Na Renner, modelagem 3D substitui a física nas roupas, e etiquetas inteligentes compõem a gestão de estoques

Fabio Adegas Faccio
Cargo: Presidente
Formação: Administração
Idade: 51
Desde quando está na presidência da Empresa: 2019

Robôs separam pedidos no centro de distribuição da Renner. Fabricante de moda, ela usa tecnologia 3D na criação de coleções. Reduz assim tempo e desperdício de matérias-primas na confecção, sem necessidade de inúmeras amostras físicas. Etiquetas inteligentes transmitem informações por radiofrequência e melhoram a gestão dos estoques. Pagamentos por smartphone e autoatendimento dentro das lojas. Com investimento pesado em soluções tecnológicas para melhorar a jornada do consumidor omni – de mais de um canal de vendas –, reduzir custos e favorecer processos sustentáveis, a Renner colheu resultados relevantes.

Em 2022, investimentos em tecnologia e aprimoramento de dados, novas lojas e na finalização do centro de distribuição de Cabreúva (SP) somaram R$ 995,1 milhões. Pouco menos em relação a R$ 1,1 bilhão de 2021 porque o centro de Cabreúva entrou em fase de conclusão. De qualquer forma, um total de R$ 1,1 bilhão está previsto para 2023.

Aos resultados: a base de clientes ativos chegou a 18,7 milhões – eram 17,7 milhões em 2021. O índice de clientes muito satisfeitos é o maior em anos (veja o gráfico). Na estratégia multicanal, o online avançou mais e passou a representar 13,5% da receita líquida do varejo, de R$ 11,6 bilhões, com aumento de 250% do sortimento disponível, graças também ao lançamento do marketplace Alameda Renner. Em 2021, o online representava 13,1% de uma receita 17,5% menor (R$ 9,5 bilhões). Metade das entregas para São Paulo e Rio chegam em até um dia, e 48% em até dois dias nos outros estados. No balanço, a receita líquida total (R$ 13,3 bilhões) cresceu 25,5%, o lucro líquido recorde (R$ 1,3 bilhão), 104%, e o Ebitda (R$ 2,4 bilhões), 41,5%.

Inovação é um dos pilares do desempenho. Para investir em startups e novas soluções, a Renner lançou o fundo de corporate venture capital RX Ventures, com recursos de R$ 155 milhões. Os primeiros investimentos foram nas startups Logstore, de logística, e Klavi, de serviços financeiros, além da aquisição da Uello, de otimização de entregas corporativas.

“Entendemos a inovação como uma abordagem transversal, presente em todas as áreas e unidades de negócios”, afirma Fabio Adegas Faccio, presidente de Lojas Renner, dona também das varejistas Camicado, Youcom, Ashua e Repassa e da financeira Realize. “Como moda exige constante renovação, investimos continuamente em tecnologia e desenvolvimento de produtos.”

Das 672 lojas em 2022, foram abertas 40 e fechadas 4. Em 2023, a expectativa é abrir de 35 a 40, 75% delas em cidades nas quais a Renner ainda não está presente. Todas as novas unidades, e as reformadas, seguem o modelo de loja circular, com baixo impacto ambiental, reutilização de recursos e 100% de energia renovável. É parte do novo ciclo de compromissos de sustentabilidade definidos até 2030. Em relações humanas e diversas a Renner se compromete a ter, até 2030, ao menos 50% dos cargos de liderança ocupados por negros (32% hoje). E, no mesmo período, 55% da alta liderança ocupada por mulheres (49% hoje).

Primeira corporação brasileira com ações negociadas na B3 sem um acionista controlador, a Renner tem 88% dos conselheiros independentes. “A maneira como encantamos clientes e acionistas precisa ser sustentável em todos os aspectos – financeiro, social e ambiental – e pautada em transparência nas questões de governança, devido à própria configuração da empresa”, diz Faccio.