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"Quando eu falo que vou fazer 50 anos, ninguém acredita. Me perguntam o que eu faço para estar tão bem, dizem que eu sou como vinho. Isso é muito bom de ouvir!”, conta Cláudia Mendes dos Santos, a MC Cacau, que neste 2024 completa três décadas de carreira no funk. Pioneira entre as MCs, a baiana radicada no Rio desde a infância é um dos destaques do livro “Funk delas — A história contada pelas mulheres”, de Michele Miranda. Artista e jornalista participam neste sábado (16), às 13h, no Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, de um bate-papo mediado por Taísa Machado, fundadora do Afrofunk Rio, seguido de um minibaile funk com os sucessos de MC Cacau. Nos intervalos, clássicos do funk ao som da DJ Mary Dee. A entrada é gratuita.

— Este livro é da maior importância para nós, mulheres do funk de ontem e hoje. É muito satisfatório para mim ver Anitta famosa internacionalmente. Sou funkeira raiz e exalto, aplaudo todas. Queria eu, naquela época, ter tido alguém para me aplaudir. Éramos só eu e Verônica Costa nesse meio tão cheio de homens. Eu abrindo caminhos como MC, e ela como apresentadora — relembra Cacau, dizendo que foi recebida pelos funkeiros de braços abertos: — Eu não percebia preconceito. Eles sempre foram muito gentis comigo, deixavam eu me apresentar primeiro, inclusive.

MC Marcinho e MC Cacau em início de carreira — Foto: Reprodução de Instagram
MC Marcinho e MC Cacau em início de carreira — Foto: Reprodução de Instagram

A então jovem de 18 anos retribuiu a gentileza com MC Marcinho, que viria a se tornar o Príncipe do Funk e com quem se relacionou por muitos anos, profissional e pessoalmente.

— Eu já era muito requisitada pelos contratantes, por ser uma novidade, e nosso empresário da época decidiu vender meu show com Marcinho abrindo. Depois, inventou que nós dois seríamos uma dupla de funk melody. Deu muito certo! — recorda-se ela, que não demorou a namorar o funkeiro: — Ele se apaixonou por mim primeiro, e eu embarquei. Marcinho foi o meu primeiro grande amor. Vivíamos brigando e reatando, até 2015, mas ele nunca me deixou desamparada.

MC Cacau cercada pelos três filhos: Lavínia, Márcio André e Letícia — Foto: Reprodução de Instagram
MC Cacau cercada pelos três filhos: Lavínia, Márcio André e Letícia — Foto: Reprodução de Instagram

Com Marcinho (que morreu em 26 de agosto do ano passado, após infarto e falência múltipla dos órgãos), Cacau teve Márcio André, hoje com 18 anos, já no fim do relacionamento. No próximo dia 10 de abril, mãe e filho sobem ao palco da Fundição Progresso, na Lapa, para o show “MC Cacau canta MC Marcinho — 30 anos”, com convidados como Buchecha, Rebecca, Menor do Chapa, Maneirinho e Duduzinho e a gravação de um projeto audiovisual.

— É uma celebração à minha carreira, à dele, à nossa — afirma Cacau, dona de hits como “Porque te amo”, “Flores” e “Anjo”, que somam cerca de dez milhões de plays nas plataformas de áudio: — Com o funk, não enriqueci, mas sobrevivi bem. Os fãs não me deixaram parar. No início, eu só queria comprar uma bicicleta. Nunca tive carrão nem mansão, mas consegui dar boa educação aos meus três filhos (além de Márcio André, ela é mãe de Letícia, de 34 anos, e Lavínia, de 24; e avó de João Pedro, de 15 anos, Davi Reinaldo, de 11, e Bruno Luca, de 6).

‘A intenção é dar voz para que as funkeiras contem suas histórias’

A jornalista Michele Miranda, autora do livro "Funk delas — A história contada pelas mulheres" — Foto: Amanda Nakao/Divulgação
A jornalista Michele Miranda, autora do livro "Funk delas — A história contada pelas mulheres" — Foto: Amanda Nakao/Divulgação

Nascida em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, a então menina Michele Miranda percebia, empolgada, as janelas de sua casa tremerem ao som do batidão do funk, que ecoava dos bailes no Morro da Paulada, em Santa Rosa, vizinho à sua casa.

— Quando criança, ficava no meu quarto dançando Xuxa, Angélica, Trem da Alegria, além desses funks. Na adolescência, minha mãe não me deixava ir aos bailes, mas aquela sonoridade continuava me chamando atenção. Eu ficava intrigada porque só ouvia homens cantando, nenhuma mulher — relata Michele, que depois dos 18 passou a frequentar os bailes do Tabajaras, em Copacabana, na Zona Sul carioca.

Capa do livro "Funk delas — A história contada pelas mulheres" — Foto: Reprodução
Capa do livro "Funk delas — A história contada pelas mulheres" — Foto: Reprodução

Já formada em jornalismo e trabalhando numa plataforma de streaming musical, sua ficha caiu de vez:

— Fiz uma reunião com uma das maiores produtoras de funk do Brasil, e na sala só tinha eu de mulher. Aí eu passei a entender o incômodo que sempre senti na indústria musical, mais especificamente no funk.

O mesmo mal-estar Michele percebeu ao entrevistar as mulheres que vêm escrevendo seu nome na história do funk há 30 anos, para uma tese de mestrado que acabou sendo adaptada para livro, o “Funk delas”.

— Tati Quebra Barraco me falou: “Quantos homens usam a nossa imagem para cantar o que é a verdade deles! Nada melhor do que nós contarmos nossa própria história, reivindicando como e onde mostrar o nosso corpo”. A intenção desse livro é justamente dar voz a elas, eu sou só o instrumento — afirma a autora, que dedicou um capítulo da obra a Xuxa, a “Rainha do Funk” cantada por MC Marcinho no sucesso “Glamurosa”: — A loira se assumiu funkeira desde o filme “Lua de cristal”, divulgou o gênero nacionalmente e nunca voltou atrás nessa paixão.

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