues/ÉPOCA)

Não é apenas a tecnologia – redes, software livre, hardware barato – que dá novas possibilidades ao jovem atual. Ele não precisa mais de poder político ou econômico para agir. A seu favor, e a incentivar seus experimentos, ele conta com pais e chefes mais abertos às diferenças, uma economia mais estável (mesmo que em crise), novas fontes de capital e a difusão de uma cultura empreendedora, que gosta do experimentalismo e vê valor instrutivo nos erros. Ao lançar empreendimentos pessoais, os jovens inventam profissões. Alguns, ao longo do processo, ganham dinheiro. Outros descobrem que nem precisam dele – veem valor nas experiências e nas redes de contatos que formam. Enquanto buscam satisfação individual, mudam a coletividade e o mundo.

É uma geração sem filtros, que cresce com as ferramentas e o ambiente propício para se expor, testar, errar e acertar sem medo. Que vai muito além do “ativismo de sofá”. As redes e as ruas, mundo afora, tornam-se extensão natural uma da outra. Os que saíram às ruas para reivindicar milhões de coisas em junho de 2013 – entre elas a melhoria dos serviços públicos – se articularam pelas redes. O mesmo vale para os que saíram às ruas para protestar contra o governo ou para defendê-lo. E os que, na semana passada, saíram para protestar contra o estupro e a cultura do estupro. De acordo com a cientista social Beatriz Pedreira, que participou na quarta-feira, dia 1º, de mais uma edição dos Debates e Provocações promovidos por ÉPOCA e pela universidade Faap, trata-se de uma característica dessa geração. Ela se une, nas ruas e nas redes, em torno de causas, não de partidos. Isso é bom ou ruim? É um fato da vida. Cabe aos partidos – essenciais para qualquer transformação dentro de uma democracia – adaptar-­se a essa realidade ou ser atropelados por ela. E cabe aos jovens, igualmente, criar novos partidos. Ou entrar nos que já existem para modificá-los por dentro.

As redes e as ruas são extensão umas das outras e servem à renovação (Foto: Julia Rodrigues/ÉPOCA)

Na edição desta semana, você conhecerá jovens de vários tipos, alguns até interessados na política no sentido estrito, como Carina e Joel. E conhecerá também Liniker, Magá, Luisa e Leonardo, que mostram a que vêm por meio da arte e da estética. Os empreendedores André (no ativismo social), Lorrana (no mundo da troca de experiências), Bel e Hugo (na ajuda a quem quer empreender), Eduardo (nos empregos), Mario (na saúde), Matheus (na habitação),  Thiago (na educação) e Luciano (no meio ambiente). Nana e Camila, que fazem política no sentido mais nobre da palavra, e fora dos partidos. Jout Jout, uma cronista de seu tempo. ÉPOCA apresenta, nesta edição, suas histórias e suas ideias. Seus sonhos, mas, sobretudo, o que fazem, usando as novas possibilidades que o mundo oferece, para transformá-los em realidade. O Brasil precisa de cidadãos que façam, inspirem e liderem. Nem todos precisam estar no governo ou nas empresas. No mundo interconectado, mais parecido com uma rede do que com uma pirâmide, as ideias circulam – e os pontos mais altos e brilhantes podem ser vistos em qualquer lugar.



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