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Se você abrir o ranking das canções mais ouvidas do país ou reparar em vídeos nas redes sociais, inclusive aqueles postados por famosas como Rafa Kalimann e Giullia Buscacio, vai se deparar com músicas cujos nomes começam com a seguinte sigla: “MTG”. Isso nada mais é do que a abreviação da palavra “montagem”. As faixas costumam ser sucessos já conhecidos e até considerados clássicos, mas com uma batida bem diferente e única, numa pegada funk que é original de Belo Horizonte, Minas Gerais.

— É uma junção de remix com mashup (mistura de músicas diversas), em que se acrescentam vocais diferentes e com a batida de funk — resume DJ Topo, que se dedica a essa nova forma de produzir faixas.

DJ Mulú, que também já fez MTGs famosas, acrescenta:

— Apesar de o estilo mineiro ser diferente, aqui no Rio as montagens também já existem há bastante tempo.

Mas o “estilo minimalista e melódico” de BH é considerado uma novidade, como define Mulú. O sucesso dessas músicas é tão grande que elas já acumulam milhares de reproduções. Uma delas, que hoje é a música mais ouvida do Brasil no Spotify, é a “MTG Quem não quer sou eu”, produzida por Topo a partir do hit de Seu Jorge.

— Eu queria fazer um funk de BH e decidi usar uma música da MPB como base. Quando chegou no top 1 do Spotify, não acreditei! — vibra o DJ paulista.

Seu Jorge aprovou a nova versão e curtiu ver a canção de 2011 voltar a bombar, principalmente com a geração mais jovem. Para Topo, o fenômeno da MTG e o reconhecimento impactaram na carreira:

— Estou quase preenchendo toda a agenda de shows até o fim do ano. Muitas propostas de gravadoras e artistas pra fazer MTGs também surgiram.

Créditos no streaming

Toda essa repercussão levanta uma discussão em torno dos direitos autorais e a monetização dessas montagens. Os artistas só passam a lucrar com a faixa quando ela entra no streaming. DJ Topo, por exemplo, conseguiu formalmente a autorização de Seu Jorge antes de lançar a música.

— A legalização é importante para que todo mundo seja beneficiado. Os autores originais são preservados e, dependendo do acordo, recebem parte do que essas versões geram também — diz Brenda Espasandin, da MusicPro, distribuidora que participou da negociação da “MTG Quem não quer sou eu”, entre outras versões.

Caso o artista coloque a montagem no streaming sem autorização prévia do autor original, ele pode ser notificado, e a faixa é tirada da plataforma. O Ecad, entidade responsável por direitos autorais no Brasil, emitiu nota sobre o tema: “Além de apropriação indevida, há a impossibilidade de identificar e remunerar os verdadeiros autores”.

Gustavo Deppe, advogado na área de Direito Autoral Musical, reforça que a questão é complexa e ainda pouco difundida:

— Não vale a pena tentar burlar sistemas das distribuidoras e streamings. Se o titular da obra utilizada sem autorização tiver um advogado ou equipe jurídica, poderá exigir não só o que a música gerou de royalties, mas reparações por perdas e danos.

E nas redes sociais?

Plataformas como TikTok e o Instagram são onde as MTGs mais fazem sucesso. De acordo com Gustavo, as exceções para a utilização sem autorização de fonogramas não foram pensadas para as redes. Por que é possível postar esse tipo de conteúdo nelas? O advogado diz:

— Os vídeos que contêm essas obras não são monetizados por quem realiza o upload. Cada plataforma tem seus mecanismos para que seus titulares recebam os ganhos gerados por esses conteúdos ou, no mínimo, saibam que isso está acontecendo. Dessa forma, decidem se o remix, por exemplo, fica no ar ou não. Dizer se essa utilização, no contexto das redes sociais e sem monetização, é certa ou errada seria muito simplório frente ao nosso contexto cultural e social.

‘Libera aí, Billie Eilish’

É o que muita gente tem pedido na internet para a cantora norte-americana depois do sucesso da “MTG Chihiro”, do DJ Mulú. O áudio dessa versão da música do novo álbum da artista gringa já foi usado cerca de 500 mil vezes nas redes, mas não está em plataformas de streaming. O brasileiro tentou autorização para isso, mas enquanto não consegue, nada feito.

— Eles não estão pensando em remixes ainda para esse disco da Billie Eilish (“Hit me hard and soft”). Eu meio que já esperava, mas foi o que estava ao meu alcance depois de milhares de pessoas me pedirem para subir o remix nas plataformas. Meu objetivo com essa montagem nunca foi monetizar e jamais tentaria isso sem autorização. Teve uma versão pirata no Spotify, mas a gravadora derrubou — diz Mulú, natural de Iguaba, no Rio.

'MTG Chiriro' é sucesso nas redes sociais — Foto: Maria Isabel Oliveira | Glaucia Mayer
'MTG Chiriro' é sucesso nas redes sociais — Foto: Maria Isabel Oliveira | Glaucia Mayer

De acordo com o DJ, que já trabalhou com Pabllo Vittar, Duda Beat e mais artistas nacionais, Finneas O'Connell, irmão de Billie e produtor do novo álbum dela, ouviu a MTG e curtiu:

— Ele disse que achou a versão divertida, por isso que ela continua disponível no YouTube. Vi que eles reivindicaram direitos autorais, mas não derrubaram a minha versão lá. Tem um site que monitora as curtidas da Billie, e parece que ela curtiu um vídeo que tem meu remix. Talvez ela tenha ouvido também.

Por que elas fazem tanto sucesso?

Para Topo, o que torna as montagens um viral, assim como acontece com outros tipos de remixes e mashups, é o fator surpresa com a nostalgia.

— A arte de fazer algo diferente com alguma música já conhecida, sempre vai chamar atenção. O que muda é a “pegada”. Quando comecei (em 2019), por exemplo, muitas montagens estouravam no rave funk. Agora, MTGs com funk de Belo Horizonte e assim por diante…

No mercado da música há 10 anos, Mulú completa:

— Acho que as pessoas têm curtido também um funk mais musical, com melodias e sem muito palavrão. Tem algo nostálgico que conecta gerações. Você pode ouvir com a família de boa, mas também pode dançar nos bailes.

Bombando no streaming e nas redes

1. MTG Quem não quer sou eu

2. MTG Chihiro

3. MTG Forró e desmantelo

4. MTG Quero te encontrar

5. Não fosse tão tarde (MTG Remix)

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